A hora do contragolpe

"A queda de Pedro Parente, um dos nomes mais estratégicos do golpe, é um indicativo inequívoco de decadência e fraqueza dos golpistas. Desde a deposição de Dilma, nunca foi tão fácil confrontar uma narrativa que provou ser uma fraude e que não se sustenta mais", escreve o colunista Guilherme Coutinho

Pedro Parente e Michel Temer 
Pedro Parente e Michel Temer  (Foto: Guilherme Coutinho)


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Ao longo dos últimos dois anos, quando foi confirmado o afastamento injusto de Dilma Rousseff da Presidência da República, o campo progressista de nossa política vem acumulando derrota atrás de derrota. O (des) governo ilegítimo de Michel Temer, apoiado, na maioria das vezes, por um Judiciário parcial e autoritário, impôs reveses amargos ao povo brasileiro, como o fim da CLT e a EC do fim do mundo. Enfrentando pouca resistência popular e institucional, o golpe foi avançando, passo a passo, com o objetivo de aniquilar completamente a esquerda no país. Pessoas foram perseguidas, riquezas entregues, e Lula, o maior líder político do país, preso injustamente.

O golpe, no entanto, fracassou em si mesmo. A política neoliberal, imposta goela abaixo do brasileiro, após reiteradas rejeições nas urnas, ruiu a economia e aumentou o desemprego. O resultado é o caos político que o país passa: uma crise de liderança sem precedentes, baixíssima credibilidade das instituições e uma economia em frangalhos. Nunca foi tão fácil, inclusive para a classe-média-paneleira, perceber o engodo que foi o impeachment e como suas consequências estão sendo nefastas para toda população.

É nesse momento, de fraqueza do oponente, que o contragolpe se torna oportuno. Nas artes marciais, como no judô, chamamos contragolpe quando um atleta, aproveitando alguma brecha no ataque de seu oponente, torna uma situação desfavorável no combate, em vitória. A esquerda que, contrariando sua vocação histórica, aceitou de forma passiva as pancadas sofridas ultimamente, precisa entender que é hora de virar o jogo. Mas para que isso aconteça, só existe uma estratégia: povo nas ruas.

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No entanto, o campo popular, fragmentado, tem encontrado dificuldades para se reunir em luta. As diferenças, que têm pautado as relações entre partido e militância, precisam, em nome da virada de mesa, serem relativizadas em torno de objetivos comuns. A vontade de reaver derrotas importantes e de retornar um projeto nacionalista e popular de governo deve, agora, impulsionar a população para as ruas, afastando de vez essa apatia, que fez até agora parte da população se contentar com migalhas. O que une precisa ser maior do que o que separa.

A queda de Pedro Parente, um dos nomes mais estratégicos do golpe, é um indicativo inequívoco de decadência e fraqueza dos golpistas. Desde a deposição de Dilma, nunca foi tão fácil confrontar uma narrativa que provou ser uma fraude e que não se sustenta mais. Tirar espaços da direita para que ela não continue a avançar não é mais suficiente, é necessário, agora, reivindicar direitos perdidos e esperanças aprisionadas. A esquerda precisa se unir, porque a hora de contragolpear chegou

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