De volta aos 90: fila de desempregados reúne 15 mil no Anhangabaú

Multidão atraída por mutirão do emprego, do Sindicato dos Comerciários e Prefeitura de São Paulo, evidencia fracasso da promessa de geração de empregos com a reforma Trabalhista, que na prática somente retirou direitos e precarizou relações de trabalho



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Uma cena comum nos anos 1990 voltou a fazer parte da passagem urbana da região central da capital paulista na terça-feira 26: filas gigantescas de desempregados em busca de reinserção no mercado de trabalho. Cerca de 15 mil pessoas foram atraídas por um mutirão de emprego, promovido pelo Sindicato dos Comerciários em parceria com a Prefeitura de São Paulo, em busca de vagas oferecidas para segmentos como telemarketing, operador de caixa, atendente e vendedor de loja. Os desempregados, vindos de todo o país, começaram a formar a fila na segunda-feira 25, às 9h.

Para a secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato, Marta Soares, voltar a ver filas gigantescas de desempregados nas grandes cidades evidencia o fracasso da promessa de geração de empregos feita para aprovar a reforma Trabalhista, em vigor desde 11 de novembro de 2017.

"O discurso do então presidente Michel Temer e dos apoiadores da reforma Trabalhista – grupo que inclui o atual presidente Jair Bolsonaro, que votou a favor do projeto – era de que com o que eles chamavam de flexibilização e modernização da legislação trabalhista o nível de emprego subiria, que o desemprego era reflexo de um suposto excesso de direitos dos trabalhadores. Esse discurso caiu por terra e a volta das filas gigantescas de desempregados, com pessoas dormindo na rua para tentar uma vaga, é um triste retrato desse fracasso", avalia a diretora do Sindicato.

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Em dezembro de 2014, o país vivia plena geração de emprego, com taxa de desemprego em 4,3%, melhor índice da série histórica iniciada em 2002. Hoje, de acordo com os dados consolidados no trimestre que se encerrou em janeiro de 2019, a taxa de desemprego está em 12%. Em fevereiro, segundo dados do Caged, o país estava com 38,622 milhões de empregos formais, praticamente no mesmo nível de 2016 (39,028 milhões), período de crise econômica aguda e anterior à reforma Trabalhista.

"Os dados mostram que na prática a reforma Trabalhista não aumentou o nível de emprego no país. O projeto retirou direitos e precarizou relações de trabalho com novas formas de contratação: tempo parcial e intermitente. Essa modalidades permitem que o empregado trabalhe de acordo com a demanda do patrão, sem direitos e recebendo bem menos de um salário mínimo. Ainda assim, esse trabalhador é registrado como empregado, o que mostra que a situação do emprego no país pode ser bem pior do que os números oficiais apresentam", diz Marta.

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A diretora do Sindicato alerta que o plano do atual governo é aprofundar ainda mais a reforma Trabalhista aprovada por Temer. "O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, já afirmaram diversas vezes que o trabalhador terá de escolher entre emprego e direitos. Para isso, propõem a criação da carteira de trabalho verde e amarela, na qual o trabalhador abre mão de qualquer direito. Uma falsa escolha. O trabalhador em situação de desemprego vai escolher o emprego que aparecer".

"Essa é a estratégia dos governos neoliberais. Prometem pleno emprego para cortar direitos. Quando os empregos não aparecem, não admitem que suas políticas são falhas, não assumem que não podem cumprir o que prometeram. Pelo contrário, defendem que o remédio não foi amargo o bastante e que, portanto, é preciso retirar ainda mais direitos. A reforma Trabalhista é uma prova disso e a proposta de reforma da Previdência mantém a mesmo lógica da chantagem. Porém, os trabalhadores, organizados em suas entidades representativas, estão mobilizados para barrar retrocessos. Queremos emprego, direitos e aposentadoria digna. Vai ter luta", conclui Marta.

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