Mercado de terras, imperialismo e reorganização do regime político

Os trabalhadores rurais estão perdendo todos seus parcos direitos e estão sendo submetidos a condições de escravidão. E os sem terra sendo alvo de criminalização como se fossem terroristas. Inevitável será uma nova onda de êxodo rural para as grandes cidades

Mercado de terras, imperialismo e reorganização do regime político
Mercado de terras, imperialismo e reorganização do regime político (Foto: Pedro Moraes/GOVBA)


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O monopólio da propriedade privada da terra é a base do poder local no Brasil, é a base das oligarquias regionais constitutivas do Estado nacional. Latifundiários, burguesia rural nacional e pequenos proprietários, em graus diferentes estão sofrendo uma ofensiva do capital financeiro, que está reorganizando a malha fundiária brasileira conforme os seus interesses.

Toda uma sorte de mecanismos foi colocado em marcha para preparar as compras e arrendamentos pelo capital estrangeiro de terras brasileiras.

Na primeira onda neoliberal, durante o governo FHC, foi implementado a reforma agrária do mercado exigida pelo Banco Mundial em troca dos empréstimos prestados. O objetivo era preparar as bases do mercado de terras internacional que viria a florescer após a crise de 2008.
Quem era o homem do Banco Mundial nesse primeiro processo? Raul Jungmann.

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Personagem que iremos reencontrar no governo Temer, após o golpe de estado que inicia uma segunda onda neoliberal, agora como ministro da Defesa, ou seja, responsável pelas fronteiras (que tem sido alvo estratégico de compras por bancos internacionais).

A partir de 2008, começa o que o Banco Mundial chamou de corrida mundial por terras. Há um processo de fusão/subordinação da renda fundiária ao capital financeiro. O imperialismo está passando a controlar se não toda a terra, a parte estratégica para subordinar todas as demais. Nesse processo há um deslocamento político da base do Estado nacional.

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O imperialismo, suas empresas, seus quadros não apenas controlam o Estado por cima, como que iniciaram um processo de controle por baixo, de reorganização do regime político de cima a baixo de forma vasta e ampla.

Consequência dessa aquisição massiva de terras pelo capital financeiro, parte do mesmo processo de golpe contra Dilma, houve um vasto golpe de estado nas eleições municipais de 2016.

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Mais de 2300 candidatos foram barrados de participar das eleições. E após as eleições realizadas 147 foram impugnadas, sendo necessário a realização de novos pleitos.

Esse processo está na base da quase liquidação do MDB nas eleições para Câmara e Senado nesse ano. Pois todos sabem que o regime político brasileiro é formado a partir dos municípios, que garantiu ao PMDB a primazia sobre o regime político brasileiro nos últimos 30 anos.

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O processo de recolonização do Brasil pelo imperialismo, necessita neutralizar o poder das oligarquias, e por isso, os primeiros ataques após o impeachment de Dilma se voltaram contra as lideranças do então PMDB, Sarney, Romero Jucá, Calheiros, etc.

Nesse sentido também é que se explica os ataques aos frigoríficos brasileiros e o fato de passarmos a exportar bois vivos.

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Contudo, não há oposição entre esses setores oligárquicos e burgueses e o imperialismo. A real e fundamental contradição no interior de todo esse processo se dá entre o imperialismo e os trabalhadores rurais, sem-terras e parte dos pequenos proprietários.

Estes estão sendo expulsos das suas terras após um processo planejado de endividamento com os bancos que passam a executar suas dívidas, ou pressionar para contratos de arrendamento muito ruins.

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Os trabalhadores rurais estão perdendo todos seus parcos direitos e estão sendo submetidos a condições de escravidão. E os sem terra sendo alvo de criminalização como se fossem terroristas. Inevitável será uma nova onda de êxodo rural para as grandes cidades, ou para fora do país como está ocorrendo em Honduras e na Argentina.

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