A esquerda está perdida?

Depois desse período pós-eleitoral fico com a impressão de que todos os movimentos ditos de esquerda (partidos, movimentos sociais, sindicados e afins) estão perdidos. Sinceramente, espero estar errado. Mas os primeiros movimentos políticos a fim de organizar uma oposição ao governo Bolsonaro não têm passado de simples manifestações no Twitter

A esquerda está perdida?
A esquerda está perdida? (Foto: Stuckert)


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Depois desse período pós-eleitoral fico com a impressão de que todos os movimentos ditos de esquerda (partidos, movimentos sociais, sindicados e afins) estão perdidos. Sinceramente, espero estar errado. Mas os primeiros movimentos políticos a fim de organizar uma oposição ao governo Bolsonaro não têm passado de simples manifestações no Twitter.

 Na última segunda-feira escrevi um artigo, “Onde nós erramos?”, em que tento sinalizar que falhamos e fracassámos como esquerda em geral, e devemos reconhecer isso – sem autocrítica não há possibilidade de avanço. Todavia, a partir desse diagnóstico devemos nos reorganizar como um todo e pensarmos a nossa forma de ação. Pois, tem um axioma muito enfatizada pelo professor, José Paulo Netto, de que “quem falha na análise, também erra na ação.” Acredito piamente que a esquerda esqueceu desse postulado importante da prática política.

Caro leitor, sabe o porque estou a enfatizar isso? Pois, nessa semana que se passou tivemos um ministério de importância histórica ímpar para a classe trabalhadora, o Ministério do Trabalho, extinto. O que os sindicatos e os lideres dos partidos trabalhistas fizeram além de declarações públicas? Um parêntese, todos já sabiam que o Bolsonaro iria fazer tal coisa, visto que era uma proposta de campanha. Por que os líderes sindicais não começaram a organizar antecipadamente movimentos para uma greve geral. Esse tem sido o problema da esquerda nos últimos anos, burocratizou-se. O resultado disso, perdeu capacidade de mobilização porque está longe das bases.

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Ontem na Folha de SP, o general Eduardo Villas Bôas, disse ter agido no limite ao manifestar-se pelo Twitter na véspera em que o Supremo Tribunal Federal iria julgar o habeas corpus do ex-presidente, Lula da Silva. A deixar ainda mais evidente a campanha persecutória contra o maior líder do PT, que se soma ao “sim”, do político de toga, para o superministério da Justiça. O que a esquerda fez além de notas para jornais e periódicos? Data vénia, companheiros e camaradas, a esquerda passou a acreditar mais nas instituições burguesas do que na força do povo. O que fizemos? Nada. Quem só tem perdido? A classe trabalhadora e as minorias.

Um dos principais motivos da nossa falta de ação efetiva, é a carência de organização e planeamento para nossas ações políticas reais (não ideias). O espectro da esquerda saiu com três principais atores políticos pós-eleição: Haddad, Ciro e Boulos.  Pergunto-vos o que eles têm feito de concreto, para além habitual? Faz-se justiça, o Guilherme Boulos foi para a rua com “o povo sem medo”. Mas o ponto é: precisamos de movimentos que tenham um corpo nacional, para que tenhamos forças para barrar o avanço reacionário que se aflora no Brasil.

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Essa é a minha grande preocupação, estamos todos perdidos e sem uma visão clara para onde devemos andar. Vamos esperar o governo Bolsonaro começar para nos encontrarmos?

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