Bolsonaro e o fascismo

O bolsonarismo se revela como um movimento de restauração das hierarquias na sociedade que se percebem ameaçadas

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Para compreender o apoio popular que Jair Bolsonaro obtém é preciso considerar alguns fatos. A crise política, econômica e social no Brasil, que começou em 2013 até agora, se desenrolando cada vez pior, e frente a essa enorme crise, as demandas de restauração da "ordem" que surgiu no país por parte da população. A grave crise de segurança nas grandes cidades, com 60.000 mortes por ano no país, colabora também para essa demanda de uma "ordem" a ser restaurada.

O militar Jair Bolsonaro se apresenta, nesse contexto, como um guardião da tradição, da moral e dos bons costumes, prometendo voltar ao "ordem e progresso" frente à ameaça que representariam as esquerdas, que na narrativa do candidato seriam culpáveis pelos problemas do país. Ele cria a ilusão em seus eleitores de ser capaz de reinstalar as antigas autoridades em uma sociedade que está mudando seus papeis tradicionais.

Bolsonaro aparece também em São Paulo difundindo no interior imagens montando o cavalo, como um cara tradicional.

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No grupo "mulheres unidas a favor do Bolsonaro" (64 mil aderentes) aparecem manifestações de apoio ao candidato, mulheres com vestimentas verde-amarelo e fazendo o signo do disparo do Bolsonaro. Também aparecem no grupo ataques contra o chamado "feminismo".

Assim como a sociedade brasileira está polarizada entre petistas e bolsonaristas, isso envolve também modelos de mulher que são representados.

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Frente às demandas feministas, tem uma parte das mulheres que tem reação contra e constroem o sentido de ser mulher e sua identidade no apoio ao Bolsonaro.

Esse tipo de identificação funciona sobre a base de uma "mulher tradicional", "mulher de verdade", por oposição a outras eleições sexuais. As mulheres bolsonaristas se erigem como representantes da "família brasileira".

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É a mesma oposição entre "cidadão de bem" e "vagabundo comunista" traçada pelo discurso dos usuários que aderem ao Bolsonaro nas redes sociais, mas, agora, é levada para a questão do gênero.

Sua campanha nas redes sociais coloca elementos que são replicados pelos usuários no Facebook e Instagram: a demonização da esquerda, a crítica a migração venezuelana no Brasil, a construção da representação como defensor da "família", a "tradição brasileira" e a "mulher tradicional", e a ideia de que ele é militar que vai trazer ordem ao país que está no caos.

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Encarna então a imagem da tradição e da comunidade única em torno aos valores tradicionais da "ordem e progresso" frente a esquerda.

Uma construção binária e das identidades do bem e do mal. A campanha nas redes funciona sobre a base de oposições: "cidadão de bem" contra "vagabundos comunistas", "mulher tradicional" contra "feministas".

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O apoio aparece como uma reação contra as mudanças na educação, na segurança, nas políticas do gênero, em esperança de um retorno a uma ordem do passado de "ordem e progresso" idealizada em contraposição a atual "putaria".

Assim, o bolsonarismo se revela como um movimento de restauração das hierarquias na sociedade que se percebem ameaçadas.

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É também um movimento de classes médias tradicionais que estão se sentindo ameaçadas pelas mudanças da sociedade, contra os ganhos obtidos pelos setores populares durante os governos do PT. Isso tem semelhanças com a definição que deu o sociólogo Gino Germani sobre o fascismo na Europa. É também tem semelhança com o trunfo do Donald Trump nos Estados Unidos, e os brancos que começaram a se sentir ameaçados, "estranhos na sua própria terra", usando a expressão de uma pesquisadora americana.

O bolsonarismo é uma restauração que envolve valores materiais (reação das classes médias frente a perda do status social) e pós-materiais (contra o feminismo e as mudanças culturais).

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