Bolsonaro e seus seguidores se expõem ao que mais temem

"A escritora francesa Hélène Bruller já havia estabelecido essa característica gritante em Jair Bolsonaro: ele fala tanto em homossexual que é evidente que ele gostaria de ser um – mas não teve coragem o suficiente para ser. Ademais, o ex-militar já demonstrou toda a sua covardia, recusando-se a ir a debates eleitorais", diz o linguista Gustavo Conde sobre as pulsões submersas que regem a psicologia primitiva do candidato do PSL

Bolsonaro e seus seguidores se expõem ao que mais temem
Bolsonaro e seus seguidores se expõem ao que mais temem (Foto: Antonio Augusto/Agência Câmara)


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Com Bolsonaro e seus seguidores, a homofobia ganhou um novo patamar no terreno das contra-projeções simbólicas. Todo psicanalista sabe que o homofóbico tem pulsões homossexuais dentro de si e que são essas pulsões que o fazem elaborar sua fobia. Esse é o beabá do distúrbio.

Ocorre que homofóbicos também desenvolvem artifícios de linguagem para mascarar sua inclinação homossexual – que, nem de longe, é um problema, senão apenas por ser denegada. Homofóbicos que não querem ver sua homossexualidade transversa exposta, tendem a ser mais discretos e evitam o assunto (é a grande maioria dos homens, diga-se passagem).

Mas o gesto primitivo de Bolsonaro e de seus simpatizantes eleitores é um escândalo. Com todo respeito aos homossexuais de honra e coragem que não têm nada com isso e são felizes e plenos, Bolsonaro representa o ápice da homossexualidade recalcada.

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A escritora francesa Hélène Bruller já havia estabelecido essa característica gritante em Jair Bolsonaro: ele fala tanto em homossexual que é evidente que ele gostaria de ser um – mas não teve coragem o suficiente para ser. Ademais, o ex-militar já demonstrou toda a sua covardia, recusando-se a ir a todo e qualquer debate eleitoral.

De maneira que a homossexualidade reprimida, uma disfunção fatalmente digna de tratamento, tem em Bolsonaro e em seus seguidores do sexo masculino, a sua mais esplendorosa materialização.

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Um exemplo incontestável é o discurso que emerge da violência de eleitores do sexo masculino de Bolsonaro, quando vislumbram e celebram uma vitória eleitoral que ainda não veio. Eles ameaçam homossexuais conhecidos, formulando o seguinte enunciado: “você vai tomar porrada para deixar de ser gay”.

Ora, ora, ora. O eleitor-macho de Bolsonaro quer que seu amigo gay deixe de ser gay. Por quê? Será que ele só pode gostar de e conviver com homens-machos à sua volta?

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Este linguista que vos fala estudou as piadas de gaúchos no seu mestrado. É o mesmíssimo fenômeno realizado nos interstícios da produção de humor. No imaginário regionalista brasileiro, o gaúcho é o machão, que ama seu cavalo e fala grosso.

No imaginário jocoso, esta personagem é auto-reveladora. O discurso obsessivo de macho é apenas para mascarar sua profunda feminilidade.

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As piadas de gaúchos explicam Bolsonaro: “um gaúcho diz ao outro: ‘quando eu chegar em casa, eu vou arrancar a calcinha da minha mulher’. E o outro responde: ‘mas, bah, que violência é essa?’. Ao que o primeiro gaúcho retruca: ‘violência nada, tchê, é que ela tá me apertando o dia inteiro’.”

A piada é delicada. Não é ofensiva nem preconceituosa. Ela é pedagógica. As piadas de gaúcho são, em geral, uma resposta a esse distúrbio que é a homossexualidade reprimida compensada com o discurso machista e viril.

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Veja-se alguém com muitas marcas de virilidade no discurso, e a certeza é incontornável: há desejo reprimido por alguém do mesmo sexo ali.

O que não é problema algum, óbvio. O problema é transformar esse desejo latente em violência tóxica.

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Não deve ser nada agradável para os gays saberem que Bolsonaro – e seus seguidores do sexo masculino - são também gays. Afinal, eles, os eleitores de Bolsonaro, são profundamente desfavorecidos intelectualmente – o que não costuma ser o caso dos gays, que, em geral, são inteligentes e dotados de caráter.

Peço desculpas, portanto, por essa brutal comparação. São situações diferentes e sexualidades diferentes. Bolsonaro é doente e covarde. Um gay – assumido – é são e extremamente corajoso.

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