Acabou, Clóvis Rossi, fuja enquanto dá

O linguista Gustavo Conde devolve a Clóvis Rossi a impostura retórica que se apoderou de seu trabalho de jornalista; irreverente, Conde parodia Rossi e faz um apelo para que coloquemos o jornalismo de quinta categoria em um avião para Miami e o despachemos com honras de 'ditadores da editocracia'; antes, ele se lamenta: "nunca vi, em tantos e tantos anos de leitura sôfrega do jornal Folha de S. Paulo, uma autoavacalhação tão impressionante como a que conseguiu realizar o jornalista veterano Clóvis Rossi"

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Acabou, Clóvis Rossi, fuja enquanto dá


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Nunca vi, em tantos e tantos anos de leitura sôfrega do jornal Folha de S. Paulo, uma autoavacalhação tão impressionante como a que conseguiu realizar o jornalista veterano Clóvis Rossi. 

O decano da imprensa que até publicar seu artigo de despedida do jornalismo ainda preservava alguma cifra de respeito profissional, decidiu mergulhar na personificação do 'cachorro louco', pistoleiro pago para disparar balas a esmo e, quem sabe, intimidar a 'vilazinha' da informação. 

É realmente impressionante como a imprensa brasileira insiste em se manter em seu tradicional "patamar mais baixo do mundo" da produção jornalística. 

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Não combina com a criatividade e garra do povo brasileiro. Explica-se. Ela se estruturou historicamente de cima para baixo, é o esplendor do nosso traço sociológico mais inflamado: a dicção escravocrata. 

Nossa escola de jornalismo político produziu o mais subserviente e pegajoso profissional do planeta: ele se arrasta pelo lodaçal da interpretação primária de texto e lambe coturnos, fardas e os ternos de grife que habitam a editocracia tupiniquim. 

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Clóvis Rossi é o estandarte dessa tradição. Enquanto o país foi uma ditadura oficial ou uma avacalhação generalizada como nos governos de FHC, sua voz ainda soava minimamente 'tensionada', investida de algum 'suor prospectivo'. Tinha o estilo também. 

Mas só estilo não dá. 

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Diante do artigo de Clóvis Rossi intitulado "Acabou, Nicolás, fuja enquanto dá", eu fiquei estupefato como a imprensa internacional diante da ausência do governo brasileiro na coletiva que não houve em Davos. Que jornalismo é esse?

Cadê a factualidade, a 'neutralidade', a objetividade, os 'dois lados', o equilíbrio? 

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Claro que nem eu - como linguista - não acredito nessa 'baboseira técnica' do jornalismo do século 20. A língua humana não comporta neutralidade. A neutralidade é um 'efeito' e, como efeito, ela é forjada nas redações autocráticas e interessadas. 

Mas já que a gente lida com esse dinossauros, a gente pergunta, né. É retórico. 

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O fato factual concreto - sic - é que ficou constrangedor para o decano da Barão de Limeira. O chavismo não está cindido e as Forças Armadas venezuelanas não estão derretendo em deslealdade constitucional. 

Mais: as manifestações em Caracas - diferentemente do que disse o 'crazy dog' - não foram majoritariamente oposicionistas. Teve para os dois lados e, segundo relatos de quem esteve lá, as pró Maduro foram maiores. 

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Eu li muito Clóvis Rossi na infância e adolescência. Não tenho como negar um rastilho de afeto que me atravessa a ideia diante disso tudo. 

O país está em modo 'colapso dos sentidos' faz tempo. Talvez, eu deva acreditar que o jornalista da Folha foi uma vítima de tudo isso. 

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Só posso concluir minha crítica solidária parodiando o trecho final do famigerado artigo rossiano - como parodiei o inicial: se eu fosse Clóvis Rossi, pegaria um avião para Miami. É a maneira expedita de atender ao grito da rua 'Santa Padroeira da Interpretação de Texto' para que o redator inflamado se vá.

E já iria tarde.

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