Brasil e sua real transformação

Creio que todos, medianamente informados, alfabetizados e leitores eventuais, já se deram conta de que não houve o episódio que denominaríamos Independência do Brasil

Brasília - As centrais sindicais convocaram greve geral contra as reformas da Previdência e trabalhista e por eleições diretas (Antônio Cruz/Agência Brasil)
Brasília - As centrais sindicais convocaram greve geral contra as reformas da Previdência e trabalhista e por eleições diretas (Antônio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Pedro Augusto Pinho)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

A leitura diária do Monitor Mercantil (MM) nos permite conhecer o Brasil que nos é ocultado pela “grande imprensa” e ter a análise de excelentes profissionais.

Neste artigo usarei dados e informações que me vem, entre outros, da coluna diária Fatos & Comentários, de Marcos de Oliveira, da Empresa Cidadã, do professor Paulo Márcio de Mello, e do artigo, de 12/04/2018, do jurista Luiz Flávio Gomes, “Que Brasil sairá das urnas em 2018”.

Creio que todos, medianamente informados, alfabetizados e leitores eventuais, já se deram conta de que não houve o episódio que denominaríamos Independência do Brasil. Nem digo no sentido econômico, bastante óbvio, malgrado o esforço de alguns poucos governantes, tão poucos que posso citá-los nominalmente neste espaço do artigo: Getúlio Vargas, Juscelino  Kubitschek, João Goulart, Emílio Médici, Ernesto Geisel e Lula da Silva/Dilma Rousseff. O sentido econômico leva em consideração tecnologia, produção e consumo interno, como é óbvio.

continua após o anúncio

Todos, rigorosamente todos os demais, inclusive o atual, incriminado imposto pelo golpe de 2016, dedicaram-se a torpedear a capacitação tecnológica e/ou a produção industrial. E ainda, este esterilizador Temer, dedicando o orçamento aos juros ao invés das necessidades do País, não satisfeito com as excrescências de “superavits fiscais”, congela os recursos por 20 anos e impõe a alienação de bens naturais e produções brasileiros.

Não sendo um país independente somos, consequentemente, uma colônia. E neste sentido a primeira característica é a sujeição das decisões, eventualmente adotadas no Brasil, aos interesses da metrópole.

continua após o anúncio

Parece bastante simples verificar na história do que os livros chamam de Brasil Colônia. Mas o historiador Gustavo Barroso já advertia que, antes mesmo da formalidade de 7 de setembro de 1822, o Brasil já passara a ser colônia inglesa e, mais especificamente, de banqueiros ingleses.

Deste modo, ficamos à margem da primeira revolução industrial, que chamarei pelo insumo energético, do carvão. Também continuamos à margem da segunda revolução industrial, do petróleo.

continua após o anúncio

Mas, na época, já colônia dos Estados Unidos da América (EUA), tivemos com Vargas a primeira possibilidade de, tardiamente, nos industrializarmos, ou seja, deixarmos de ser meros produtores de matérias primas, num feroz mercado onde disputávamos, com outras colônias, o privilégio de bem servir aos senhores.

Convém trazer a esta questão da soberania uma crucial necessidade: a consciência da escravidão e o anseio pela liberdade. Sem estes conhecimentos e sentimentos nunca seremos livres e soberanos.

continua após o anúncio

Como os colonizadores tratavam desta questão? Primeiro pela ignorância, daí a instrução que denomino “pedagogia colonial”. Ensinam-nos a servir, a não acreditarmos em nós (viralatismo em suas diversas dimensões), não termos capacidade de análise, de crítica, nem instrumentos operacionais para agir. E quem criticou esta pedagogia, no período pós Vargas, foi imediatamente rotulado comunista. Mesmo quando, seguindo o Concílio Vaticano II, apenas pedia um capitalismo cristão, solidário com os desvalidos.

Ainda hoje, quando não há, efetivamente, fora das teorias em meios acadêmicos, a gestão comunista e, acredito, nem mesmo obteria resposta, razoavelmente uniforme, se inquirisse partidos que trazem em seu nome a designação comunista, ainda existe a campanha anticomunista. Alguém ganha,claro!

continua após o anúncio

O comunismo virou uma espécie de bicho papão para os que tem a mentalidade infantil. Além dos medos, a repetição por toda vida do que aprenderam no berço.

Mas os colonizadores sabem muito bem como, além da pedagogia colonial, destruir as vontades. A comunicação de massa, no mundo, é gerenciada por seis grupos, todos subordinados ao capital financeiro internacional, que denomino, banca.

continua após o anúncio

Do mesmo modo das grandes empresas internacionais, os donos das empresas de comunicação são diretamente, por controles societários que nos levam inexoravelmente aos paraísos fiscais, ou pelos endividamentos, subordinados à banca.

É assim que, pela ignorância e pelo controle do que lhe chega e como chega qualquer fato ao conhecimento, o colonizador determina o seu saber e a sua emoção. Não fosse deste modo, as “primaveras árabes”, os “ocupem Wall Street” e ocupações diversas, os “vem para rua” e outros movimentos fantoches não ocorreriam, pois justificaram a troca de dirigentes que, independentemente de suas qualificações, defendiam a soberania dos Estados que governavam; apenas isto.

continua após o anúncio

Tratemos do Brasil. A maior corrupção sempre foi a que favoreceu o estrangeiro e a insignificante “elite” que administrava, no Brasil, estes interesses alienígenas. As exceções dos dirigentes, todos com defeitos e virtudes, mas nunca radicais na oposição colonial, já foram apontadas e eles nominados.

Apenas, por recente, darei três exemplos de uma infinidade desses ataques aos brasileiros: a Coca-Cola e a Ambev, gigantes multinacionais, receberam de “créditos tributários” entre R 0,15 a R$ 0,20, a cada latinha vendida; o Banco Itaú viu, por decisão da 4ª Turma do STJ, reduzida sua multa de R$ 160 milhões para R$ 160 mil, e, um escândalo de proporções astronômicas, os golpistas de 2016 isentaram em 1 trilhão de reais os impostos em favor das petrolíferas estrangeiras que irão explorar o pré-sal brasileiro. Estas três notícias de corrupção, que nenhuma Lava Jato examina, tira “legalmente” dos bolsos brasileiros recursos para o desenvolvimento do Brasil.

Chegamos ao impasse. “Muita gente não está conseguindo ver nenhuma luz no fim do túnel. Mesmo depois das eleições presidenciais, há grande risco de o Brasil continuar sendo um país desesperançado” (Luiz Flávio Gomes, MM citado).

É verdade. Não há, até onde tenho notícia, um partido, um candidato a posto executivo ou legislativo que diga ser sua plataforma a independência do Brasil.

E o que, no âmbito mais amplo, consistiria esta Independência: de início a revisão de todas as instituições impostas pelos colonizadores – com base em suas experiências nativas onde, também, o povo suporta e mantém uma elite governante que os explora por séculos – e um plebiscito que estabelecesse as novas instituições nacionais, voltadas obviamente para a Soberania Nacional e para a construção da plena cidadania. E implantá-la em caráter de urgência urgentíssima, como se designava o tempo para atendimento aos desejos colonizadores.

Há muito a ser criticado e aprofundado neste projeto único: Independência do Brasil. Deixo a meus inteligentes e mais participativos leitores.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247