Constestar legitimidade de Maduro é fazer coro com a direita

Gilberto Maringoni, do Jornalistas pela Democracia, avalia que considerar Nicolás Maduro como ditador é fazer o jogo dos EUA e da direita: "Apesar de indicadores para lá de preocupantes, não há neles motivos para se contestar a legitimidade de Maduro ou para chama-lo de ditador"; para Maringoni, "as pressões por sua queda se originam na cobiça de Washington pelas reservas petrolíferas venezuelanas (as maiores do mudo) e por forças políticas internas que combinam obscurantismo, autoritarismo e submissão ao Império"

Constestar legitimidade de Maduro é fazer coro com a direita
Constestar legitimidade de Maduro é fazer coro com a direita (Foto: REUTERS/Manaure Quintero)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Gilberto Marigoni, do Jornalistas pela Democracia 

Nicolás Maduro toma posse hoje em seu segundo mandato na presidência da Venezuela. O país vive uma gravíssima crise econômica e humanitária. Dos 32 milhões de habitantes, cerca de 1,9 milhão teriam saído do país desde 2015. O desemprego atinge quase um terço da população economicamente ativa e a inflação pode alcançar 1 milhão por cento neste ano.

Apesar de indicadores para lá de preocupantes, não há neles motivos para se contestar a legitimidade de Maduro ou para chama-lo de ditador.

continua após o anúncio

A crise humanitária dos migrantes da América Central para os EUA é igualmente dramática e ninguém exige que se isolem os países da região. A situação dos Direitos Humanos na fronteira México-EUA é bestial, sem contar a ação deste último em Guantánamo, nas incursões bélicas que faz no Oriente Médio, seu apoio ao governo terrorista de Israel ou seus ataques a organismos humanitários da ONU. Os EUA seguem impávidos se autoproclamando os campeões da democracia.

MADURO FOI ELEITO em uma eleição com regras contestadas. Ele não teria – segundo países do Grupo de Lima – votos necessários para se eleger. O Grupo é composto por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru. Os mesmos países deveriam – por coerência – voltar suas baterias contra o sistema distrital das eleições legislativas francesas. Em junho de 2017, o partido Em Marcha!, de Emmanuel Macron, granjeou 43,6% dos votos válidos. No cômputo final, alcançou 53,5% das cadeiras (308 em 577). É uma distorção séria.

continua após o anúncio

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

A Venezuela enfrenta desde 2015– ainda no governo de Barack Obama – pesado bloqueio econômico por parte dos EUA. Estes se acentuam no governo Trump. A forte queda dos preços internacionais do petróleo entre 2014-16 arrebentou o caixa do Estado, num país sem indústrias e marcado por um único produto exportável. A moeda nacional virou pó.

continua após o anúncio

AS PRESSÕES QUE O PAÍS sofre dos Estados Unidos, da União Européia e agora do Grupo de Lima vêm acentuar a crise. Dominado pela direita e pela extrema direita continental, em especial pelos governos Bolsonaro (Brasil), Macri (Argentina) e Piñera (Chile), o Grupo se tornou uma extensão da política do Departamento de Estado norteamericano.

É difícil apoiar o governo Maduro, tamanha é sua incompetência e conduta reprovável em várias frentes. Mas é um governo eleito e legítimo (coisa que a administração Michel Temer não era).

continua após o anúncio

Política se faz com atos e movimentos concretos. Não há alternativa democrática ou progressista a Nicolás Maduro. As pressões por sua queda se originam na cobiça de Washington pelas reservas petrolíferas venezuelanas (as maiores do mudo) e por forças políticas internas que combinam obscurantismo, autoritarismo e submissão ao Império.

Não há neutralidade possível ou oposição que não favoreça o ultraliberalismo no país vizinho.

continua após o anúncio

Não é possível contestar a posse de Nicolás Maduro sem jogar água no moinho do outro lado.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247