Os títulos brasileiros também foram vencidos pela África?

Ainda assim muito tem se falado, na seleção “africana” da França em alusão a diversos jogadores afrodescendentes. Temos que destacar que nossas seleções campeãs sempre contaram com jogadores afrodescendentes sem perder a identidade nacional. Apenas em 1958, eram 8 jogadores titulares, entre eles, Pelé

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Ontem a França venceu, pela segunda vez em sua história, a copa do mundo de futebol, derrotando a seleção Croata, por 4x2. Dos 23 jogadores que disputaram a competição pela campeã, 21 nasceram na França. Apenas o zagueiro Umtiti, nascido na República de Camarões, e o goleiro reserva Thomas Lemar, que nasceu em Guadalupe, um território ultramarino da República Francesa, nasceram fora das fronteiras gaulesas. Ainda assim muito tem se falado, com diferentes conotações, na seleção “africana” da França em alusão a diversos jogadores afrodescendentes. Guardadas as diferenças históricas de formação dos dois países, que vamos falar em seguida, temos que destacar que nossas seleções campeãs sempre contaram com jogadores afrodescendentes sem perder a identidade nacional. Apenas em 1958, eram 8 jogadores titulares, entre eles, Pelé.

É verdade que não é justo comparar Mbappé com Pelé. Nem no futebol, nem na identificação que cada um exerce sobre seu país. No Brasil, os negros fazem parte da identidade nacional, desde a sua formação como povo, pelo triste advento da escravidão. Gilberto Freyre, nos anos 30, com ao menos duas obras, Casa Grande e Senzala e Sobrados e Mucambos, já tratava da importância dos brancos, índios e negros, e da miscigenação, na formação do brasileiro. A França não foi colônia, foi colonizador. E a miscigenação com africanos (com europeus já é frequente, ao menos desde 1850) ocorreu, de maneira inversa, e mais tardia que a nossa. Mas é importante destacar que não é menos legítima. Então, se Pelé, afrodescendente, nascido em Três Corações, Minas Gerais, é brasileiro, temos que admitir que Mbappé, nascido em Bondy, França, é francês. Ainda que seus pais não o sejam.

Boa parte dos comentários sobre os jogadores “africanos” ocorrem pela dificuldade de admitir que a França é um país miscigenado e nem todo francês é a expressão do estereótipo europeu. Existem muitos negros na França, mesmo fora dos campos: eles estão nas universidades, nos museus, nas praças e, infelizmente, em muita concentração nas periferias de Paris. O volante Kanté, descendente direto de imigrantes, por exemplo, era catador de lixo antes de começar a carreira de jogador nas divisões inferiores do campeonato francês. Certamente isso não faz dele menos francês. Outros jogadores têm história de vida semelhante, tanto no Brasil, como na França.

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Os xenófobos e racistas na França estão comemorando a copa do mundo, trazida com tantos méritos pela seleção mais negra da Europa. Mas, ao falar dos jogadores negros, sempre fazem questão de frisar que eles têm origens em outros países, como se, mesmo nascidos na França, fossem menos franceses do que os jogadores brancos. Interessante é saber que o jogador de destaque que mais se parece com o antigo estereótipo francês, o atacante  Griezmann, branco e de olhos azuis, também compõe o time de imigrantes. Descente, pelo lado da sua mãe, de portugueses, assim como muitos brasileiros.

 

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