Para Bolsonaro, os brasileiros se armam e se matam. E o Brasil se acaba

"Os colecionadores de armas estão entre os grupos sociais beneficiados com a política armamentista irresponsável e inconsequente adotada pelo novo governo", diz Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia; "A guerra civil que Bolsonaro quer promover, sob o pretexto da segurança e patrocínio da indústria de armas, deve ser contida. E já"

Para Bolsonaro, os brasileiros se armam e se matam. E o Brasil se acaba
Para Bolsonaro, os brasileiros se armam e se matam. E o Brasil se acaba (Foto: Esq.: Alan Santos - PR)


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Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia

Pródigo em destilar bravatas e emitir e desmentir declarações, quase sempre desastrosas, o presidente da República soltou, na semana passada, o seu veredicto sobre quem está acabando com o País. “Os políticos”, sentenciou o ex-militar Jair Messias Bolsonaro que, no momento, ocupa o cargo maior da política brasileira.

Apesar de não estar totalmente errado, apenas generalizando no diagnóstico, o presidente, a rigor e mais uma vez, atirou na água. Apesar do tempo tão curto no cargo, menos de seis meses, quem está fazendo de tudo para acabar com o Brasil é ele, Bolsonaro. Seja nas políticas que desenvolve, todas contra o País, os trabalhadores e os aposentados, seja na oportunidade que está dando aos brasileiros de se matarem com armas de fogo.

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Pelos últimos atos, o desejo do presidente de “acabar com o país” é literal. Por seu gosto, os brasileiros vão se meter em uma guerra urbana, armados até os dentes. Inclusive com fuzil T4, da Taurus, arma de alto poder de fogo que, até agora, é privativa das Forças Armadas, mas se torna alvo de cobiça de dois mil “idiotas inúteis” que já estão na fila da fábrica de armas para adquiri-lo.

O fim do Estatuto do Desarmamento é um ponto de honra do “mi(n)to”. Como todo mundo já cansou de saber, foi a primeira promessa de campanha a ser honrada (se é esta a palavra apropriada) pelo presidente. Dois dias depois da posse, eles e seu pelotão de “idiotas úteis” já estavam festejando, com mãos ao formato de arminhas, a “flexibilização” da venda e da posse de armas de fogo.

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A Taurus, nesse momento, festeja a subida de 84% na cotação de suas ações, só por conta a iminência de vender seus modernos fuzis automáticos aos pseudo-brabos. Como já festejaram outro alta de ações quando, ainda durante a campanha, Bolsonaro jogou no ventilador a ideia malcheirosa de exterminar com o Estatuto do Desarmamento.

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Grande e poderosa financiadora de candidaturas – este ano, pelo menos oficialmente, não foi permitido esse tipo de patrocínio por empresas privadas -, a Taurus está salivando para colher os frutos a que julga ter direito por ter abraçado com afã uma opção política que representava a volta da venda desbragada de armas de fogo. É hora da paga. E será alta.

Duas situações derrubam por terra argumentos falaciosos e até criminosos dos que defendem a tese de que com armas a população fica mais protegida dos “bandidos”. Como se todos os consumidores de armas beneficiados pelo “decreto da morte” fossem, de fato, “cidadãos de bem”. Como se os “marginais” tivessem se pelando de medo do cidadão armado. Como se já não tivesse uma legião soturna de traficantes e milicianos à espreita, aguardando o momento de pegar esse mar de novas armas que entram no mercado assim que a matéria virar lei.

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Em Pernambuco, no distrito de Aldeia, Paudalho, município da Zona da Mata Norte, um empresário teve sua mansão invadida por 15 homens armados e encapuzados que o alvejaram e levaram dinheiro e uma boa quantidade de armas. O empresário era colecionador e a sua coleção particular era o alvo dos criminosos. O crime ocorreu em abril, em um parque aquático de propriedade da vítima.

Em Santo André, São Paulo, outro homem, rico, desceu do seu carro de luxo e assassinou um morador de rua que, evidentemente, não tinha arma alguma. O criminoso, por sua vez, era colecionador de armas. A polícia ainda não divulgou o nome do assassino, mas as primeiras investigações apontam para uma “limpa” como motivo para a morte do morador de rua. O crime aconteceu na semana passada.

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Nem a posse de um pequeno arsenal foi o bastante para proteger, em um caso, muito menos foi garantia de bom comportamento, no outro. É difícil entender essa lógica segundo a qual quem compra armas anda atrás de paz.

Os colecionadores de armas estão entre os grupos sociais beneficiados com a política armamentista irresponsável e inconsequente adotada pelo novo governo. Existem vários outros, inclusive menores que, praticantes de tiro esportivo, poderão comprar e portar armas de fogo, bastando para isto a autorização dos pais ou responsáveis (isso mesmo que você leu).

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Está nas mãos do Congresso, do Judiciário e da sociedade organizada a reação contra esse tipo de insanidade. A guerra civil que Bolsonaro quer promover, sob o pretexto da segurança e patrocínio da indústria de armas, deve ser contida. E já.

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