Estado capturado

Um ano e meio depois, o que naquele momento ainda parecia "teoria da conspiração" para muitos, hoje, com tudo que ocorreu desde então, é um fato, em boa parte consumado. O Estado Nacional foi capturado por interesses externos, em especial a Polícia Federal, o Ministério Público e o Sistema Judiciário, tendo a Operação Lava Jato como "cavalo de Tróia"

Pal�cio do Congresso Nacional
Pal�cio do Congresso Nacional (Foto: Fernando Rosa)


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"O golpe de Estado parece inevitável, mesmo diante das manifestações internas de protesto e da opinião pública mundial contrária", questionávamos em artigo publicado em 10 de agosto de 2016. Dizíamos que "além da ausência de uma reação unitária e organizada, a exemplo da Turquia (que sofreu uma tentativa de golpe naquele momento), os golpistas parecem ter uma força 'estranha' capaz de blindá-los contra tudo e todos, além da mídia". E concluíamos que "a força, o 'leitmotiv' dos golpistas – chefes, operadores e interessados, é a força do terror, da destruição, da liquidação do Estado Nacional".

Bem, um ano e meio depois, o que naquele momento ainda parecia "teoria da conspiração" para muitos, hoje, com tudo que ocorreu desde então, é um fato, em boa parte consumado. O Estado Nacional foi capturado por interesses externos, em especial a Polícia Federal, o Ministério Público e o Sistema Judiciário, tendo a Operação Lava Jato como "cavalo de Tróia". Também o Congresso Nacional que, em sua maioria, a peso de ouro, aprovou o impeachment que depôs a presidenta Dilma Rousseff e, posteriormente, aprovou as medidas de favorecimento aos interesses externos.

Os objetivos econômicos estratégicos foram atingidos com o assalto à Petrobras e ao pré-sal, com o congelamento do Orçamento Geral da União para investimentos e com a reforma trabalhista. No terreno da Defesa Nacional, paralisaram o submarino nuclear, ameaçam comprometer a indústria aeroespacial com a negociata da Embraer e prometeram entregar a Base de Alcântara. No campo social, esvaziaram todos os programas de transferência de renda e de combate à pobreza, devolvendo milhões de brasileiros à miséria, à mendicância e às ruas.

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Ainda, no campo da guerra assimétrica em curso, também se deve contabilizar o ataque ao orgulho "de ser brasileiro", desmobilizador do sentimento coletivo de nacionalidade. De caso pensado e planejado, desde 2013 promovem a desmoralização dos símbolos nacionais, transferindo-os para mãos externas, antinacionais e reacionárias. Um Brasil presente no centro das articulações mundiais, com um presidente - Lula - elogiado por todos, passou a ser um pária internacional, uma republiqueta de bananas.

No momento, o imperialismo e seus braços internos apostam em tentar capturar a última e principal instituição do Estado Nacional, as Forças Armadas, por meio da política de "intervenção militar". O general Etchegoyen que ganhou a batalha interna (contra Temer) pelo comando da Polícia Federal, agora busca emplacar um nome de sua confiança, leia-se alinhado aos EUA, para substituir o general Villas Bôas. Na verdade, querem transformar as FFAA em "capitães do mato" da nova "doutrina de segurança nacional", por meio do combate ao tráfico - em lugar dos "comunistas" de antes e do "terror" no Oriente Médio.

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"Soberania não está no radar das pessoas que estão dirigindo o país de maneira prioritária", disse o ex-chanceler Celso Amorim em entrevista ao portal Brasil de Fato. Diríamos mais, se os golpistas não levam em conta, é importante considerar que os setores nacionais, com raras exceções - como ele, também não compreendem o processo em curso no Brasil, na América Latina e no mundo. Vivemos uma guerra, e trata-se de uma guerra imperialista, em que a primeira lição é identificar o inimigo a se combater, sem o que é difícil arregimentar forças para o campo de batalha.

Em meio a discussão sobre eleições, novamente o imperialismo move suas peças enquanto o campo nacional se confunde em debates internos e xingamentos públicos - com a rara exceção de Lula. O que está em disputa não é mais o poder de um presidente via eleições, como foi Dilma, mas o poder real, o PODER NACIONAL, entendido como forças representativas de um projeto de País. As eleições, no caso delas acontecerem, podem aprofundar o embate entre o Brasil e as forças do sistema financeiro internacional.

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É ilusão acreditar, no entanto, que qualquer nome saído das urnas, em eleições adulteradas pelo casuísmo judicial, terá condições objetivas de governar com o atual aparato de Estado capturado em todas as suas instâncias de poder. As principais instituições nacionais estão podres, corrompidas, capturadas por interesses de toda ordem, sejam corporativos ou, em especial, externos. Uma colônia é uma colônia e, como toda colônia é dominada, controlada, "governada" para atender aos interesses de seus senhores, no caso, o imperialismo financeiro, cada vez mais agressivo.

O imperialismo financeiro não tem nada a oferecer, nem mesmo para os Estados Unidos, onde Trump adota medidas para proteger sua indústria, inclusive, ou em especial, a bélica. No texto "O fim do mundo unipolar", publicado em Senhor X, por outro lado, destacamos que tal política de destruição dos Estados Nacionais "levará a luta de classes na região a um novo patamar muito mais agudo". Assim, para além das limitações de um ainda duvidoso processo eleitoral, é preciso construir uma ampla aliança política que sustente um Projeto Nacional de defesa da soberania, da indústria, do emprego e dos direitos sociais.

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