Carta aberta a Ciro Gomes

Levando-se em consideração que o candidato a presidente do Partido dos Trabalhadores será, indubitavelmente, Fernando Haddad, lhe considero o candidato a presidente mais preparado entre todos. Contudo, não consigo compreender como alguém que engendra uma estratégia de país tão brilhante pode ter uma estratégia eleitoral tão pífia

Carta aberta a Ciro Gomes
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Sr. Presidenciável Ciro Ferreira Gomes:

De toda uma miríade de admiradores que Vossa Excelência angariou ao longo de vossa carreira política, é possível que eu seja o maior de todos!

Já me encantava com aquele jovem prefeito de Fortaleza que, tendo prometido em campanha limpar a cidade em três meses, cumpriu o que prometeu, além de, em apenas dois anos de mandato, ter deixado a “casa arrumada” para seu sucessor a tal ponto que este se elegeu duas vezes, em seguida. Aplaudia aquele governador do Ceará, ainda garoto, que instituiu tantas políticas públicas consequentes e premiadas no estado. Vibrava com aquele prodígio ministro da fazenda que, simplesmente, impediu que o Plano Real “fizesse água”. Louvava aquele ministro da integração regional que empreendeu tantas obras importantes, capazes de atenuar as desigualdades entre as regiões do país.

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Levando-se em consideração que o candidato a presidente do Partido dos Trabalhadores será, indubitavelmente, Fernando Haddad, lhe considero o candidato a presidente mais preparado entre todos. O com maior vivência e resultados como gestor público. O com as ideias mais progressistas. O com melhor visão de país. O único que fala do imprescindível e desejado projeto nacional de desenvolvimento. Até sua maneira impositiva de falar, entendo mais como assertividade do que como autoritarismo.

Sr. Presidenciável, elogios de minha parte a Vossa Excelência não faltam.

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Contudo, mas, porém, todavia, não posso deixar de lhe escrever isso: não consigo compreender como alguém que engendra uma estratégia de país tão brilhante – lúcida, consistente, contundente – pode ter uma estratégia eleitoral tão pífia – ambígua, errática, desfocada.

Como escreveria o jornalista Elio Gaspari, aos fatos:

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a)      É, nas palavras de outro jornalista, Mino Carta, do conhecimento do mundo mineral que Vossa Excelência só pode se eleger herdando grande parte dos votos de Luiz Inácio Lula da Silva.

 

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b)      As compatibilidades com o Partido dos Trabalhadores sempre foram imensas, começando pelo fato que Vossa Excelência colaborou com eles 14 anos, sempre foi amigo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos pilares de seus governos, sempre esteve no mesmo campo político e, de quebra, foi uma das vozes mais incisivas, e sensatas, na condenação do “golpe branco” acontecido em 2016 – o que os uniu ainda mais.

 

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c)      Sendo assim, a primeira providência que deveria tomar na campanha eleitoral era se aproximar do Partido dos Trabalhadores e de Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de um tratamento cordial, respeitoso e construtivo.

 

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d)      Sendo assim, a segunda providência que deveria tomar na campanha era se articular, a partir da boa convivência com o Partido dos Trabalhadores, para ser candidato a vice-presidente, em uma chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva.

 

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e)      Sendo assim, a terceira providência que deveria tomar na campanha era viabilizar, a partir da boa convivência com o Partido dos Trabalhadores, galgar a cabeça da chapa, caso Luiz Inácio Lula da Silva fosse impedido.

 

f)       Das duas uma: ou se tornaria vice-presidente da República, o que lhe conferiria grande capital político com possibilidades futuras para a presidência; ou se tornaria presidente, caso o melhor presidente que o Brasil teve nos últimos 58 anos não pudesse ser candidato.

Era isso que esperava Vossa Excelência: a glória!

Preferiu fazer o quê? Um jogo de “morde e assopra” com o Partido dos Trabalhadores (dito pelo próprio Luiz Inácio Lula da Silva...), críticas pesadíssimas, beirando as ofensas, até a descompostura.

Foi um tal de, a respeito dos filhos de Luiz Inácio Lula da Silva, dizer que “ninguém é idiota”. Foi um tal de declarar que Luiz Inácio Lula da Silva era “um merda”. Foi um tal de chamar o Partido dos Trabalhadores de “partido escorpião, o que trai porque é a sua natureza”. Foi um tal de não apoiar o movimento “Lula Livre”. Foi um tal de não dar declarações contundentes sobre a absurda prisão de que Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, é um tal de chamar seu amigo Fernando Haddad de “poste”.

O que fez Vossa Excelência? Afastou de si o principal aliado que poderia ter. Agora, vem dizer que o aliado que poderia ser, mas não foi, lhe “deu rasteira”? Lhe “apunhalou pelas costas”? Pergunta o que fez para merecer isso?

Faz questão de esquecer o que falou de Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores, os que mais poderiam lhe ajudar?

Não pense Vossa Excelência que julgo a estratégia do Partido dos Trabalhadores boa: a considero tristemente hegemonista, exclusivista, extremamente arriscada. O melhor era haver a união das esquerdas no primeiro turno, possivelmente em torno de seu nome, confirmado o impedimento do ex presidente.

Mas, se o Partido dos Trabalhadores não compreendeu esta ululante verdade, também Vossa Excelência não contribuiu para que esta se materializasse, na medida em que foi continuamente descortês com o grupo político que mais fez pelos mais necessitados na história deste país – com a sua colaboração!

Por todo respeito e admiração que tenho por Vossa Excelência, contará com a minha militância e meu voto para presidente, ambos pela terceira vez. Mas gostaria, sinceramente, que Ciro Gomes não fosse o maior inimigo de Ciro Gomes, que Vossa Excelência deixasse de atirar no próprio pé.

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