É hora de confiar nas escolhas de Lula

O colunista Gustavo Conde analisa a nomeação de Haddad como vice de Lula e entende que esta candidatura à vice-presidência é a mais importante que o país já assistiu em toda a sua história, tal é o conjunto de cenários que ela é capaz de produzir; para Conde "Haddad é um nome nacional desde 2005, quando foi designado ministro da educação e promoveu uma revolução no setor"; ele acrescenta: "o nordeste conhece Haddad - que os ‘estrategistas’ de campanha não se preocupem com isso"

É hora de confiar nas escolhas de Lula
É hora de confiar nas escolhas de Lula


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Entre o habitual jogo de truco feito pelo TSE e as pressões múltiplas que aceleram o processo eleitoral e a costura de alianças, o nome de Fernando Haddad foi ganhando força dentro do PT nas últimas horas para preencher a vaga de candidato a vice-presidente na chapa com o presidente Lula.

A cartada do TSE em soltar uma ‘resolução’ para que se antecipasse a nomeação do candidato a vice, claramente para truncar as articulações do PT que começa a colher resultados muito fortes de concertação partidária, surtiu efeito e obrigou o campo progressista a se mexer com mais rapidez.

Ninguém quer arriscar uma impugnação de candidatura, mesmo sabendo que a ‘resolução’ do TSE é frágil juridicamente (e que poderia ser anulada com uma ação dos partidos). Fato é que não se tem mais segurança jurídica no país. O sistema judiciário e até a justiça eleitoral mostraram que não estão de brincadeira quando o assunto é Lula. Eles estão tomados, realmente, pela missão de impedir a candidatura do líder absoluto nas pesquisas.

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É uma soma de medo, mau-caratismo, oportunismo e absoluta falta de vergonha, tanto de seus pares que ainda produzem algum tipo de direito, quanto da história, que vai cobrar muito caro pela coleção sem precedentes de manobras judiciais e não cumprimentos de decisões de juízes soberanos.

Como de costume, no entanto, a conjuntura saturada de tantas irregularidades costuma cobrar em tempo real as agressões à lei e à constituição. O grande ‘coqueteleiro’ da democracia vai fazendo mais uma limonada light com o limão azedo dos tribunais de exceção.

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Vamos por cenas. Cena 1: a cartada mágica do TSE obrigou não apenas o PT, mas todos os partidos a correrem atrás de um vice – o que gerou um pânico inédito nas candidaturas e confundiu todo o cenário das alianças.

Cena 2: tão acostumado com as adversidades, Lula e o PT tiveram a frieza e a tranquilidade de desenhar cenários para ambas as situações: nomeação de vice já ou nomeação conforme o entendimento ‘real’ do TSE, no dia do registro da candidatura.

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A tentativa do TSE, portanto, foi boa, mas prejudicou os outros candidatos, menos 'geniais' na arte de costurar alianças ou, pelo menos, mais fragilizados, uma vez que, depois de Temer, há também uma crise generalizada para a ‘função’ de vice.

Em tempo: quanto mais perseguido pelas instituições mais desacreditadas da história, mais forte fica o PT, isso é quase uma lógica matemática.

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É nesse xadrez eleitoral que entra Fernando Haddad, talvez o político concreta e partidariamente mais promissor que o país viu desde Lula. Haddad acumula muitos significados neste momento: é o anti Doria (e Doria mergulhou em rejeição e repulsa recordes depois do desastre que foi sua ‘gestão’ na capital paulista), é a voz da contenção e da concertação, é um gestor premiado internacionalmente e é, nada mais nada menos que o coordenador nacional do programa de governo de Lula.

Haddad é um nome nacional desde 2005, quando foi designado ministro da educação e promoveu uma revolução no setor. O nordeste conhece Haddad -  que os ‘estrategistas’ de campanha não se preocupem com isso.

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Mas há muito mais para se falar de Fernando Haddad.

No que diz respeito a simulações com Haddad na cabeça de chapa e não como vice, um termômetro relevante em cenários tão tomados pelas incertezas judiciais, Haddad atinge um patamar de 5%, conforme pesquisas do Datafolha e do Instituto Paraná Pesquisas feitas em meados de maio.

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Numa situação extrema de necessidade de substituição a Lula nesse cenário de guerra em que todas as projeções devem ser consideradas, intra ou extramuros, Haddad é a própria transfiguração de Lula: tem potencial para herdar os votos, como as próprias e confusas pesquisas já demonstraram.

O momento, no entanto é de soma. Haddad conquistou a confiança da executiva do partido e goza de muito prestígio junto às redes sociais e ao eleitor paulista, que percebeu o suicídio que cometeu trocando um prefeito da qualidade de Fernando Haddad por um oportunista escancarado como João Doria.

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O discurso de repulsa à gestão Doria favorece demais Fernando Haddad como elemento agregador de densidade eleitoral no maior colégio eleitoral do país que é o estado de São Paulo.

Outro elemento que chancela Haddad como um vice dos sonhos para o PT reorganizar sua campanha depois do furacão Marília Arraes é a qualidade do programa de governo que ele coordenou e alinhou com Lula e lideranças do partido.

Ao coordenar o programa do PT e aparecer na linha de frente da candidatura, encarando a imprensa hostil para defender os eixos do planejamento do futuro governo, com capacidade evidente de produzir o enfrentamento pesado junto aos veículos de comunicação monopolistas, Haddad chamou a atenção de todo o espectro partidário, da militância aos diretórios: ele parte pra cima, sem a menor hesitação.

O programa de governo do PT sob os cuidados de Haddad é um fato novo no cenário eleitoral. É denso, é detalhista, é corajoso, é mais à esquerda do que os anteriores. A dicção técnica de um intelectual que tem os pés também na luta política (que conhece Karl Marx, Max Weber e a escola de Frankfurt como poucos), além de ser um quadro político que promoveu um notável salto de qualidade e de inclusão na educação no país, faz a diferença quando o assunto é a postura assertiva e a qualificação discursiva no cenário violento do debate político brasileira.

Lula sabe disso e, por isso, tem confiança em Haddad para enfrentar o sistema, não apenas para ser um quadro ultra qualificado.

Fernando Haddad foi um desses ministros que também encantou Lula pelo volume de capacidade de trabalho e de coragem para erodir os nichos de poder estabelecidos há séculos no mundo da educação brasileira. Haddad peitou interesses poderosíssimos e cravou uma nova realidade em nosso universo acadêmico, da pré-escola à pós-graduação.

É com base em todas essas considerações e percepções que Fernando Haddad está na iminência de ocupar a candidatura de vice-presidente mais importante da história do país. Enquanto escrevo este artigo, a possibilidade de esta decisão já ter sido tomada não é pequena.

O momento enseja um cenário em que as palavras ‘confiança’ e ‘lealdade’ prevaleçam e ocupem o protagonismo dos sentidos políticos. Lula confia em Haddad e a hora é do eleitor confiar em Lula.

Lula dá seus passos com imensa responsabilidade de dentro de uma prisão política e, daqui de fora, resta a todos nós observarmos com o devido senso crítico, mas também com as devidas gratidão e confiança os lances de xadrez de um dos maiores estrategistas políticos do mundo.  

É hora de confiar nas escolhas de Lula.

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