Ódio a Israel

É fato que os últimos governos de direita de Israel vêm promovendo uma política de governo que beira o fascismo e isto está sendo combatido tanto por judeus da diáspora como por israelenses. Mesmo assim, não existe a solidariedade da esquerda para com seus congêneres em Israel ou com os judeus de esquerda em seus países

Israel, Monte do Templo, Jerusalém
Israel, Monte do Templo, Jerusalém (Foto: Mauro Nadvorny)


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Li com muito interesse o artigo de Brendan O'Neill, "Por que vocês odeiam Israel?", publicado do Estado de São Paulo em 5de maio de 2018.
Basicamente o autor argumenta que em outros países e com diferentes povos, os mesmos atos de violência acontecem e ninguém diz nada, mas quando acontecem em Israel, o mundo vem abaixo.

Eu concordo com as informações trazidas por ele. Os Turcos vem cometendo atrocidades contra o povo Kurdo, não é de hoje. Na Síria o regime está assassinado seu próprio povo até mesmo com o uso de armas químicas e as pessoas parecem não ter ideia do que seja isso. No Yemen, uma guerra que divide o país entre a Arábia Saudita e o Irã com milhares de civis encurralados sem água nem comida, parece não despertar a inconformidade de quem quer que seja.

No entanto, basta um único ato de violência contra um único palestino para despertar a ira da esquerda e da direita. Israel fica sendo um Estado Genocida, racista, que utiliza a desculpa de vítima do nazismo para se tornar o algoz do povo palestino etc.

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Os conflitos mencionados pelo autor, a exceção dos Kurdos, são relativamente recentes. Os Kurdos não estão espalhados pelo mundo. Neste sentido, o conflito israelense-palestino tem 70 anos e os judeus, sim, estão espalhados pelo mundo.

Evidentemente que isso não é suficiente para explicar a incrível demanda de ódio que Israel desperta, existem outros fatores e um deles é justamente o que mencionei antes, nós estamos em todo lugar e a nossa presença alavanca o estado de espírito antissemita. Atacam Israel, mas o alvo somos nós.

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Sim, é obvio que atrocidades são cometidas contra o povo palestino, e eu mesmo, sou um dos muitos que denunciam cada uma delas. Sim, é fato que os últimos governos de direita de Israel vêm promovendo uma política de governo que beira o fascismo e isto está sendo combatido tanto por judeus da diáspora como por israelenses. Mesmo assim, não existe a solidariedade da esquerda para com seus congêneres em Israel ou com os judeus de esquerda em seus países. Seus ataques são geralmente pela deslegitimação da existência do Estado.

Contudo, ou autor é bastante assertivo na sua finalização. As críticas aos demais regimes autoritários, ou conflitos sectários em outras regiões, quando ocorrem são bastante comedidas, o que não acontece em relação a Israel.

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Eu penso que estas críticas praticamente inexistem, ou acontecem em fóruns fechados, nunca públicos. Lembro aqui o assassinato premeditado de cerca de um milhão de Tutsis por Utus em 1994 na Ruanda. Levante a mão quem saiu às ruas em protesto, quem escreveu artigos condenando este massacre, quem sequer lembra o que aconteceu.

Quem se recorda de Sadam Hussein que massacrou cerca de 100.000 Kurdos entre 1986 e 1989? Ou o que conhecem sobre o genocídio armênio que resultou em mais de um milhão de mortos.

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Esta é a realidade. Do Estado de Israel é cobrado um nível ético e uma moral muito acima do que se exige de qualquer outra nação. As atrocidades a que foram e/ou estão sendo submentidos outros povos, não merecem a mesma atenção da esquerda.

Eu sou franco em dizer que agradeço esta cobrança quando ela é dirigida ao governo israelense, porque sou um dos que cobram exatamente isso e acredito que Israel tem o dever e a obrigação de mudar de atitude e buscar uma solução pacífica para o conflito. Mas quando dirigida ao Estado, aí me desculpem, é antissemitismo disfarçado de antossionismo.

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Torço para que chegue o dia em que esta cobrança também seja dirigida aos dois regimes palestinos, o do Hamas e o da Fatah e que se exija deles com a mesma veemência dedicada a Israel que, antes de tudo sejam capazes de chegar a um acordo entre si, e que depois, se sentem a mesa de negociações com mais propostas e menos exigências.

A esquerda estaria fazendo um verdadeiro favor ao povo palestino e a busca por seu estado se for capaz de dirigir seu ódio àqueles que realmente são um entrave para a paz. Acordem!

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