EUA usam gaiolas para fazer limpeza étnica

Atualmente é uma nação bilíngue com uma vasta área povoada por latinos 'novos' e descendentes oriundo de terras da colonização espanhola. Mas não é a disputa pelo emprego que se apresenta, os EUA perderam a corrida da globalização para a China e não para os hispânicos

EUA usam gaiolas para fazer limpeza étnica
EUA usam gaiolas para fazer limpeza étnica (Foto: Kevin Lamarque - Reuters)


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As eleições de 1900 convidaram os estadunidenses a escolherem se o país deveria ser uma república ou um império. Uma economia ascendente, a vitória sobre a guerra com a Espanha (1899) por disputa pela colônias e a ideia do liberalismo comercial tendo um império para garantir impulsionou a candidatura de William Mckinsley do Partido Republicano.

Em outra ordem de ideias estava Eugene Debs, um socialista com objetivo de chegar ao palácio residencial, ou Casa Branca como seria chamada a partir de 1902. Debs tinha uma atuação determinada em defesa dos trabalhadores, e em sua leitura o imperialismo significava apenas exploração. O Partido Democrata por sua vez apresentou William Jennines Bryan, um político de caráter populista do estado de Nebraska. Bryen, longe de romper o 'establishmant', era adversário dos magnatas da indústria, dos banqueiros e de uma política de crescimento via o imperialismo. Era recorrente sua máxima que 'não devemos ter nada com a conquista'.

Venceu a escolha pelo império e a história mostrou um século de guerras, anexação e golpes contra um mundo multipolar.

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Novembro de 2016 trouxe mais um capítulo neste processo. O republicano Donald Trump enfrentaria o mais do mesmo, que era a candidatura de Hillary Clinton. A
ex-primeira-dama, ex-senadora e ex-secretária de Estado tinha golpeado a única esperança mudar esta política. O senador Bernie Sanders por Vermont, tem uma abordagem pacifista, de respeito aos direitos humanos e contra ao imperialismo.

Sanders nos lembra Debs e Bryan e poderia resgatar 1900, agora com um vitória pelo bem da humanidade. Não ocorreu! A legitimidade mais uma vez correu para uma elite estadunidense que afronta os direitos de outros povos.

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Nestes dias os olhos do mundo miram o governo Donald Trump e sua ação sectária contra o movimento migratório latino-americano no seu país. Desde abril, esquecendo a realidade de ser um país bi-lingue, se instalou uma política de tolerância zero, o que leva processar os adultos que entram irregularmente no país provocando a separação de indivíduos da mesma família.

Na prática os Estados Unidos passaram instalar campos de concentração para filhos de imigrantes, vítimas inocentes de um plano mais amplo: limpeza étnica. A retenção diária de 250 crianças já gera um montante de 30000 menores retidos.

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A verdade desnuda uma 'palestinação' dos latinos, recorrendo a práticas israelenses de encarceramento. Assim como Benjamin Netanyahu, escolhido pela maioria do povo judeu, Trump encarcera seres humanos em jaulas. A Europa, mesmo que timidamente segue outro caminho, neste 29 de junho decidiu criar centros de pedido de asilo e implementar programa de transferência de recursos para os países geradores de fluxo migratório, apenas uma pequena parte do que retira no processo de exploração.

A ciência nos remete que processos migratórios como da África e Oriente Médio para Europa e da América latina para os Estados Unidos, tem razões no modelo imperialista defendido por Mckinsley e praticado no tempo presente por Trump.

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A nação do norte foi formada por movimentos migratórios. Caso se olhe para o sul, quando os colonizadores foram expulsos pelos libertadores, os Estados Unidos impuseram um modelo de dominação política destas nações, explorando suas riquezas naturais, negando a possibilidade de uma industrialização nos moldes de distribuição de renda.É esta a seara que impulsiona estes fluxos migratórios.

Em Brownsville no Texas, o hipermercado WalMart se transformou em mais uma unidade desta história de terror. Estão mantidas 1500 crianças separadas dos pais. O local comprado por 4,22 milhões de dólares está sendo tratado como refúgio e recebeu nome de "casa do pai", mas na verdade encarcera crianças latinas. Filhos e filhas que não tem nenhuma garantia de voltar para os genitores,trazendo lembranças do que ocorreu na ditadura militar argentina.

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Diante deste cenário alguns chanceleres se comportam como diplomatas adestrados por Washington, se limitando a identificar e localizar seus compatriotas nos novos guetos. A passividade de governos como de Honduras,Brasil, México, Argentina e Guatemala apenas ajuda a política imoral de Trump, em vias de perder a maioria no congresso nas eleições de 6 de novembro.

Os Estados Unidos sempre foram uma nação de imigrantes que tiveram 'estranhos' no passado. Atualmente é uma nação bilíngue com uma vasta área povoada por latinos 'novos' e descendentes oriundo de terras da colonização espanhola. Em verdade a preocupação de Trump e dos endinheirados que representa, está na sua frase para definir a crise no Báltico:' A Crimeia é russa por que lá só se fala russo'. A política de rechaçar estes imigrantes é para impedir que esta lógica seja usada no futuro em favor dos latinos. Afinal não é a disputa pelo emprego que se apresenta, os EUA perderam a corrida da globalização para a China e não para os hispânicos.

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