Suprema obscenidade

"A grande obscenidade não é o vídeo que Bolsonaro postou. A grande obscenidade é ter se estimulado a eleição de alguém como Bolsonaro. Alguém que causa repugnância até mesmo na extrema direita que tem um verniz mínimo de civilidade. Alguém que transformou o Brasil na grande chacota mundial", avalia o sociólogo Marcelo Zero; "A suprema obscenidade é eleger Bolsonaro e manter Lula como preso político"

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Não sei o que é mais obsceno, se o vídeo postado pelo capitão ou a indignação tardia daqueles que o ajudaram a se eleger.

Esperavam outra coisa de uma abominação intelectual e moral?

Qualquer pessoa medianamente informada sabia, há muito tempo, que o capitão sempre foi isso. Uma obscenidade política ambulante que, em mais de três décadas de vida pública, se dedicou a defender as piores e mais desavergonhadas barbaridades.

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Afinal, o que é mais obsceno, o vídeo ou a defesa entusiasmada da tortura e de torturadores? O que é mais obsceno, o vídeo ou o elogio desavergonhado à ditadura? O que é mais obsceno, o vídeo ou propugnar, em praça pública, a morte ou o exílio de opositores?

O laranjal não é obscenidade típica de baixo clero?

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O assassinato sem solução de Marielle não é uma grande obscenidade? O exílio forçado de Jean Wyllis, comemorado pelo capitão, não é uma obscenidade antidemocrática?

Racismo, homofobia e misoginia, insuflados abertamente pela armada Bolsoleone, não são gigantescas obscenidades "anticivilizatórias"? A reforma da Previdência não é uma profunda obscenidade social?

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Bater continência para a bandeira americana e para qualquer delegado de Trump não é uma obscenidade contra a pátria? Aliar-se acriticamente a Trump, prejudicando os interesses nacionais, não é uma obscenidade ofensiva ao Brasil?

Que pudor há em gente que quer vender o país e os direitos de seu povo na bacia das almas da ganância do capital financeiro?

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Era inteiramente previsível que o governo Bolsonaro fosse resultar nesse caos desavergonhado de propostas estapafúrdias e de declarações obscenas que envergonham o Brasil perante o mundo todo.

Até este modestíssimo escriba fez inúmeras advertências sobre a aposta irresponsável na criminalização da política e do PT. Chegamos a escrever, cerca de um ano antes das eleições, que o Brasil teria de escolher entre Lula e o fascismo que se agigantava.

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Os hipócritas que hoje manifestam indignação ante as inúmeras obscenidades de Bolsonaro preferiram, no entanto, derrubar Dilma, sem crime de responsabilidade, e prender Lula, sem crime algum. O importante, diziam, era tirar o PT. Prometiam que, dois meses após a queda do governo progressista, tudo voltaria à "normalidade".

Pois agora temos de tudo, menos qualquer coisa que se pareça com normalidade.

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Não temos normalidade democrática, nem social, nem econômica. Vivemos a pior crise da nossa história, e essa crise vem sendo "administrada" por gente que não seria capaz de administrar um singelo condomínio.

Com base no ódio insuflado pela mídia corporativa e a direita tradicional, e por fake news bancadas por grandes grupos econômicas, elegeu-se escória semelhante à que existia na barragem de Brumadinho. Previsivelmente, essa escória inundou a representação política e o aparelho de Estado.

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Agora reclamam que a escória é suja? Não sabiam?

A grande obscenidade não é o vídeo que Bolsonaro postou. A grande obscenidade é ter se estimulado a eleição de alguém como Bolsonaro. Alguém que causa repugnância até mesmo na extrema direita que tem um verniz mínimo de civilidade. Alguém que transformou o Brasil na grande chacota mundial.

A suprema obscenidade é eleger Bolsonaro e manter Lula como preso político.

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