O dia da posse das armas

Bolsonaro quer, de todas as formas, instituir a barbárie no país. Parece que tal tarefa, foi-lhe dada como uma espécie de missão especial. O seu discurso de ódio se converterá em decretos, medidas provisórias e em outras ações, que terão como objetivo instaurar o caos social, em nome da garantia da ordem e da lei

O dia da posse das armas
O dia da posse das armas (Foto: Reuters | ABr)


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Senhoras e senhores! Estamos às vésperas da posse de um novo governo, e, normalmente, nessa época, estaríamos discutindo e nos preparando para cobrar as promessas feitas durante a campanha e esperando que algo de melhor seja apresentado pelo país. Como eu bem disse: estaríamos. O futuro governo, acredito que pela primeira vez na história da nova república, não nos permite sequer, que nos iludamos. Sonhar, então, é sinônimo de pesadelo.

Primeiro, porque o presidente eleito não apresentou propostas e nenhum projeto de melhoria para o bem estar coletivo. Nem para economia, nem para a saúde, nem para educação, nem para o mais básico serviço de utilidade pública. Segundo, porque ele e sua equipe não têm a menor noção do que farão daqui para frente. E isto fica evidente, quando do anúncio da medida considerada por eles, como a prioritária para os primeiros cem dias de governo. Baixar um decreto liberando a posse de arma, para qualquer cidadão que não possua antecedentes criminais. Um estouro. Pá!

Há quem diga, que devemos torcer para que Deus o ilumine e para que ele faça um bom governo. Que torcer contra, é não querer o bem do país. Tal otimismo e argumento não se sustentam. Como já é praxe em tudo que seja dito por Bolsonaro ou pela maioria de seus apoiadores. É como se eles quisessem um show de voz e violão em sua festa, e contratassem para o evento alguém que não soubesse cantar e nem tocar. Torcer e pedir a Deus para que tudo dê certo, vai fazer com que o “artista” escolhido por eles consiga ter sucesso em sua missão? É esperar demais do acaso. E, nesse caso, parafraseando aquela música dos Titãs, ele (o acaso) não vai te proteger, enquanto você continuar andando distraído.

Liberar a posse de armas por decreto, apenas confirma que o governo de Bolsonaro tentará se impor pela força e pelo poder que a caneta  garantirá a ele.  Essa obsessão que o presidente eleito tem por armas de fogo, deveria ser motivo de preocupação para a nossa sociedade. Aqueles que apoiam tal decreto, ainda não raciocinaram o suficiente para perceber que justiça, não se faz com as próprias mãos. O problema é que justamente o ministro da justiça, está avalizando tal decreto e promete acelerar os trâmites para que ele entre em vigor, o mais rápido possível. Isto significa dizer, que o estado estará transferindo para o cidadão, a sua responsabilidade de zelar pela segurança de todos.

A pergunta que não quer calar é a seguinte: Será que não temos outras prioridades? Essa sangria toda para liberar a posse de arma, tem por objetivo principal a “defesa” dos latifúndios. Se o cidadão pobre ou médio, acredita que tal medida visa garantir o seu direito de defender a sua humilde residência, está enganado. Esse decreto visa garantir a fazendeiros e grandes proprietários de terra, o direito de atirarem contra trabalhadores sem terra, indígenas, quilombolas e outros que estiverem no “caminho” dos nossos ilustres senhores feudais, “ameaçando” as suas propriedades. Tudo sob a égide da legítima defesa.

De quebra, a posse de arma facilitará que outros desequilibrados, num lapso de fúria, possam extravasar os seus instintos mais primitivos, contra qualquer um que contrarie a sua verdade e os seus conceitos de cidadania. Pode ser um vizinho, um preto, um homossexual, uma mulher, um torcedor de outro clube, um opositor ideológico, ou, até mesmo, contra a própria família. Não ter antecedentes criminais, não caracteriza ninguém como sendo honesto ou apto a possuir uma arma. É muito pouco. É bater palmas para maluco matar, digo, dançar. Isto prova, mais uma vez, que não adianta torcer para um governo cuja a inconsequência dos atos, pode colocar em risco a civilização.

Bolsonaro quer, de todas as formas, instituir a barbárie no país. Parece que tal tarefa, foi-lhe dada como uma espécie de missão especial. O seu discurso de ódio se converterá em decretos, medidas provisórias e em outras ações, que terão como objetivo instaurar o caos social, em nome da garantia da ordem e da lei. Não duvidem que o seu fascínio por objetos bélicos, faça com que ele institua o dia do expurgo. No qual todo “cidadão de bem”, teria o direito de atirar para matar contra qualquer um que represente perigo. Seja ele real ou imaginário. E bem sabemos como a imaginação dessa gente é fértil, não é verdade?

Assim, eles iriam dizimando aos poucos os menos favorecidos, os opositores ideológicos e todos aqueles cujo o fascismo que passará a vigorar, não considere seres humanos o suficiente para conviver com eles em sociedade. Talvez, seja essa mesma a intenção subliminar de tal medida. Nem adianta falar para os entusiastas da ideia, que tal descalabro iria aumentar a violência e o índice de mortes no país. Eles dirão que armas não matam ninguém. Quem mata é o portador. Um raciocínio logicamente natural e inerente à maioria dos eleitores de Bolsonaro.  O que torna ainda mais sombrio, o cenário desse filme de terror que estreia em primeiro de janeiro.

No meio artístico, quando alguém vai estrear ou fazer algum show, deseja-se: "Muita merda!", que é o mesmo que desejar sucesso.  Para o futuro governo, tais votos são totalmente dispensáveis. Já dá para sentir o cheiro de "sucesso" no ar. 

Boa sorte para nós!

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