Só nos resta um caminho: a margem esquerda das instituições!

Não adianta enchermos o Twitter e jornais com artigos a desmascarar essa direita formada por um pseudofilósofo que defende a autoverdade independente da factualidade. A história nos tem apontado, vamos perder todas se continuarmos nessa luta das formas, temos que ter conteúdo prático

Só nos resta um caminho: a margem esquerda das instituições!
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Nos últimos tempos tenho levado muitas “pedradas” dos meus companheiros, pois tenho procurado fazer uma autocrítica acerca do segmento político do qual pertenço: à esquerda (que tem muitas ramificações). Tenho realizado muitas críticas ao lulismo e ao petismo nos últimos anos, pois discordo frontalmente dos limites que uma esquerda reformista pode ir num governo, numa democracia liberal. Mas sempre que foi preciso defender essa democracia (mesmo que burguesa) fui às ruas, aos debates e os inúmeros eventos de militância dos meus companheiros e companheiras que acreditam na social-democracia. Eu luto pela revolução. Todavia, o tempo que nos tem precedido sinaliza algumas coisas importantes, ao meu ver; que toda e qualquer tentativa de lutas sociais por meios das instituições e conciliação de classe tem levado os trabalhadores a sofrer inúmeros retrocessos e derrotas.

Qual é o ponto central? De um modo geral, nós da esquerda, nos acomodamos a lutar por meio dos mecanismos que as instituições burguesas nos oferecerem, e o que isso resulta? Num afastamento gradual das nossas bases sociais. Por outras palavras, a esquerda deixou de radicalizar as suas lutas e a classe trabalhadora deixou as ruas, pois passou a acreditar que as instituições iriam defender os seus interesses, vistos que o governo que estava lá “era dos nossos”. A sintetizar: a desmobilização dos movimentos socais é uma das formas de manutenção da “esquerda” no poder.

Que conclusões podemos retirar das instituições brasileiras? Elas jamais estiveram a serviço da classe trabalhadora. Na verdade, em qualquer lugar do mundo elas servem as elites económicas. Pois essa é a lógica do capitalismo. Um exemplo prático: existe governo que mais respeitou as instituições e jogou conforme as suas regras do que os governos do PT? Na história da República recente, vos garanto que não. Como consequências, hoje tem o seu maior líder preso na “república de Curitiba”, um Ministério Público que age persecutoriamente a fim de criminalizar o PT, pois é uma forma que a direita encontrou de criminalizar toda a esquerda. Noutros termos, o PT alimentou o monstro que tem feito de tudo para nos devorar. O que fizemos? Criamos bordões e discursos inflamados. O povo foi às ruas? Não. Eles não se identificam mais conosco, pois a imagem que passamos é de que somos mais do mesmo que sempre defendeu os interesses das elites – culpa nossa e da campanha diária que a grande mídia levou a cabo. O que a factualidade nos tem demonstra? Sem forte mobilização popular e radicalização das lutas, a burguesia irá nadar de braçada. Olhemos para o novo Ministro da Educação e das Relações Internacionais de Bolsonaro. Os superministro Moro e Guedes. Quais interesses essas pessoas representam? Vos garanto que não é o da classe trabalhadora.

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Não adianta enchermos o Twitter e jornais com artigos a desmascarar essa direita formada por um pseudofilósofo que defende a autoverdade independente da factualidade. A história nos tem apontado, vamos perder todas se continuarmos nessa luta das formas, temos que ter conteúdo prático. Devemos fazer trabalho de base, de formação política e de politização de todas as nossas ações. Pois uma esquerda que acredita mais nas instituições do que na classe trabalhadora, está condenada ao fracasso. Porém, quem diz isso, não sou eu, mas sim a história recente do Brasil.

Concluo com Paulo Freire: "Aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam."

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