Bolsonaro, que medo você tem de nós…

"Nas democracias, povo nas ruas é algo absolutamente normal, e os governantes têm de aprender a lidar com isso. Nesse governo, porém, o assunto caminha para ser tratado como uma anomalia, o que parece preocupante desde já, quando as ruas ainda estão vazias", avalia a jornalista Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia, sobre o uso da Força Nacional durante a manifestação dos povos indígenas em Brasília no Acampamento Terra Livre; "O que poderá acontecer?"

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Por Helena Chagas, no Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia

Cuidado, os índios estão chegando, com seus perigosos tacapes e bordunas, para acampar na Esplanada em protesto contra mudanças na regulação da demarcação de terras. Em 1º de maio, devem vir manifestantes contrários à reforma da Previdência. Nada que o gramado na frente do Congresso – antigamente chamado de Casa do Povo – não tenha assistido centenas de vezes nesses anos de democracia. Mas o governo Bolsonaro, de antemão e sem qualquer solicitação do governo do DF, já convocou a Força Nacional de Segurança e seus homens do Exército para tomar conta do pedaço.

Como dizia o refrão daquela música de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, gravada pelo MPB-4 nos anos de chumbo da ditadura, "que medo você tem de nós..". Só o medo explica o pedido do ministro chefe do GSI, general Augusto Heleno, ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, para convocação da Força Nacional por um período de 33 dias para conter manifestações na Esplanada – que permaneceu praticamente vazia nesses três meses e pouco.

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Quem circula entre os militares que cercam o presidente Jair Bolsonaro assegura, porém, que as ruas são o grande temor do Planalto nesse momento em que a popularidade do governante maior se deteriora precocemente, o governo dá sinais de desarticulação e a pressão do establishment econômico e financeiro pela aprovação da Previdência é enorme. Seu maior pesadelo – coincidência ou não, "Pesadelo" é o nome da música do MPB-4 – é que as manifestações contra a reforma deflagrem um movimento de ruas que vá se avolumando e se torne irreversível.

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Nas democracias, povo nas ruas é algo absolutamente normal, e os governantes têm de aprender a lidar com isso. Nesse governo, porém, o assunto caminha para ser tratado como uma anomalia, o que parece preocupante desde já, quando as ruas ainda estão vazias. O que poderá acontecer?

Não custa lembrar mais um pedacinho da música: Pesadelo MPB-4 "Quando um muro separa/ Uma ponte une/ Se a vingança encara/O remorso pune/Você vem me agarra/Alguém vem me solta/Você vai na marra/Ela um dia volta/E se a força é tua/Ela um dia é nossa...".

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