O Deus medieval do novo ministro e a longa noite em que mergulhamos

A colunista Lúcia Helena Issa traça um perfil do novo ministro da Educação, lamentavelmente mais um nome indicado por Olavo de Carvalho a Jair Bolsonaro; "Vélez é um completo desconhecido no meio educacional. Tem algumas obras publicadas com pouca repercussão e escreve de maneira confusa, chata e pedante, mas deixa muito clara a sua afinidade com projetos "relevantes" como o Escola sem Partido. O sujeito usa em seus artigos termos sectários e rasos como 'petralha', típico de torcedor barulhento de um time ideológico e não de um grande filósofo", escreve ela

O Deus medieval do novo ministro e a longa noite em que mergulhamos
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Uma tristeza imensa e uma sensação de luto povoam meu coração hoje.

O colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, escolhido por Bolsonaro para ser o novo Ministro da Educação, é um boçal e um completo imbecil.

Sim, o sujeito já escreveu em seu blog que a data do Golpe Militar que devastou o Brasil, aquele 31 de março de 1964, deveria "ser celebrada e comemorada".

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Vélez acredita também que "a atuação dos militares nos livrou do comunismo" (vocês contam ou eu conto para ele que milhares de brasileiros desapareceram, que milhares foram torturados, mas que grandes historiadores do mundo inteiro afirmam que João Goulart jamais foi um comunista, jamais pretendeu implantar o comunismo no Brasil, e que ele foi um humanista respeitado em toda a Europa?) .

O colombiano Vélez afirmou também que foi indicado para o cargo por Olavo de Carvalho. Sim, pelo homem que acredita, como se acreditava na Idade Média, que é o Sol que gira em torno da Terra (Geocentrismo, teoria medieval refutada por centenas de provas e que levou à morte de cientistas medievais que não concordavam com ela) e não o contrário (heliocentrismo)! O sujeito que acredita que a Pepsi é feita de fetos abordados, que um bilhão de muçulmanos no mundo são terroristas e fazem parte de um complô da ONU, que vacinas não salvam crianças e que também são um complô da ONU, e que a mudança climática é uma invenção marxista.

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Vélez é um completo desconhecido no meio educacional. Tem algumas obras publicadas com pouca repercussão e escreve de maneira confusa, chata e pedante, mas deixa muito clara a sua afinidade com projetos "relevantes" como o Escola sem Partido.

O sujeito usa em seus artigos termos sectários e rasos como 'petralha', típico de torcedor barulhento de um time ideológico e não de um grande filósofo.

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Vélez afirma também em seu blog que os brasileiros estão "reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista".

Sim, ele escreveu isso. Você não leu errado. Ele vocifera ainda que "a educação atual está destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião..."

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O sujeito é um amargo, patético e raivoso fundamentalista religioso nascido na Colômbia, mas acredita que conhece a espinha dorsal das falhas do sistema educacional brasileiro.

Que Deus, não o Deus medieval da Inquisição e do obscurantismo mais obsceno pelo qual suspiram os paladinos da fé, mas o Deus em que eu creio, um Deus misericordioso, profundamente sábio, não fundamentalista, repleto de compaixão por seus filhos, um Deus que pertence a todas as religiões e que não vocifera imbecilidades contra a Ciência, não vocifera contra o heliocentrismo ou compactua com boçais que ameaçam seus filhos em vídeos caseiros de pseudofilosofia nos quais baratas passeiam pela tela (sim, literalmente) e cujos protagonistas cheiram a enxofre, possa nos proteger.

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Que Deus, não o Deus medieval de Vélez e seus asseclas, que ameaça a todos com berros guturais, torturas ustrianas e cenários dantescos, mas o Deus que nada tem em comum com Malafaias, Macedos e Olavos possa de fato iluminar nossos caminhos nessa 'lunga notte' da qual falava Dante.

Que Ele nos proteja nessa longa noite de perseguições e injustiças que se desenha no horizonte.

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Uma longa noite de 4 anos.

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