Como Dilma pode garantir a vitória da partida?

Vê-se que quem, hoje, reúne as maiores condições para antecipar o tempo que a presidenta pediu é o Ministério do Planejamento e a Secretaria-Geral



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A  disputa política nacional pode estar chegando ao seu ponto de inflexão, mas é preciso fazer os derradeiros movimentos cirúrgicos.

Na semana que passou, o governo e o PT se movimentaram bem, o que contribuiu para reduzir o tamanho das marchas contra a derrubada da presidenta e fechou com chave de ouro com as expressivas manifestações do dia 20 e com a denúncia de Eduardo Cunha pela Procuradoria-Geral da República.

Porém, quem pensava que a reação golpista desanimaria enganou-se e a oposição não tardou em reagir. Como noticiou o Brasil 247, "o ministro Gilmar Mendes determinou nesta sexta que a Procuradoria Geral da República apure eventuais crimes relacionados à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff" e o bloco PSDB, DEM, PPS e SD se reunirá para unificar o discurso em torno da defesa do Impeachment.

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Vão apostar a tal "bala de prata" enquanto Dilma ainda acumula impopularidade e a economia convive com percalços duros para os eleitores da presidenta: aumento do desemprego e da inflação, redução dos empregos formais e desaceleração econômica.

Em paralelo, sabe-se que as manifestações do dia 20 não foram governistas. Se de um lado estava a defesa da legalidade e a solidariedade com Dilma, de outro estava a rejeição ao Ajuste Fiscal e a defesa das reformas populares. A melhor tradução foi o cartaz onde se lia: "estou com Dilma, mas melhore, mulher!". Todavia, houve outra característica que pode ter passado desapercebida. Pelo menos em Brasília, onde o ato foi na Rodoviária do Plano Piloto, a recepção dos panfletos nas filas dos terminais de ônibus, lotadas de gente do povo que, certamente, é alcançada por alguma política social, não era das melhores.

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Ninguém pode adivinhar o desfecho da contra-ofensiva oposicionista, mas como informa o secretário de movimentos populares do PT, Bruno Elias, "nos próximos dias a mobilização [popular] deve prosseguir em momentos importantes como o Encontro do Plebiscito Constituinte no dia 4 de setembro, o lançamento da Frente Brasil Popular, no dia 5, e o Grito dos Excluídos, no dia 7 do mesmo mês".

Dilma tem que ter a sua própria “bala na agulha”

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O certo é que a blindagem que o governo promoveu para enfrentar as manifestações de domingo 16/08 precisa de um passo para fechar a tampa: sinalizar para a base e os eleitores da presidenta. Ela não pode ficar refém das idiossincrasias do PMDB e do empresariado.

Em entrevista ao jornal alemão Handelsbatt, Dilma declarou que "em nove meses desde a eleição, nós não conseguimos implementar o que prometemos para o segundo mandato. Eu digo: nos dê mais tempo e então nós poderemos alcançar as expectativas", demonstrando que, ao contrário do que muitos pensam, não abandonou o programa vitorioso nas urnas. Porém, "tempo" neste caso é tempo político e ele precisa ser construído.

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A redução da meta fiscal deveria ser o caminho para o mais importante: se a Agenda Brasil será o Draft Zero para o que se pretende fazer no país até 2018, os movimentos sociais e os trabalhadores precisam se enxergar nessa Agenda. Porém, assim como a parte empresarial da Agenda Brasil é rica em ideias e propostas, a versão popular dela tem que seguir o mesmo caminho. Não apenas o que fazer, mas como fazer, como se chegar aos objetivos maiores com proposição de iniciativas-meio, consistentes e bem elaboradas, o que exige saltar da relação com os movimentos para a cooperação estratégica permanente com eles e, logo, da "sala de recepção" para os instrumentos de gestão pública.

E o tempo urge, não espera, vide, logo após o dia 16, se iniciar um fritura midiática do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, afinal foi ele quem demarcou o campo da disputa política, dizendo que tais marchas não eram de eleitores da presidenta, foi o  primeiro a declarar que "o ajuste fiscal não é um fim em si mesmo" e organizou a reunião com os movimentos sociais e, ao que parece, convenceu a presidenta a comparecer nas etapas regionais do Dialoga Brasil, fórum de participação social para a elaboração do Plano Plurianual 2016-2019.

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Por este quadro, vê-se que quem, hoje, reúne as maiores condições para antecipar o tempo que a presidenta pediu, é o Ministério do Planejamento e a Secretaria-Geral. Para isso, seria importante completar alguns movimentos:

1) Se a Agenda Brasil será o "farol", ela deve ser incorporada no PPA, o "plano de metas" oficial e constitucional do governo, cuja construção MPOG e SG coordenam;

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2)  Se incorporada, é preciso que os diálogos regionais incorporem a dimensão popular da Agenda. Por mais “ponto” que esteja, assim como a meta fiscal foi redesenhada para passar segurança com verdade ao empresariado, o PPA pode e deve ser reconfigurado para passar a mesma mensagem ao povo;

3) Se incorporar esta dimensão, é essencial uma concertação prévia com o PT, o movimento sindical,  a Frente Brasil Popular, o Plebiscito pela Constituinte, para dar força social, parlamentar e local, tal como clareza na defesa pública do conteúdo desta dimensão;

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4) Se está se realizando diálogos regionais em torno do PPA e a recepção popular, de gente certamente alcançada por programas do governo, não é das melhores, devem ser envolvidos os beneficiários destes programas nos estados para discutir os passos seguintes do país;

5) Se se está realizando diálogos regionais em torno do PPA e houve reunião com governadores contra o golpe, sinalizando uma retomada de investimentos nos estados, é importante pactuar metas sociais, de infraestrutura do PPA federal com os estados, para a sinergia no esforço federativo para alcancá-las, com hegemonia do programa vitorioso nas urnas e suas diretrizes;

As palavras de ordem do momento são Coesão e Conteúdo para criar as condições para recolocar o Brasil no tradicional, desde 2002, 54% a 46% em favor do campo popular, nacional e democrático.

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