Governo Pimentel: uma visão de esquerda além da gestão!

Enquadrado pelo MDB, pelas elites conservadoras mineiras e pela justiça partidária, é importante pensar em Pimentel além dos resultados de sua gestão, mas também o que o seu Governo e a sua candidatura a reeleição representam para a esquerda diante do cenário político atual e na luta política dos trabalhadores

Governador Fernando Pimentel 
Governador Fernando Pimentel  (Foto: Carlin Moura)


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Escrito também por Bernardo Gomes, estudante de Gestão Pública, FAFICH/UFMG

Analisar o mandato de Fernando Pimentel somente pelo âmbito dos resultados de sua gestão é simplificar a luta do campo progressista mineiro diante de um cenário político hostil e nada republicano pelo qual atravessa o Brasil.

A eleição de Fernando Pimentel pôs fim a hegemonia do poder político que vinha sendo concentrado no campo conservador com 03 governos seguidos do PSDB sob o comando de Aécio Neves e Anastasia. Porém o mandato de Pimentel teve que dialogar com forças conservadoras para compor o seu governo.

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Pra complicar o quadro, na arena política federal os partidos colocados a esquerda no espectro político não conseguiram maioria parlamentar nas eleições.

Entender que na democracia burguesa a decisão de participar do jogo das eleições sempre implicará para o campo progressista, além do embate de forças com a direita, muitas vezes alianças oportunas com forças políticas moderadas para reformar o Estado em busca de uma maior representação política e de conquistas de direitos para os trabalhadores.

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O processo de ruptura democrática, consolidado com o golpe parlamentar comandado por Temer/Cunha, contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, surge de uma traição na coalizão do governo pelos setores de centro, que seduzidos pela elite e pelo capital financeiro, atendendo as demandas de seus financiadores, rompem o pacto democrático com o objetivo claro de deslegitimar e criminalizar o campo progressista e suas lideranças em todo o país, pois a esquerda vinha gradualmente reformando o Estado Burguês em direção a um Estado de Bem-Estar Social consolidando a Constituição Cidadã de 1988.

Minas Gerais não se vê livre diante desse processo, tendo Fernando Pimentel como Governador. Os setores conservadores avançam com suas táticas para enquadrar, chantagear e destruir a governabilidade da gestão de Pimentel. Operações da Polícia Federal atingem o Governador e a sua família, o processo espetaculoso tendo a grande mídia de principal aliada, destrói a imagem e condena, antes mesmo do devido processo legal, com as garantias do contraditório e ampla defesa.

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Além do desgaste politico, a gestão também sofreu com a ascensão de Michel Temer ao Governo Federal. A falta de republicanismo dos golpistas afetaram a receita do Estado pelo bloqueio de verbas para convênios do Estado com a União, e a austeridade imposta pela União para o pagamento da dívida dos estados.

Mesmo assim Pimentel foi firme e não sucumbiu ao acordo entreguista proposto pelo Governo de Michel Temer para "salvar" os estados, medida que afetaria os servidores públicos estaduais e comprometeria as estatais mineiras.

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Enquadrado pelo MDB, pelas elites conservadoras mineiras e pela justiça partidária, é importante pensar em Pimentel além dos resultados de sua gestão, mas também o que o seu Governo e a sua candidatura a reeleição representam para a esquerda diante do cenário político atual e na luta política dos trabalhadores.

Minas Gerais é um estado estratégico na federação, e a sua importância política é central para o Governo Federal. As forças conservadoras querem retomar o poder político em Minas para consolidarem o golpe e continuarem implantando o projeto neoliberal, tentando anular toda e qualquer força progressista dentro do Estado.

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Em recente artigo em comemoração ao 200° aniversário de Marx, José Carlos Ruy retoma o pensamento do filósofo sobre as estruturas do Estado burguês, um paralelo poderia ser feito, guardado as devidas proporções históricas, com a atual situação do Brasil.

Marx que, já no final do Sec XIX, em A Guerra Civil na França (1871), ao analisar a conjuntura política francesa com base na compreensão do Estado como instrumento da classe dominante, chamava atenção para o fenômeno da centralização do poder na mão da burguesia - "com os seus órgãos onipresentes: exército permanente, polícia, burocracia, clero e magistratura", diz ele, "forjados segundo o plano de uma sistemática e hierárquica divisão de trabalho". Organização estatal que reflete a desigualdade entre os homens decorrente da presença avassaladora da propriedade privada. Para cuja garantia o governo pôs sob seu controle o parlamento – "isto é, sob o controle direto das classes possuidoras" —, permitindo a elas (sobretudo à sua facção financeira) o controle total dos recursos do governo.

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O "poder de Estado assumia cada vez mais o caráter do poder nacional do capital sobre o trabalho, de uma força pública organizada para a escravização social, de uma máquina de despotismo de classe" anotou Marx. O estado havia se transformado, sob Luis Bonaparte, em um "meio para a escravização do trabalho pelo capital".

Essa análise de Marx poderia muito bem ser feita sob a ótica do atual Governo de Michel Bonaparte Temer.

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Mais do que nunca, nao podemos simplificar a luta do campo progressista e nos dividirmos ainda mais, ficando sem o poder político para a representação dos trabalhadores e a transformação do Estado. A estratégia central é a manutenção do poder político e a unidade do nosso campo.

Temos que ser resistência democrática enquanto um Estado estratégico, para a retomada de um projeto nacional-desenvolvimentista, fortalecendo a soberania nacional, com um projeto de nação inclusivo respeitando as garantias e direitos fundamentais para o exercício pleno da cidadania.

Referências:

"Análise do curso político em Minas durante o governo Pimentel" - Diogo Santos

"Marx, democracia formal e emancipação humana real - José Carlos Ruy -
www.vermelho.org.br/noticia/310710-1

 

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