José Padilha é a piada da vez

"Padilha é um ‘case’ para se entender a sinuca de bico em que o fascismo brasileiro mergulhou antes mesmo de vencer qualquer coisa. O indivíduo classe média, ignorante, egocêntrico, violento e histérico que apoiou o golpe, vê-se agora diante de uma terrível encruzilhada, tendo que optar entre Haddad e Bolsonaro, o cardápio eleitoral ‘sádico’ que a história fanfarrona lhe oferece", afirma o linguista Gustavo Conde sobre artigo recente do cineasta José Padilha em que o roteirista lamenta os rumos da eleição brasileira

José Padilha é a piada da vez
José Padilha é a piada da vez (Foto: Reprodução do Youtube)


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O roteirista José Padilha é a expressão máxima do brasileiro que apoiou um golpe de estado, que acreditou no slogan “pelo fim da corrupção”, que teve a capacidade de colocar uma camisa da CBF e sair com a família para gritar contra ‘tudo isso que aí está’, e que se vê agora encurralado pela própria vergonha de si.

Padilha está com vergonha. E seu jeito de manifestar sua vergonha é se debater consigo mesmo, com a história, com os fatos e produzir, assim, um artigo estarrecedor de ruim para um jornal golpista – que também está com vergonha.

É dose ler o Padilha. Ele lembra um pouco o Luciano Huck, com seu texto bastante mal escrito e repleto dos pressupostos mais atrasados e plenos de preconceitos da cena crítica. Padilha parou no tempo. Ele acha que Fidel Castro, Mao Tse Tung e Stálin estão todos vivos. Fala deles como se eles tivessem que ser presos pela Lava Jato.

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Não admira. Para um roteirista meia-boca que deturpou a fala de Romero Jucá e a pôs na boca de um Lula cênico numa série precarizada e fracassada - que fez a Netflix se arrepender e se desculpar - nada é impossível no que diz respeito à arte de produzir ‘micos’.

Padilha me faz feliz. É bom ver um expoente da frustração política-sexual que devastou o Brasil emergir em público para assegurar a sua furiosa insignificância na história.

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O diretor – ele também é diretor de cinema – redige tão bem quanto dirige. Troca fatos, deturpa sentidos, distorce a realidade e espanca a história. Para um diretor, isso é bom. Para um analista crítico, é constrangedor. Padilha quer ‘pagar’ de ensaísta de costumes, mas é só um diretorzinho pé-de-chinelo.

O Padilha é o ‘Capitão Fábio’ (personagem de seu filme Tropa de Elite) da cena do comentário político. Ele não conseguiu entrar para o BOPE da direita fascista literária que tem os coronéis Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, William Waack, Merval Pereira e Denis Lerrer Rosenfield (esses, pelo menos, leram quadrinhos na infância e têm algum acesso ao senso de ridículo).

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Tomo a liberdade de interpelar Padilha:  - O seu lugar, Padilha, é com Luciano Huck. É com Kim Kataguiri. O seu lugar é com ‘clínica de fakenews’, com Rodrigo Constantino, com Augusto Nunes, com Alexandre Frota, com eleitor de Bolsonaro.

Padilha, quando escreve, faz colônias inteiras de neurônios pularem de penhascos. A ausência olímpica de metodologia crítica em seus textos beira o risível. Para criticar a esquerda, ele cita nomes da Segunda Guerra Mundial, para elogiar a direita, ele cita economistas do neoliberalismo. Mistura lé com cré sem o menor pudor.

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Quer parecer erudito e dar a entender que leu os economistas Adam Smith, Ludwig von Mises e Friedrich Hayek, numa pulsão infantil de parecer mais do que é, a la Otávio Frias Filho. Associa esses economistas, pasmem, a Bolsonaro. 

Padilha consegue alinhar em sequência progressiva, acreditem,  Mao, Hitler, Stálin, Fidel e Franco. É o protótipo do burguesinho fóbico, antipetista, com severas limitações de ordem cognitiva e de caráter.

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Coloca a ‘ideologia’ como um empecilho para a ‘ética’, numa formulação que faria a maioria dos filósofos do século 20 se debater nos seus respectivos caixões. Nem cabe o trabalho de explicar para o roteirista subdesenvolvido o que é ‘ideologia’. É mais fácil ele consultar a Wikipedia, que dá uma ‘facilitada’ nas coisas, mas com dignidade (e com referências).

Padilha é, no entanto, um ‘case’ para se entender a sinuca de bico em que o fascismo brasileiro mergulhou antes mesmo de vencer qualquer coisa. O indivíduo classe média, ignorante, egocêntrico, violento e histérico que apoiou o golpe, vê-se agora diante de uma terrível encruzilhada, tendo que optar entre Haddad e Bolsonaro, o cardápio eleitoral ‘sádico’ que a história fanfarrona lhe oferece.

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Diante desses nomes, Padilha prefere a morte. Ele, inclusive, anunciou a morte do Brasil neste artigo-relato-de-caso que ele acaba de publicar no jornal Folha de S. Paulo. É quase um editorial da própria Folha, tão mal escrito quanto e tão repleto de imposturas e desonestidades intelectuais de toda a sorte (ou azar).

Padilha é o ente apodrecido que terá de ser desfibrilado pela democracia à fórceps. Ele representa o caos mental que devastou a subjetividade residual do brasileiro pateta que assiste a Rede Globo até hoje.

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É o testemunho de que o projeto fascista fracassou sozinho, sob entropia, no fritar dos neurônios e nos interstícios da corrupção de espírito.

Padilha é a cereja sub intelectual do bolo que celebrará o retorno da democracia. O antissujeito, o anticineasta, o antianalista, a negação de si, o estilhaçamento subjetivo, o desespero, a indiferença, o descompromisso, a prostração mental, o mecanismo enferrujado da formulações atrasadas.

Seu exílio voluntário em Los Angeles que mais parece uma fuga covarde da realidade é o que ele merece. Que ele continue a produzir essas pérolas textuais repletas de ódio e frustração intelectual. A gente se diverte.

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