O padre e a travesti

O que me causou mais estranheza foi a presença do padre Fábio de Melo numa quadra de escola de samba. A foto com a travesti deveria ser considerada normal

O que me causou mais estranheza foi a presença do padre Fábio de Melo numa quadra de escola de samba. A foto com a travesti deveria ser considerada normal
O que me causou mais estranheza foi a presença do padre Fábio de Melo numa quadra de escola de samba. A foto com a travesti deveria ser considerada normal (Foto: Nêggo Tom)


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O título do artigo pode sugerir alguma crônica de Nelson Rodrigues, adaptada para a TV no estilo “A vida como ela é”. Mas o assunto aqui é simplesmente sobre uma foto tirada pelo Padre Fábio de Melo abraçado a uma travesti, durante a festa de aniversário da cantora Alcione, realizada na quadra da Estação Primeira de Mangueira. A tradicional verde e rosa carioca. A foto foi publicada nas redes sociais e como já haveria de se esperar, gerou polêmica e rendeu comentários de apoio e também de reprovação. 

Para ser sincero, o que me causou mais estranheza foi a presença do padre numa quadra de escola de samba. A foto com a travesti deveria ser considerada normal. Afinal, trata-se de um ser humano e um sacerdote não deve fazer distinção de pessoas, ainda que não aprove e nem tenha a obrigação de aprovar as opções de vida pessoal de ninguém. E também, pelo que se sabe, não há nada que atente contra o caráter da travesti em questão. Ela não mata, não rouba, não desvia dinheiro público e nem constrói fortunas usando o nome de Deus prometendo milagres. Aliás, eu li que ela realiza até uma obra social com menores carentes no Rio de janeiro. Coisa que muitos que se dizem cristãos e defensores da moral e dos bons costumes não o fazem. Ela confessou que tudo o que conquistou foi com a pro stituição. Se prostituir é bacana? Para mim não é. Mas deixemos para Deus julgar isso. 

Mas além da foto, o padre dedicou um sermão sobre o fato. Confessou que por um momento se sentiu desconfortável ao cogitar a hipótese da travesti pedir para tirar uma foto com ele, já que outras pessoas presentes no local estavam solicitando tal honraria. Reconheceu o seu medo do diferente e se fez a sua mea culpa. Emocionou-se com o episódio e se revelou tão ser humano quanto à travesti. Curiosamente, ao se referir a travesti no masculino, chamando-a de rapaz, foi taxado de preconceituoso pelos ativistas da causa, que o acusaram de carregar um preconceito embutido em seu subconsciente. Ora, bolas! Espera um pouco! Respeitar a opção ou a orientação sexual é uma coisa. Endossar que alguém, naturalmente do sexo masculino, é verdadeiramente do sexo feminino só porque esse alguém se sente assim, é outra.

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Imaginem se um indivíduo de cor branca resolve se assumir socialmente como negro, ou se um negro resolvesse se assumir como branco, só porque ele quer e se sente de outra cor. Esse indivíduo solicitaria uma alteração na sua certidão de nascimento, alegando que tem o direito de ter a cor que ele quiser em seu registro. Poderíamos chamar de “cor social”. Devemos respeitar a sua decisão e os seus sentimentos? Sim. Sem dúvida! Agora, devemos acreditar que ele sendo naturalmente negro, virá a ser realmente branco, ou vice versa, aos nossos olhos só porque ele se sente assim? Estaríamos sendo preconceituosos por não conseguirmos enxergá-lo da cor que ele imagina ou deseja ter? Claro que não. Mas estaríamos sim sendo ignorantes, intolerantes e preconceituosos se o discriminássemos e impuséssemos a ele qualquer situa&cc edil;ão de humilhação em função dos seus sentimentos e escolhas. E isso não pode. A regra do respeito ao outro é clara.

Toda e qualquer forma de preconceito é abominável, mas a falta de bom senso é sinal de estupidez. Façamos as nossas escolhas. Vivamos da maneira que quisermos. Mas não esperemos que todo mundo viva a mesma maneira e de acordo com a nossa "verdade". Uma travesti não é de fato uma mulher. Embora muitas exibam traços bem femininos e tenham até uma beleza admirável. Aviso aos navegantes que não vou deixar de ser Homem só pelo fato de reconhecer que uma travesti pode ser visualmente bonita e feminina tal qual uma mulher. E deixo-vos um alerta: Sempre desconfiem do famoso “machão”. Aquele tipo que diz que viado tem que morrer e tomar pancada. Esses podem estar a esconder alguma coisa. Quem sabe até um chouriço no forno. Mas deixa cada um com seus segredos “culinários” pra lá.  Voltemos ao tema.

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O termo travesti em qualquer dicionário, se refere a um homem que se traveste visualmente como uma mulher e não a aquele que se transforma biologicamente em uma. Isso é naturalmente impossível. Ainda que isso decepcione a alguns. Elas têm todo o direito de sentirem autênticas mulheres, mas nós sabemos que de fato, elas não são. Mas como sempre digo, devemos respeitar as diferenças. Mas nesse imbróglio todo, uma coisa ainda me intriga, e como católico, eu gostaria de entender. O que um padre faz numa escola de samba? Será que ele também explicou isso no sermão? Deus não faz distinção de pessoas, mas também não deve concordar com todas as nossas opções de comportamento. Alguém que tem um voto de castidade, se expor ao visual tentador das belas mulatas da mangueira, é porque tem mui ta fé e muita vocação. Parabéns! Eu sucumbiria. E não me venham dizer que estou vendo maldade, porque um padre também é homem e não uma mangueira. A árvore. 

Salve a Mangueira! A Estação Primeira.

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