As flores de plástico não morrem

A Policial da PM, que matou um assaltante na porta do colégio em que a filha dela estuda, está sendo festejada com flores, pompas e outras circunstâncias, pela instituição a qual pertence e, principalmente, nas redes sociais. Eu não consigo comemorar a morte de ninguém, numa situação dessas

A Policial da PM, que matou um assaltante na porta do colégio em que a filha dela estuda, está sendo festejada com flores, pompas e outras circunstâncias, pela instituição a qual pertence e, principalmente, nas redes sociais. Eu não consigo comemorar a morte de ninguém, numa situação dessas
A Policial da PM, que matou um assaltante na porta do colégio em que a filha dela estuda, está sendo festejada com flores, pompas e outras circunstâncias, pela instituição a qual pertence e, principalmente, nas redes sociais. Eu não consigo comemorar a morte de ninguém, numa situação dessas (Foto: Nêggo Tom)


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A Policial da PM, que matou um assaltante na porta do colégio em que a filha dela estuda, está sendo festejada com flores, pompas e outras circunstâncias, pela instituição a qual pertence e, principalmente, nas redes sociais. Os comentários são dignos de uma comemoração do título de uma copa do mundo. Entre "vivas" e "ha ha has", o sangue do meliante é erguido em brinde e bebido por uma turma que aprendeu a odiar as consequências e a ignorar as causas. 

Eu não consigo comemorar a morte de ninguém, numa situação dessas. A energia que atraímos não é das melhores, quando festejamos esse tipo de coisa. Também não vou dizer aqui, que acredito muito em recuperação de bandido, pois estaria mentindo. Em sua grande maioria, eles já não estão mais aptos a um convívio social sadio. Infelizmente! E assim, ficamos diante de uma faca de dois gumes. 

Também sei, que o assaltante não hesitaria em atirar em qualquer um ali, inclusive numa criança, caso se sentisse ameaçado. Também não vou dizer que ele é uma vítima da sociedade, embora uma parte dela, juntamente com o estado negligente e usurpador, sejam os responsáveis, sim, pelo aumento da criminalidade que eles próprios tentam combater, apelando, até, para intervenção militar.  Mas, não há intervenção que dê jeito nisso. A não ser que ela comece pela nossa consciência. 

Você fabrica bandidos quando: exclui, discrimina, oprime, retira direitos, quando tem uma visão seletiva das pessoas, não gera empregos, não investe em educação, não oferece oportunidades, não combate a desigualdade e ignora o conceito de justiça social. Claro, que nem todos que são vítimas desse descaso, optam por uma vida ilícita, mas, por sermos indivíduos e, logo, diferentes uns dos outros, cada um pode reagir de uma forma à opressão sofrida. 

Quando vejo alguns candidatos da direita, como João Amoedo, do Novo e Flávio Rocha do PRB, relativizarem a questão da desigualdade social, dizendo que não estão preocupados em combatê-la, mas sim, em gerar condições de trabalhos escravagistas para movimentar a economia, sinto que os donos do capital ainda não perceberam que são vítimas da própria ambição e do próprio desejo de dominar os mais pobres, subjugando-os e oferecendo migalhas para a sua subsistência.

Matar é a alternativa mais fácil e a menos eficaz no combate ao crime. Bandidos são iguais a políticos corruptos (com o perdão do pleonasmo) e a herdeiros de capitanias. Morre um, e já tem outro na linha sucessória para dar sequência ao "projeto". A diferença é que políticos corruptos e herdeiros de capitanias, têm mais sorte, pois ninguém deseja que eles morram e poucos teriam coragem de atirar contra eles ou de amarrá-los ao poste mais próximo. Mesmo alguns deles sendo tão (ou até mais) bandidos, quanto o assaltante morto pela Policial.
 
Enquanto o estado e a elite capitalista, não reconhecerem a sua culpa neste processo, continuaremos "fabricando" bandidos, para depois ter o gosto de matá-los. E assim, vamos dando um pouco de alegria e felicidade, a todos que desejam a morte de um ladrão, mas que não se importam nem um pouco, com a vida de um cidadão menos favorecido. Que na visão deles, tem o que merece, de acordo com os seus méritos e esforços. 

A falácia da meritocracia, é uma forma covarde de perpetuar a desigualdade e a injustiça social. Dizer que todos possuem as mesmas condições de evolução, é cometer um crime contra o bom senso e um atentado contra a dignidade dos mais miseráveis. O helicóptero cheio de "pó", as malas do Geddel e os grampos telefônicos que comprometeram e que sugerem que o Senador seja um assassino, são tratados com a seletividade devida. Uma prova de que bandido bom, é o bandido que eu gosto. 

À Policial, foram oferecidas flores por ocasião do dia das mães e por agradecimento ao seu ato de bravura. Espero que as flores tenham sido de plástico. Afinal, ao contrário de Policiais, de bandidos e de inocentes, as flores de plástico não morrem. 

Meus pêsames, a todos nós!

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