O poder e a ganância fazem parte da política?

Para resolver tal questão faz-se necessário analisar qual a importância ou qual influência que o poder e a ganância exercem na política, e ao mesmo tempo, verificar como eles se dão e, de que forma, eles afetam as pessoas na esfera política

Para resolver tal questão faz-se necessário analisar qual a importância ou qual influência que o poder e a ganância exercem na política, e ao mesmo tempo, verificar como eles se dão e, de que forma, eles afetam as pessoas na esfera política
Para resolver tal questão faz-se necessário analisar qual a importância ou qual influência que o poder e a ganância exercem na política, e ao mesmo tempo, verificar como eles se dão e, de que forma, eles afetam as pessoas na esfera política (Foto: Valquer Bicalho)


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O senso comum, e até as visões mais especializadas nas diversas ciências sociais, nos dão a impressão de que o Poder e a Ganância são elementos intrínsecos da Política. É difícil, portanto, encontrar alguém que possa dissociar estes dois elementos quando se está tratando da política.

Para resolver tal questão faz-se necessário analisar qual a importância ou qual influência que o poder e a ganância exercem na política, e ao mesmo tempo, verificar como eles se dão e, de que forma, eles afetam as pessoas na esfera política.

Vamos tentar separar cada um para que depois possamos responder ou procurar entender o que cada um significa para a política.

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A Política e o Poder.

A política é uma atividade humana tida hoje para o cidadão comum (cidadão comum aqui não é um cidadão menor, mas a pessoa, homem ou mulher, que se ocupa das atividades laborais e cuida de sua vida apartada das decisões centrais do Estado) quase como uma maldição ou um fardo a ser carregado.

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A frase emblemática que revela esse fardo é: "Nenhum político presta". Assim, poucas são as pessoas comuns que entendem a política como algo benéfico para a sociedade.

Entretanto, nem sempre foi assim. Se formos buscar nos grandes historiadores, desde o contrato hobesiano e, principalmente, no grande filósofo Aristóteles ( Grécia Antiga), encontraremos que, no entendimento dos gregos, a política era uma atividade das mais nobres ou a mais nobre. Enquanto que o trabalho, naquela época, era considerado uma atividade humana vil, indigna de um cidadão. O trabalho era relegado aos não-cidadãos e a política era destinada para os cidadãos que dirigiam as cidades , as polis. E estes cidadãos capazes de dirigir cidades eram endeusados pelos "não-cidadãos' que eram os trabalhadores da época.

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O que fez com que esse sentimento tenha sido modificado? Não seria uma tarefa fácil tentar explicar e compreender o que se deu nos longos períodos históricos que levaram para as modificações que presenciamos nos dias atuais. No entanto, podemos tentar simplificar - o que se torna um grande risco por se tratar de ciência humana de tamanha importância e de tema tão complexo.

Aparentemente, na nossa visão, é um processo em que o desenvolvimento do comércio, da indústria e o surgimento da burguesia demandaram trabalhadores para atender seus meios de produção e, ao mesmo tempo, deu maior importância política ao cidadão burguês - aquele que não tinha poder no período dos governos absolutistas. Isso fez com que o trabalho passasse a ser tratado de forma mais nobre para atrair o futuro trabalhador, especialmente, a mão de obra mais barata.

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Então, a política passa a ser traduzida para o cidadão comum como algo pernicioso, uma atividade em que "pessoas sérias" não deveriam se envolver. Assim, deixavam a cargo de pessoas das castas superiores esta atividade que dela tratavam sem preconceito e muito satisfeitos, por sinal.

Então, foi construído no imaginário popular que a política deve ficar com os que têm poder e longe daqueles sem poder, ou seja, aqueles que devem trabalhar.

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O labor passa a ser algo nobre como dito especialmente pela igreja, como um sacrifício redentor e, pelos patrões interessados em trabalhadores, alimentavam a ideia de que o melhor para o trabalhador era que não se envolverem com algo que seria indigno para um cidadão de bem.

Assim a mulher e o homem trabalhador, ficam distantes da política e, por consequência, longe da poder, delegando para uma minoria, o exercício do poder na política.

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Porém, hoje, no mundo moderno, não há como o indivíduo ficar longe da política tendo menos ou mais poder, pois no processo democrático, como é o caso dos países que adotaram esse regime, ou a pessoa tem poder diretamente como representante ou como representado. Ou seja, tem mais ou menos poder, uma vez que, na democracia, não há cidadão sem poder algum. O que pode ocorrer é que este cidadão não exerça este poder, ou seu representante não exerça o poder-dever por ele, é contudo, mais um caso de usurpação de poder. Claro que nesse caso é um poder mínimo, um poder-direito que é quase imperceptível pelo indivíduo comum que não conhece sua prerrogativas constitucionais e só reconhece aquele poder que é exercido pelos dominadores que determinam o destino do Estado e do povo.

O poder precisa ser exercido na forma que a política define para o cidadão e, este, de forma direta ou indireta deve exercê-lo. Assim, os cidadãos poderão usufruir de seu poder legítimo organizando-se em associações, sindicatos, representação partidária ou, até mesmo, como detentores do direito de minoria como é previsto nas constituições dos países democráticos.

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A Ganância e o Poder na Política.

A política guia os destinos da sociedade e determina como esta se relaciona com o Estado. O cidadão se relaciona em sua maioria como mero espectador na relação de poder ou, às vezes, como mero ator sem relevância nessa relação Estado-indivíduo.

Desde o nascimento do Estado, ou seja, desde que o indivíduo abriu mão de sua liberdade em prol de um ente soberano para sua segurança, a humanidade convive com grupos ou indivíduos que se sobrepõem à maioria. Uma supremacia política se ganha através de lideranças em guerras, enfrentamentos de crises do Estado ou até mesmo a partir de liderança de grandes corporações que, por se destacarem no setor privado, acabam por liderar a sociedade na esfera politica.

Porém, esse exercício de poder político nem sempre se dá de forma legítima. Na verdade, muitas vezes, não se dão de forma legítima, pois indivíduos levados pela ganância solapam o direito da maioria para impor as vontades próprias ou de minorias a quem representam.

Essa ganância, normalmente, é financeira ou por vaidade, não por uma necessidade de poder para impor sua visão de Estado em busca de um bem comum da sociedade. Pode se dizer que há um desejo de sobrepor à maioria em busca do lucro vil. É um poder negativo que advém da ganância, da vontade de se locupletar com os recursos do Estado.

Esse é um modelo pernicioso da política. É a política praticada com a ganância do poder pelo poder, pelo banimento dos interesses da maioria em prol do individuo ou de minorias. É assim que durante séculos homens e grupos se apossam do Estado, dominam os setores por onde a sociedade se expressa ou deveriam se expressar de forma legítima como no Executivo, Judiciário e Legislativo, sequestrando, portanto, por pura ganância o sonho de uma sociedade justa. Em seu lugar, buscam a satisfação de suas ganâncias e perpetuação no poder.

Concluímos, portanto, que o Poder e a Ganância são sim elementos legítimos e ilegítimos da política. E são elementos presentes de forma avassaladora e determinante nos destinos da humanidade.

Sem o engajamento na política, o cidadão e a cidadã não se inserem no Estado para buscar seus direitos e modificar seus destinos, ficando, na maioria das vezes, a reboque de grupos dominantes e servindo de massa de manobras, cumprindo deveres, sendo tratados como meio-cidadão.

Enquanto não houver a consciência de que a participação política é essencial para dividir o poder legítimo com os grupos dominantes que, por ganância e sede de poder, se apossaram do Estado, não seremos capazes de modificar a ideia de que a política é algo pernicioso em vez de ser um meio da sociedade se organizar, de forma que possamos evoluir de modo justo, freando os desejos dos poderosos e gananciosos que dominam a política.

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