A diplomação dos sem diplomacia

Quem não possui argumentos convincentes, tenta se impor através da força e da truculência. Isso deverá ser uma constante, tanto nas tomadas de decisão do governo Bolsonaro, quanto na postura dos parlamentares que ele ajudou a eleger

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Quando a gente fala que o estilo Bolsonaro estimula o ódio, a violência e o preconceito, os seus seguidores nos chamam de esquerdistas, de mimizentos, nos mandam ir para Cuba ou falam que o Lula está preso. Não necessariamente nessa ordem, mas com a mesma dissonância de argumentos. Aliás, soar diferente, é das características dos adoradores do futuro presidente e de sua equipe de governo. Ainda que se comportem como um nota fora da escala, que provoca uma sensação angustiante no ouvinte que possui um pouco mais de sensibilidade.

As cerimônias de diplomação dos deputados e senadores, em São Paulo e em Minas Gerais, teve a marca do novo presidente da república e dos futuros parlamentares que ele ajudou a eleger. Foi porrada e bomba. Só não teve tiro, porque o porte de armas ainda não foi liberado. Em Minas, o que motivou a reação raivosa dos parlamentares bolsonaristas, foi a exibição de uma placa em homenagem a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio de Janeiro e um cartaz que pedia a liberdade do presidente Lula. Devemos concluir então, que o assassinato bárbaro de uma mulher que lutava por uma sociedade mais justa e a prisão política de um ex-presidente, que em seu governo tentou diminuir a injustiça social, é algo justo e natural para essa gente.

Além das vaias dos bolsonaristas à deputada Áurea Carolina, eleita pelo Psol, que relembrou a morte Marielle, um deputado eleito pelo PSL, partido de Bolsonaro, partiu para as vias de fato contra o deputado Rogério Correia, do PT, que adentrou o palco empunhando um cartaz "Lula livre". Em São Paulo, o ultimate fighter teve como protagonista, Alexandre Frota, eleito deputado federal também pelo PSL. Ele desferiu sutis joelhadas contra um deputado do Psol, que também relembrou o caso Marielle e cerrou os punhos ao estilo "panteras negras", convidando o povo à resistência.

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Questionado sobre sua atitude violenta, Frota disse que fez o certo e que o deputado do Psol (que foi chamado de "preto vagabundo", por alguns fascistas presentes ao local) deu sorte de não ter sido jogado na platéia. Ele ainda associou militantes de esquerda, à bandidagem e não demonstrou preocupação com o seu comportamento pouco diplomático, numa cerimônia de diplomação de parlamentares. "Quero que o ritual do cargo de deputado vá para a casa do c...." , disse ele, pontuando a atitude que daqui a quatro anos, deverá ser lembrada como a de maior destaque no seu mandato.

Não tenho lembranças ou sequer tinha ouvido falar, que fatos como estes tenham ocorrido em outras cerimônias de diplomação de parlamentares. Não há dúvidas de que isso é reflexo do comportamento e da ideologia, daquele que assumirá o cargo de chefe maior do estado brasileiro. A ele, juntaram-se seres que compartilham do seu mesmo sentimento de ódio às diferenças e desprezam o estado democrático de direito. O próprio, ainda em campanha, havia dito que as minorias deveriam se curvar ou desaparecer. Ele também prometeu acabar com todo o tipo de ativismo. Lógico, que ele estava referindo-se aos que são opositores de sua política de extermínio social.

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Quem não possui argumentos convincentes, tenta se impor através da força e da truculência. Isso deverá ser uma constante, tanto nas tomadas de decisão do governo Bolsonaro, quanto na postura dos parlamentares que ele ajudou a eleger. Eles ressurgiram das cavernas do obscurantismo, com a missão de devolver aos "dinossauros" do sistema, tudo aquilo que os governos progressistas tentaram-lhes tirar. O totalitarismo, tentando disfarçar a sua essência ultrapassada e cafona, agora veste prada e tenta passar-se por honesto e neoliberal. Um disfarce que só durou, até o primeira laranja, digo, o motorista cair do pé e desaparecer por entre as nuvens. Talvez levado à lua pelo futuro ministro astronauta.

Temos muito com o que nos preocuparmos. Essa turma jogou sujo para chegar ao poder. Uma prova de que a democracia agonizará, sob os cuidados desses valentões da direita. A cada kit gay, a cada mamadeira com bico de piroca e a cada fake news por eles produzidos e compartilhado nos zaps zaps da vida, eles foram construindo o seu castelo. A estrutura parece sólida, mas quem acompanhou atentamente a sua construção, sabe que a base é frágil e pode desmoronar a qualquer momento. O problema, é que o estrago causado na sociedade pode ser grande demais.

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Vem muito mais porrada por aí!

Atenção!

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