Tchutchuca chega a ser até um mimo diante do que faz Paulo Guedes e seu governo

"A histeria bolsonarista contra o deputado do PT, muitos falando até em cassar o mandato dele por falta de decoro, chega a ser um acinte, partindo de quem parte. Gente que, no dia-a-dia, faz da ofensa sua arma de discussão e do ódio sua ideologia. É gente que gritou impropérios machistas contra Dilma em estádio de futebol, que posa de arma em punho para dizer que é brabo, que promete matar adversários políticos", escreve o jornalista Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia 

Tchutchuca chega a ser até um mimo diante do que faz Paulo Guedes e seu governo
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Por Gilvandro Filho, para o Jornalistas pela Democracia - Nada mais chato e fora de sentido que as acusações de impropriedade e inconveniência que passaram a chover sobre a cabeça do deputado Zeca Dirceu após ele se dirigir ao ministro da Economia pela prosaica alcunha de "tchutchuca". As "análises" contrárias ao parlamentar petista, simplesmente porque os termos foram usados em uma reunião formal e "séria", como era o caso da Comissão e Constituição e Justiça – CCJ, desloca o fato do contexto político em que está inserido. Para o momento, o tratamento de "tchutchuca" e "tigrão" cumpriu, sim, uma função. Para o momento, era aquilo que se tinha.

O caso ocorreu na reunião da CCJ em que o ministro Paulo Guedes tentava passar o tempo da audiência em que, em tese, teria que explicar a Reforma da Previdência. Guedes, que já havia faltado ao mesmo compromisso, estava ali para falar para os seus, que o ouviriam burocraticamente e depois iriam para casa. Mas, para o desditado ministro, existia a oposição. E esta não lhe deu trégua. A cada estocada, ele se arrependia de ter deixado o seu gabinete para falar aos parlamentares.

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Paulo Guedes, a rigor, não estava ali para explicar coisa nenhuma. Chegou à CCJ na esperança de ser poupado pelos contrários e na certeza de ser bajulado pelos aliados. Não houve nem uma coisa, nem outra. A oposição reagiu e a base aliada mostrou que não existia, como não existe. Arrogante e dono da verdade, o ministro pensou que reinava, como faz nos corredores do governo mambembe que o escolheu para tirar os direitos do trabalhador e a paz de quem vive do dinheiro do INSS.

Guedes chegou soberbo. Chamou os deputados de "você", olhando de cima para baixo. Como certamente não faz nas reuniões das quais participa com banqueiros e empresários. Faltou assessoria para orientar ao todo poderoso ministro de Bolsonaro que o buraco é mais embaixo. Ele foi sem ensaio, o texto foi mal decorado e a cortina caiu na cabeça dele.

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Há dúvidas de que a "resenha" de "tchutchuca" e "tigrão" tenha sido invenção, mesmo, de Zeca Dirceu. Especula-se que o termo acompanha o ministro desde os tempos de estudante, em Chicago, Estados Unidos, época em que a sua devoção pelo "way of life" e pela economia norte-americanos rendeu a ele e à maioria dos colegas de curso o apelido de "Chicago boy". Daí pra "tchutchuca" seria um passo.

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A verdade é que a fala de Zeca Dirceu reascendeu a chama e deixou Paulo Guedes furioso. A ponto de tirar o ministro do sério e fazer ele devolver os impropérios não só ao parlamentar, como à mãe e à avô do petista. Foi o pretexto para Guedes dar por encerrada aquela chateação que lhe tomou boa parte do dia.

Para a oposição também foi bom. Afinal de contas, daquela reunião ninguém sairia com dúvidas esclarecidas. Os deputados do governo não questionariam nada e diriam "amém" ao final da fala de Guedes que, por sua vez, voltaria ao Planalto com sua missão cumprida: dourar a pílula, se possível ileso das balas oposicionistas. Mas não foi assim. Com a confusão que encerrou o programa, pelo menos o governo sabe que não será fácil empurrar a matéria de goela abaixo.

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A discussões ocorrem em seus contextos e, normalmente, de acordo com os seus interlocutores. Será possível se discutir a sério cidadania e direitos humanos com a ministra Damares Alves? Tem futuro qualquer colóquio sobre problemas educacionais e políticas públicas do setor com o ministro Veléz Rodrigues? Há alguma possibilidade de sucesso numa discussão sobre ideologias, direita x esquerda, nazismo x comunismo com o "chanceler" Ernesto Araújo? Não dá...

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Subindo de escalão e chegando ao chefe de todos, é a mesma coisa que querer chegar a algum lugar discutindo democracia com o presidente da República, quando ele já demonstrou ampla e cabalmente que esta não é sua praia. É questão de DNA e de vocação. Nem dele, nem dos filhos dele. Então, como ficou claro na campanha eleitoral, não faz muito efeito tratar com os instrumentos da democracia alguém que, na primeira oportunidade, demonstra que, se pudesse, acabaria com ela.

A histeria bolsonarista contra o deputado do PT, muitos falando até em cassar o mandato dele por falta de decoro, chega a ser um acinte, partindo de quem parte. Gente que, no dia-a-dia, faz da ofensa sua arma de discussão e do ódio sua ideologia. É gente que gritou impropérios machistas contra Dilma em estádio de futebol, que posa de arma em punho para dizer que é brabo, que promete matar adversários políticos.

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No campo do governo, é gente responsável pelo desmantelamento da saúde, da educação, dos direitos humanos, do meio ambiente. Para falar mais diretamente ao caso em tela, é gente como Paulo Guedes cujos pilares da atuação no Ministério da Economia são poder dizimar direitos de trabalhadores, aposentados e pensionistas. Diante de tanto descalabro cometido contra os brasileiros, o apelido "tchutchuca" chega a ser até um mimo.

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