Lula, Rama, Lulayana

"O Lulayana foi e continuará sendo narrada em mil línguas, em versos e em prosa, em todos os continentes. De noite, ao pé do fogo amigo, de manhã com a coleta do leite, à tarde e à noite, no aconchego de lençóis profanos. Será narrado em óperas, em canções terrenas, em folquedos, em procissões litúrgicas. Como príncipe, como réu, como mártir, como herói, como santo. Haverá trezentas versões, trezentos Lulayanas. Mas o herói será sempre o mesmo", diz o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, em artigo exclusivo para o 247

Lula, Rama, Lulayana
Lula, Rama, Lulayana (Foto: Ricardo Stuckert)


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O Lulayana foi e continuará sendo narrada em mil línguas, em versos e em prosa, em todos os continentes. De noite, ao pé do fogo amigo, de manhã com a coleta do leite, à tarde e à noite, no aconchego de lençóis profanos. Será narrado em óperas, em canções terrenas, em folquedos, em procissões litúrgicas. Como príncipe, como réu, como mártir, como herói, como santo. Haverá trezentas versões, trezentos Lulayanas. Mas o herói será sempre o mesmo, e o algoz, Ravena, e seus 300.000 demônios sempre tentarão destruir Rama. Ravena será enfim derrotado por Hanuman, rei dos macacos, o homem do povo, imperecível aliado de Rama. Porém não antes que Ravena tivesse esquartejado Lakshmana, o leal irmão de Rama. Esta é a versão mais frequente da saga. Todavia, o que a História da Humanidade nos oferece como exemplo mil vezes repetido é que Ravena não morre nunca. Renasce sempre das próprias cinzas. Ravena habita o homem, está no seu mais profundo poço biológico.

Assim, Rama ganha as batalhas, mas nunca a guerra. Venceu a miséria, tirou 30 milhões da pobreza extrema. Ravena manda-lhe mais um exército de monstros sedentos de sangue. São quimeras com corpos humanos e cabeças e dentes de tigres, lobos e leoas ferozes. Para enfrenta-los, Rama cria “minha casa, minha vida”, a “bolsa família”, aumenta o salário mínimo. Levanta assim uma armada de camponeses e operários. Ravena convoca, então, das profundezas das sombras os estafemos da ignorância e da escuridão, a miséria, a fome. Rama não cede, traz dez mil “mais médicos”, derrota a doença do mais pobre e enfrenta uma legião de diablitos decrépitos, todos de jalecos brancos, alvíssimos. Em vão, pois Ravena se torna mais ardiloso, mais virulento, mais terrível. Lança contra Rama o Matamoro, o monstro justiceiro, que com suas ventosas suga o sangue dos seguidores e do próprio herói. Matamoro avança com suas tropas de energúmenos, muitos são os mortos e feridos.

Incansável, Ravena envia as ordes da escuridão. A corporação da ignomínia, o vírus terrível da intolerância. Rama responde com um límpido e poderoso facho de luz. Suas forças são 17 Universidades em 35 campi, 450 escolas técnicas, uma imensidão de creches, de escolas, um programa extenso de apoio econômico para estudantes universitários. A educação contra a ignorância. Porém, nada derrota as trevas e a intolerância. Talvez, só o tempo. Só o tempo e o vento.

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Rogério Cezar de Cerqueira Leite, Físico

Professor Emérito da Unicamp

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Membro do Conselho Editorial da Folha de São Paulo

Presidente do Conselho de Administração do CNPEM

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