Unidade anticolonial

Mais do que nunca, portanto, a unidade latino-americana tornou-se imperativa para deter o avanço neocolonial e garantir a independência dos nossos povos

Unidade anticolonial
Unidade anticolonial (Foto: Ricardo Stuckert)


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No sábado, 7 de julho, milhares de nicaraguenses foram às ruas do país por "segurança e paz", ou melhor dizendo, contra o imperialismo norte-americano que ataca a Nicarágua com terrorismo e mentiras. A crescente reação popular defende a Nação, seu líder e presidente Daniel Ortega e a Revolução Sandinista da ameaça de um golpe. O ataque à Nicarágua, com todos os ingredientes da guerra híbrida, é a mais recente ação imperialista na América Latina, articulada para tentar impedir a construção do Canal da Nicarágua, obra gigantesca e estratégica financiada pela China.

Os Estados Unidos definitivamente foram derrotados no Oriente Médio, especialmente na Síria, onde a Rússia impediu que o país fosse destruído para garantir a alternativa de escoamento do petróleo árabe para a Europa. Com isso, os Estados Unidos viraram suas baterias para a América do Sul e Central, onde estão duas das maiores reservas de petróleo do mundo - na Venezuela e no Brasil. Não bastasse isso, também perderam a eleição no México, com a vitória de Obrador, acusado de "chavista", que ameaça rever os acordos de exploração de petróleo do país com seus vizinhos ao Norte.

Diante disso, com o fim do mundo unipolar as disputas geopolíticas no mundo levarão os acuados Estados Unidos a promoverem toda sorte de crimes contra os países periféricos. "Sem nada a oferecer a não ser o aprofundamento da crise do capitalismo mundial, o imperialismo americano joga na destruição das forças produtivas como meio de manter seu status quo", dissemos no texto "O fim do mundo unipolar". É o que fazem no Brasil, no momento, impondo o congelamento do Orçamento da União, a destruição da indústria nacional e o desemprego em massa.

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Por outro lado, a China transformou-se na maior exportadora de capital para a América Latina com 250 bilhões de dólares aportados apenas em 2015, em praticamente todos os países do continente. Nos últimos anos, os investimentos chineses e russos cresceram em vários países da região, entre eles Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Argentina e Brasil, por exemplo. Além do Canal da Nicarágua, no Brasil os chineses apostaram na construção da Ferrovia Transoceânica, com objetivo de escoar a produção do Centro-Oeste brasileiro pelo Oceano Pacífico.

As ações planejadas e implementadas pelos norte-americanos e seus braços econômicos, judiciais e de inteligência tornam-se cada vez mais evidentes aos olhos do mundo. Os golpes em série iniciaram com o caso de Zelaya em Honduras, em 2009, depois com o impeachment de Lugo no Paraguai, em seguida com o afastamento de Dilma no Brasil, somando-se a isso o ataque constante à Venezuela. Mais recentemente, vieram as perseguições à Cristina Kirchner na Argentina, a Rafael Correa no Equador e, neste momento, os ataques terroristas contra a Nicarágua.

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Uma "operação Condor" de novo tipo está em curso, agora tendo como exército uma horda de juízes e togados, de funcionários do Estado capturados e políticos comprados, em lugar de militares "corrompidos" pela Guerra Fria. A operação Lava Jato, produzida pela inteligência imperialista e executada pelos colaboracionistas internos, transformou-se em "case" de exportação para a região. Não por acaso, o juiz Sérgio Moro, por exemplo, é assíduo frequentador dos salões do Império, enquanto o ex-procurador Rodrigo Janot, por sua vez, torna-se professor do assunto em universidade da Colômbia.

Apesar da insuficiência de uma visão mais articulada da inserção dos países da região, em especial o Brasil, na economia mundial, vários instrumentos de unidade politica foram construídos, como a Unasul e o Mercosul, hoje sendo destruídos. Esse mesmo movimento de busca de união regional exige a reconstrução de uma unidade latino-americana em outro patamar, agora da resistência tendo como base a luta anticolonial e de libertação nacional. Para isso, é preciso produzir um novo pensamento capaz de dar conta do novo cenário geopolítico, da nova situação da economia mundial e da luta antiimperialista.

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A nova etapa da guerra imperialista contra os povos da América Latina, ao final, encerra um ciclo político, econômico e institucional do Brasil e dos demais países, abrindo o caminho para um novo processo de desenvolvimento livre da subordinação aos EUA. O golpe de Estado no Brasil não tem futuro exatamente por apostar nesse alinhamento automático aos interesses imperialistas que, como dissemos, nada tem a oferecer a não ser a destruição dos Estados Nacionais. Por isso nos atacam e, pelas mesmas razões, contra isso os povos do continente se levantarão aos milhões.

Nos próximos dias, entre 15 e 17 de julho, em Havana, Cuba, ocorrerá o vigésimo quarto encontro do Foro de São Paulo, reunindo partidos, movimentos e organizações populares para debater a situação política dos respectivos países e da região. Trata-se encontro que, talvez diferente dos anteriores, ganha importância maior por acontecer em momento de novas exigências teóricas, políticas e organizativas para enfrentar o ataque imperialista. Mais do que nunca, portanto, a unidade latino-americana tornou-se imperativa para deter o avanço neocolonial e garantir a independência dos nossos povos.

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