O próximo golpe será na Venezuela

Quando uma tentativa de assassinato contra um chefe de estado é realizada em plena luz do dia, durante um desfile militar televisionado e com milhares de pessoas no local é porque os golpistas já não estão preocupados em deixar, nem sequer, uma dúvida, nem que seja frágil e curta, na população

O próximo golpe será na Venezuela
O próximo golpe será na Venezuela (Foto: Marco Bello - Reuters)


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Como prometido no texto anterior (A Lava Jato é a nova Operação Condor), hoje, tratarei da Venezuela e das sucessivas ameaças de golpe de estado feitas pelos EUA contra a revolução bolivariana.

Reportagem do jornal The New York Times, publicada no dia oito deste mês, demonstra que a conspiração do governo estadunidense contra a Venezuela pode estar em via de ser implementada. De acordo com a matéria, funcionários do alto escalão do governo Trump tramaram um golpe de estado com militares venezuelanos.  

No início do mês passado, Nicolás Maduro sofreu uma tentativa de assassinato. Dois drones, carregados de explosivos, foram detonados próximos ao presidente venezuelano, enquanto este discursava na comemoração ao aniversário de 81 anos da Guarda Nacional Bolivariana, em Caracas. Sete soldados sofreram ferimentos.

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Quando uma tentativa de assassinato contra um chefe de estado é realizada em plena luz do dia, durante um desfile militar televisionado e com milhares de pessoas no local é porque os golpistas já não estão preocupados em deixar, nem sequer, uma dúvida, nem que seja frágil e curta, na população. Não se preocupam mais em tramar um atentado como se fosse um “acidente” ou uma “doença” fatal.

Hugo Chávez envenenado

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Até hoje paira a dúvida sobre a causa da morte de Hugo Chávez.

“Quando Chavez, Lula, Dilma e Lugo – num intervalo de 3 anos – apareceram com câncer, os mais desconfiados estranharam. Fidel foi um deles. Haveria formas de provocar o câncer num líder político adversário? Por enquanto, não sabemos. A TV venezuelana tem levado ao ar vídeos em que o próprio Chavez levanta suspeitas sobre esse fato.

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E, de fato, nada deve ser descartado. Ainda mais no momento em que se publica que Israel teria admitido publicamente que a morte do líder palestino Yasser Arafat não foi casual. Ele teria sido envenenado com Polônio 210 – um elemento radioativo.”. (VIANNA, 2013).

De acordo com o portal de notícias venezuelano, Aporrea, os EUA teriam usado uma nanoarma para envenenar o então presidente Hugo Chávez.

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“O Aporrea reiterou que ‘não foi coincidência que os cinco presidentes latino-americanos Fernando Lugo, Dilma Rousseff, Lula da Silva, Cristina Fernández de Kirchner e Juan Manuel Santos tenham tido câncer’, que lhes apareceu com apenas alguns meses de diferença.

Segundo o portal, o governo dos Estados Unidos começou desenvolvendo sua nanoarma em 2003, depois do então presidente George W. Bush ter assinado a Lei de Investigação e Desenvolvimento da Nanotecnologia, com um orçamento de cerca de 3,7 milhões de dólares.”. (SPUTNIK, 2016).

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Ameaças constantes

Em fevereiro deste ano, o então chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Rex Tillerson, afirmou, de forma nada diplomática, que um golpe militar na Venezuela seria uma das possíveis soluções para a deposição de Nicolás Maduro. A declaração foi dada pouco antes do ex-secretário viajar para a América Latina.  

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Tillerson ainda lembrou o nosso passado recente de golpes militares fomentados pelos EUA: "‘Na história da Venezuela e de outros países da América Latina e da América do Sul, muitas vezes foram os militares que lidaram com situações como essa’".

Em julho deste ano, reportagem da agência Associated Press (AP) afirmou que Donald Trump sugeriu, a seus assessores e a aliados latino-americanos, diversas vezes, invadir a Venezuela. 

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Em agosto de 2017, Trump ameaçou a soberania venezuelana ao declarar: “Temos muitas opções para a Venezuela, incluindo uma possível opção militar se necessário”.

De acordo com a matéria de 2017 da Reuters: “As autoridades venezuelanas têm dito há muito tempo que os EUA estavam planejando uma invasão. Um ex-general disse à Reuters neste ano que alguns mísseis antiaéreos foram colocados ao longo da costa do país para eventualidade.”. (OLIPHANT, 2017).

“Golpe de Mestre”

Em maio deste ano, Stella Calloni, jornalista e escritora argentina, revelou um plano secreto do SouthCom (um dos dez Unified Combatant Commands do Departamento de Defesa dos Estados Unidos) com o objetivo de derrubar o governo de Maduro.

O documento é assinado pelo Almirante Kurt Walter Tidd, Comandante chefe do SouthCom (Comando Sul) e expressamente “exige que o governo de Maduro torne-se insustentável, forçando-o assim a vacilar, negociar ou fugir”. (CALLONI, 2018).

Ainda segundo o plano, este deve realizar um “‘chamado a aliados internos e a outras pessoas bem inseridas no panorama nacional com o objetivo de que possam engendrar manifestações, distúrbios e insegurança, saques, roubos e atentados assim como apreensões de navios e outros meios de transporte para perturbar a segurança nacional nos países limítrofes’. Convém também, diz o documento, que ‘haja vítimas’ para poder assim acusar os governantes ‘aumentando as dimensões da crise humanitária aos olhos do mundo inteiro’; é necessário para isso manipular a mentira e falar de corrupção generalizada dentre os dirigentes e ‘associar o governo ao narcotráfico para atingir sua imagem tanto no plano interno como junto da opinião internacional’; isto ‘sem esquecer de exaurir os membros do Partido Socialista Unificado (PSUV), difundir a discórdia entre eles a fim de que eles rompam com grande estardalhaço suas ligações com o governo, recusando-se a aplicar as medidas e restrições que pesam não só sobre eles como sobre toda a população; (....) a oposição é tão fraca que é necessário criar fricções entre o PSUV e Somos Venezuela.’" . (CALLONI, 2018).

Sabotagem

Lembrando que Hugo Chávez e Nicolás Maduro sempre acusaram parte do empresariado venezuelano de promover lockouts e sabotagens econômicas, principalmente, com o desabastecimento de produtos de primeira necessidade das prateleiras dos supermercados e farmácias.

Maior reserva de petróleo bruto do mundo

Segundo dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo bruto do mundo, com cerca de 300 milhões de barris.

Os EUA compram 777 mil barris de petróleo por dia da Venezuela, o que a torna seu terceiro maior fornecedor.

Sem o petróleo venezuelano a economia estadunidense sofreria “’com aumento do preço da gasolina, falta de estoque de petróleo bruto para as refinarias nos EUA e uma potencial perda de empregos’”, afirma David Mortlock, ex-diretor de Assuntos Econômicos Internacionais do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Só a Citgo, subsidiária da petroleira venezuelana PDVSA nos EUA, que importa cerca de 200 mil barris por dia da Venezuela, tem três refinarias no país (Texas, Louisiana e Illinois), 48 terminais de abastecimento e 6 mil postos pelos EUA, onde trabalham 46 mil pessoas.”. (FLECK, 2017).

Onde tem petróleo tem golpe dos xerifes do mundo

“Matéria do jornal O Globo deste domingo (16) destaca que 11 anos após ser descoberto, "o pré-sal brasileiro se tornou a fronteira petrolífera mais atraente do mundo" e que a redução de custos "proporcionada pelos avanços tecnológicos empreendidos pela indústria no país" por meio da venda de campos produtores às petroleiras internacionais tornou sua exploração em uma das áreas mais competitivas em nível mundial; entrega do pré-sal às multinacionais do setor petrolífero sempre foi apontada como uma das principiais razões para o golpe de 2016, apoiado pelo grupo Globo, que depôs a presidente eleita Dilma Rousseff e levou Michel Temer e sua entrega do patrimônio nacional ao poder.”. (BRASIL247, 2018).

Trocando em miúdos, os “‘avanços tecnológicos empreendidos pela indústria no país’" significa que a tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas, no pré-sal, era 100% brasileira e exclusiva, só o Brasil e a Petrobrás detinham e a “redução de custos” proporcionada por tais avanços significa que roubaram, junto com o petróleo, nossa tecnologia.

Referências:

BRASIL247. Globo descobre que pré-sal é a maior fronteira petrolífera do mundo. Disponível em: <https://www.brasil247.com/pt/247/economia/368934/Globo-descobre-que-pr%C3%A9-sal-%C3%A9-a-maior-fronteira-petrol%C3%ADfera-do-mundo.htm>. Acesso em: 17 set. 2018.

CALLONI, Stella. O “Golpe de Mestre” dos Estados Unidos Contra a Venezuela. Disponível em: <https://www.brasil247.com/pt/247/mundo/354765/O-“Golpe-de-Mestre”-dos-Estados-Unidos-contra-a-Venezuela.htm>. Acesso em: 18 set. 2018.

FLECK, Isabel. Petróleo venezuelano cria dilema para Trump e mantém EUA atados. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/08/1907462-petroleo-venezuelano-cria-dilema-para-trump-e-mantem-eua-atados.shtml>. Acesso em: 17 set. 2018.

OLIPHANT, James. Trump ameaça Venezuela com "opção militar". Disponível em: <https://br.reuters.com/article/topNews/idBRKBN1AR2GZ-OBRTP>. Acesso em: 16 set. 2018.

SPUTNIK. EUA usaram nanoarma para matar Hugo Chavez? Disponível em: <https://br.sputniknews.com/mundo/201606064946476-nanoarma-eua-chavez/>. Acesso em: 17 set. 2018.

VIANNA, Rodrigo. Arafat foi envenenado; e o câncer de Chavez? Disponível em: <https://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/outras-palavras/arafat-envenenado-e-o-cancer-de-hugo-chavez/>. Acesso em: 17 set. 2018.

WELLE, Deutsche. EUA discutiram planos de golpe com militares venezuelanos, diz NYT. Disponível em: <https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/49957/eua-discutiram-planos-de-golpe-com-militares-venezuelanos-diz-nyt>. Acesso em: 16 set. 2018.

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