Lavanderia press

"É de uma ironia cruel o fato de que, iniciado o circo fascista dos Bolsonaros, a turba de jornalistas que mentiu, manipulou, inventou, deturpou e, no limite, se omitiu antes e durante o golpe que derrubou Dilma Rousseff, em 2016, esteja sendo chamada, agora, de esquerdista", diz Leandro Fortes, da rede Jornalistas pela Democracia; para ele, muitos dos jornalistas que aderiram "ao antipetismo primário e à manipulação rasteira de informações para achincalhar os governos do Partido dos Trabalhadores", "estão agora no Twitter e no Facebook fazendo textões contra o tratamento que a imprensa teve na posse do Bozo, como se não tivessem culpa direta por tudo que está acontecendo"

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Lavanderia press (Foto: José Cruz/Agência Brasil)


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Por Leandro Fortes, do Jornalistas pela DemocraciaÉ de uma ironia cruel o fato de que, iniciado circo fascista dos Bolsonaros, a turba de jornalistas que mentiu, manipulou, inventou, deturpou e, no limite, se omitiu antes e durante o golpe que derrubou Dilma Rousseff, em 2016, esteja sendo chamada, agora, de esquerdista.

Tudo bem que a designação, usada como adjetivo pejorativo, venha dessa tropa de débeis mentais que dá suporte digital às sandices do Bozo, mas, ainda assim, é uma injustiça que desanda para uma malandragem antiga: a lavagem de biografia.

Na última década, assistimos, não sem alguma estupefação, dezenas de jornalistas brasileiros se alinharem ao antipetismo primário e à manipulação rasteira de informações para achincalhar os governos do Partido dos Trabalhadores, demonizar ações da esquerda e, mais grave, criminalizar os movimentos sociais. A maioria se alistou nesse exército de bajuladores de patrões apenas por sabujismo, puro e simples, certos de que não teriam que se preocupar com o futuro.

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Em todas as redações, o sinal verde para atacar e tripudiar o petismo gerou um fenômeno bifurcado: de um lado, jornalistas experientes aderiram à loucura antipetista de olho na sobrevivência e na possibilidade de ascensão, em meio à fulminante decadência do jornalismo impresso e analógico; e, de outro, o surgimento de uma nova geração de monstrinhos competitivos, lapidados nos cursinhos de trainee das velhas marcas de imprensa, adestrados para fazer, literalmente, qualquer coisa que seus chefes mandarem.

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O resultado foi a consolidação de um subjornalismo, baseado numa visão unificada e burra da reportagem, ditado pelo baronato de mídia, voltado basicamente para uma classe média historicamente iletrada e apavorada, e para um lumpesinato urbano que começava a migrar para o WhatsApp – terreno fértil para a propagação de mentiras facilmente absorvidas pelas alminhas pequenas que inundam as redes sociais, na internet.

Ao anunciar uma mudança no eixo de alimentação de verbas para o SBT e a Record, desprezando o Grupo Globo, e ignorar completamente os jornalões remanescentes, Jair Bolsonaro forçou os patrões da velha mídia a liberar suas hordas para pressionar o novo governo, de modo a, como de costume, forçá-lo a se submeter a seus habituais caprichos. Mas era tarde demais.

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Essa perda de timing, aliada à perda de credibilidade dos veículos de comunicação, ao longo dos últimos 15 anos, tornou ainda mais bizarra essa virada de opinião de certos jornalistas, nas redes sociais. O que antes era naturalizado sem nenhum pudor – o estado policial, as perseguições políticas, as prisões arbitrárias, as condenações sem prova, a corrupção dos amigos – passou a causar horror e indignação.

Gente que babava de ódio contra o PT, jornalistas subalternos que apoiaram o processo criminoso de impeachment contra Dilma para, em seguida, participarem daquela entrevista patética com Michel Temer, no Roda Viva, estão agora no Twitter e no Facebook fazendo textões contra o tratamento que a imprensa teve na posse do Bozo, como se não tivessem culpa direta por tudo que está acontecendo.

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Eu, de minha parte, não vou deixar essas madalenas caírem no esquecimento, impunemente.

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