A invenção de pseudomitos no capitalismo predador

Há dias, antes da estréia de Brasil da copa da Rússia, vinha o mesmo martelar: Neymar, Neymar. Como se tudo dependesse de um jogador, franzino, habilidoso sem dúvida, coleção de topetes exóticos. Criava-se um mito, logo adiante talvez descartável, e tudo passaria a depender dele e não do conjunto da seleção

Há dias, antes da estréia de Brasil da copa da Rússia, vinha o mesmo martelar: Neymar, Neymar. Como se tudo dependesse de um jogador, franzino, habilidoso sem dúvida, coleção de topetes exóticos. Criava-se um mito, logo adiante talvez descartável, e tudo passaria a depender dele e não do conjunto da seleção
Há dias, antes da estréia de Brasil da copa da Rússia, vinha o mesmo martelar: Neymar, Neymar. Como se tudo dependesse de um jogador, franzino, habilidoso sem dúvida, coleção de topetes exóticos. Criava-se um mito, logo adiante talvez descartável, e tudo passaria a depender dele e não do conjunto da seleção (Foto: Luiz Alberto Gómez de Souza)


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Há dias, antes da estréia de Brasil da copa da Rússia, vinha o mesmo martelar: Neymar, Neymar. Como se tudo dependesse de um jogador, franzino, habilidoso sem dúvida, coleção de topetes exóticos. Criava-se um mito, logo adiante talvez descartável, e tudo passaria a depender dele e não do conjunto da seleção. E esse mito vem logo a ser alvo de uma caçada implacável pelos adversários. No jogo de estréia do Brasil, bastou um gol no começo do segundo tempo e tudo se desarrumou. Por saúde mental não ouço o Galvão Bueno. Dizem que ele surtou com o gol suíço. Provavelmente mais por seus interesses materiais atingidos do que pelo amor ao futebol.

Ontem na Argentina, o centro era o Messi. Errou um pênalti infantil e a seleção se desconstruiu. Há muitos interesses econômicos na construção de mitos. É o velho individualismo da modernidade, regado a milhões de dólares.  Quando vamos aprender a acreditar no coletivo nas várias áreas da realidade, na política, na economia, na cultura, nos esportes?

Lembram do jogo final da copa de 1998 quando, na véspera, Ronaldo, que possivelmente tivera uma convulsão, esteve fora da primeira escalação e veio imposto na segunda, provavelmente por grandes  patrocinadores - talvez a Nyke? Lá estava ele, no meio do campo, um patético zumbi. E o Brasil perdeu para o time de Zinedine Zidane, hoje técnico do mais bem armado time do mundo, o Real Madri, onde está, aliás, Cristiano Ronaldo.

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É hora de revisar essa economia criminosa dos patrocínios do grande capital que usam jogadores jovens, sem muito estofo psicológico para resistir. É só ver o olhar errático de Gabriel de Jesus, com seus 21 anos, antes dos jogos. O Brasil tem de apostar no conjunto de uma seleção que tem excelentes jogadores, por exemplo, Philippe Coutinho ou Marcelo - neste primeiro jogo sem o costumeiro ímpeto que lhe é próprio.

Mas quero dar um salto nos patamares da normalidade.

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Temos um caso em situação oposta: Cristiano Ronaldo, esse sim gênio. Há figuras que saem do cotidiano, como nas grandes epopéias homéricas. Isolado, empatou praticamente sozinho com a fúria espanhola, à qual servira até a véspera, no Real Madri. Mas CR7 salta claramente dos parâmetros normais. Três gols incríveis. Num jogo que foi uma obra prima. A exceção confirma a regra. Ainda que sempre possamos temer que isso possa ir subindo sinuosamente pela cabeça, com seu narciso desmedido. Até agora segue num nível inalcançável. Solitário herói.

Fernando Pessoa nos traz três mitos: Ulisses, Viriato e o Conde D. Henrique, quando brotou Portugal. Penso neste ultimo, vendo jogar CR7:

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“Todo  começo é involuntário.

Deus é o agente.

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O herói a si assiste, vario

E inconsciente.

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Á espada em tuas mãos achada

Teu olhar desce,

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‘Que farei eu com esta espada?’.

Ergueste-a e fez-se”.

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Simplesmente acontece. Tão elementar e tão fora de medidas. Como Miguel de Unamuno via em meu herói Quixote.

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