De última hora, Pimentel pode virar à esquerda

Se o preço cobrado pelo apoio do MDB a Pimentel parece caro à Executiva estadual do PT, mais ainda ele desagrada ao eleitorado à esquerda no estado

Governador Fernando Pimentel 
Governador Fernando Pimentel  (Foto: Hélio Rocha)


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Os últimos meses na política mineira têm ar de dejà-vu para o eleitor e cidadão mineiro, visto que o (P)MDB arma para Pimentel a mesma arapuca que dominou a cena nacional em 2015: ameaça o governador com o impeachment, sustentado em bases extremamente frágeis, se é que existentes, para exigir do chefe do Executivo e candidato à reeleição dois lugares na chapa na corrida ao Senado, além da vaga de vice-governador. No entender do MDB, a presidenta Dilma Rousseff, que volta ao Estado, depois de longa carreira no Rio Grande do Sul e após se ausentar da presidência por um golpe de Estado, deixaria de concorrer a senadora para tentar ser deputada e, assim, favorecer, no voto proporcional, mais os emedebistas que participaram da fatídica votação de abril de 2016 que o próprio PT.

Se o preço cobrado pelo apoio do MDB a Pimentel parece caro à Executiva estadual do PT, mais ainda ele desagrada ao eleitorado à esquerda no estado, visto que o governador já leva a reticência deste eleitor ao negar aumento aos professores durante sua gestão, beneficiando os policiais militares, além de outras medidas impopulares e contestadas, como arranjos para favorecimento a mineradoras, mesmo dois anos após o desastre de Mariana. O argumento do Palácio Tiradentes, claro, é a necessidade de adaptação à crise financeira e a urgência da governabilidade.

Neste sentido, apostando na inviabilidade de uma deposição em pleno ano eleitoral, em que os deputados estaduais poderiam pagar o preço de reeditar 2016 já sob o recall negativo da patética votação de Brasília, Pimentel deve se movimentar no sentido que a esquerda espera. A aproximação com o PCdoB estadual, noticiada pelo Estado de Minas neste domingo, após encontro do governador com o líder estadual da legenda Wadson Ribeiro, pode alinhavar a vaga de Dilma ao Senado, acompanhada da comunista Jô Morais, militante histórica e deputada federal por Minas.

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Tal possibilidade frustra as pretensões do ex-prefeito de Juiz de Fora Bruno Siqueira, que se licenciou do cargo para concorrer ao Senado no palanque do Governo estadual, bem como do presidente da ALMG, Adalclever Lopes, que pretendia a outra vaga, alocando como vice na chapa PT-PMDB, possivelmente, o deputado Sávio Souza Cruz.

O preço, de fato muito caro, fragilizaria a relação do Governo com suas bases de forma semelhante à guinada liberal ameaçada por Dilma no início de seu segundo mandato. Em sua leitura acertada, Pimentel pode retornar ao modelo que o lançou politicamente, ao herdar a prefeitura de Belo Horizonte do então prefeito, licenciado por problemas de saúde, Célio de Castro, e dar continuidade a um projeto de bem-estar social e descentralizador da economia que fez dele um dos prefeitos mais reconhecidos e aprovados do país. Hoje, após cabeçadas como alianças a Aécio Neves e barganhas com o PMDB, Pimentel busca a força de Dilma em seu palanque como lastro para sua ruptura com as forças golpistas e retorno às pautas da esquerda.

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Quem ousaria depor, hoje, após o fracasso do golpe, o Governo que tem em Dilma sua principal cabo eleitoral? E como ousaria o governador, por sua vez, contrariar as pautas da esquerda, tendo em sua principal fiadora a presidenta deposta pelo lado mais obscuro das forças de direita no país?

Nesse conjunto de fatores Pimentel se apoia para buscar reencontrar a confiança de seu eleitor mais tradicional, apostando na frustração econômica da classe média e no esfarelamento do PSDB estadual para garantir votação confortável em segmentos menos afeitos as bandeiras petistas.

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Análise política é leitura de momento. Tudo pode mudar e o poder de barganha do MDB, que tem maioria na Assembleia e controla a maior parte das prefeituras num estado de 844 municípios, não pode ser negligenciado. No entanto, a princípio, avizinha-se um cenário favorável às esquerdas no segundo maior colégio eleitoral do país, o que também pode ser decisivo na cena nacional.

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