Ser jovem em um País com a democracia ameaçada

O processo eleitoral pelo qual estamos passando, é sem dúvida um dos mais desafiadores da nossa história. Boa parte do eleitorado brasileiro mostrou a sua pior face elegendo um candidato que representa tudo aquilo que não precisamos para nossa sociedade, que até então estava em progresso. No entanto, conseguimos despertar a vontade de lutar nas pessoas que antes estavam desacreditadas e anestesiadas pelo sentimento da anti política, que viram seus direitos ameaçados, mas que infelizmente vieram mais pelo medo, do que pela crença de que todas e todos precisam verdadeiramente participar da política.

Para nós, jovens, o cenário posto não será nada fácil. Crescemos em uma democracia, passamos a nos habituar com aqueles e aquelas que são "diferentes" pois sabemos que na verdade isso que nos faz sermos iguais!

Não será nada fácil ter que entender que é errado falar de feminismo em uma sociedade com altos índices de feminicídio, não será nada fácil ter que entender que o outro ou a outra não poderão expressar seus afetos porque somos um dos países que mais comete crimes de homofobia, não será nada fácil não poder escancarar o racismo velado que ainda existe dentro de muita gente ... Não será nada fácil sermos impedidas e impedidos de podermos gritar para todo mundo o quanto a dor do outro dói na gente, porque toda vez que morre um (a) de nós, morre um pedaço da gente!

E é exatamente por não ser fácil que resistiremos aqui, lado a lado como foi desde o segundo turno das eleições, quando vários de nós nos juntamos e nos encontramos, e cá estamos sem largar a mão de ninguém pois entendemos a necessidade de nos unirmos e organizadamente evitar que a naturalização do ódio e da violência seja disseminada com o aval do fascista na Presidência.

A esquerda tem um grande desafio, que é fazer política de forma diferente, fazer política para quem precisa, fazer política com a participação de quem precisa. Precisamos dar voz a quem tem representatividade, precisamos entender que agora, mais do que nunca a nossa resposta tem que ser rápida e eficaz. Precisamos entender que essa "minoria" que essa gente ruim despreza e insiste em exterminar na verdade é maioria!

Para com a classe trabalhadora temos o dever de garantir que os retrocessos não passem, que não tenhamos a necessidade de escolher entre ter direitos ou ter emprego, e para isso é fundamental esclarecer que o nosso País é feito a muitas mãos, e que essas mãos já tão calejadas e exploradas não merecem mais escravidão, não merecem mais condições deploráveis de trabalho, não merecem produzir para que o Imperialismo colha os frutos e os nossos permaneçam na miséria.

A juventude tem consciência de que muitos morreram para que hoje pudéssemos estar aqui, não iremos fraquejar, temos uma dívida a pagar! Lutaremos para que as próximas gerações tenham os mesmos ou mais direitos que nós tivemos no decorrer dos governos petistas, não desistiremos do nosso País, das nossas bandeiras. Somos forjados na Luta, e é chegada a hora das sementes darem seus frutos .