Jesus também não é ladrão

O cantor Johnny Hoocker decidiu puxar um coro sem nenhuma utilidade, de: “Ih! Ih! Ih! Jesus é travesti”. Da mesma forma que achei desnecessária, a manifestação do Johnny Hoocker, também achei um exagero, um advogado que diz ser cristão, ter entrado na justiça com um pedido de prisão preventiva contra ele

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Tenho a impressão de que, atualmente, precisamos mais de uma polêmica, do que do ar que respiramos. Elas se tornaram vitais à nossa sobrevivência. E se sucedem, tanto naturalmente, como de forma produzida, de modo a gerar manifestações de apoio ou de indignação. O cantor e compositor, Johnny Hoocker, se colocou no olho do furacão, quando ao participar do Festival de Garanhuns, decidiu fazer um mini discurso dizendo que: “Jesus é bicha, sim” e puxar um coro - na minha opinião – non sense e sem nenhuma utilidade, de: “Ih! Ih! Ih! Jesus é travesti”

A ideia de Hoocker, era fazer um protesto contra a justiça de Pernambuco, que vetou em seus domínios a exibição da peça “Jesus, rainha do céu”, na qual uma travesti interpreta Jesus Cristo e tem provocado muito disse me disse, em função da orientação sexual da protagonista. Não vou entrar no mérito do que seja arte, nem ousar a defini-la de maneira absoluta. Até porque, me vejo diante de alguns conceitos de arte, que às vezes fogem a minha compreensão. Mas, quem sou eu na fila do pão de cada dia, para questionar a arte dos outros? Me recolho a minha pouca significância.

Da mesma forma que achei desnecessária, a manifestação do Johnny Hoocker, também achei um exagero, um advogado que diz ser cristão, ter entrado na justiça com um pedido de prisão preventiva contra ele, em função do que ele falou. Eu até entenderia, se esse mesmo Advogado também pedisse a prisão de todos os líderes religiosos, que faturam alto forjando milagres e curas, prometendo prosperidade em troca de gordas ofertas, pedindo a senha do cartão de crédito dos fiéis, que vende uma fronha de travesseiro "ungida", por 150 pratas - prometendo a quem colocar a cabeça nela, que todos os seus problemas serão resolvidos - e que cometem outros tipos de estelionato, todos praticados em nome de Jesus e sob sua suposta unção e autorização. Não seria mais grave, comparar Jesus a um ladrão, do que a uma travesti? Pausa para reflexão.

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Talvez, Hoocker estivesse querendo dizer que, Jesus representa a todos. Sem distinção de cor, raça, credo, gênero ou orientação sexual. Por outro lado, se analisarmos suas declarações sob uma ótica cristã, levando-se em conta que em nossa cultura, chamar alguém de “bicha”, tem o simples e direto objetivo de ofender a pessoa, naturalmente a sua fala causaria mal estar. Algumas expressões são carregadas de preconceito, e, quase sempre, são utilizadas para associar alguém, a uma posição de inferioridade. Por trás daquele: “neguinho”, “suburbano”, “favelado”, “paraíba”, “sapatão”, “faxineiro”, por vezes, existe a intenção de desqualificar o indivíduo. Mesmo não havendo nenhum motivo para se desqualificar alguém, em função disso.

A questão, é que boa parte da nossa sociedade naturalizou o preconceito e tem orgulho disso. Não à toa, a turma do politicamente incorreto luta pelo direito de continuar ofendendo, discriminando, segregando, sob a égide da liberdade de expressão. A nota emitida por Hoocker, pode até ter desafinado um pouco, mas como diria o poeta: “No meu peito dos desafinados também bate um coração”. Um coração que perde o compasso, acelera e sai de seu andamento natural, por estar cansado de sofrer com o preconceito e com o julgamento dos outros. E, por isso, as vezes sai pela boca, clamando por Jesus à sua maneira.  

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O mesmo acontece com aquele coração, que de tão amargurado e cheio de ódio e ambição, perde o pudor  e começa a soltar pela boca toda a sua artimanha e picaretagem, pregando Jesus da maneira que for mais conveniente para o sucesso de suas intenções. Que, na maioria das vezes, não são as melhores. No meio de mais essa polêmica, fico com a certeza de que Jesus representa o amor incondicional e irrestrito. E se agíssemos da mesma forma, uns com os outros, tudo seria bem diferente. 

Que Deus nos perdoe! 

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