Nenhum império é eterno: Os últimos suspiros do Diários Associados

O fim de ano no mercado de mídia em Minas Gerais está sendo bastante movimentado. Após uma crise mais do que anunciada, prolongada por anos e anos, parece que a vida do Diários Associados por aqui está chegando ao fim

O fim de ano no mercado de mídia em Minas Gerais está sendo bastante movimentado. Após uma crise mais do que anunciada, prolongada por anos e anos, parece que a vida do Diários Associados por aqui está chegando ao fim
O fim de ano no mercado de mídia em Minas Gerais está sendo bastante movimentado. Após uma crise mais do que anunciada, prolongada por anos e anos, parece que a vida do Diários Associados por aqui está chegando ao fim (Foto: Pedro Guadalupe)


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O fim de ano no mercado de mídia em Minas Gerais está sendo bastante movimentado. Após uma crise mais do que anunciada, prolongada por anos e anos, parece que a vida do Diários Associados por aqui está chegando ao fim.

Ao menos se depender de seus funcionários e do Sindicato de Jornalistas, enquanto não forem pagos os valores devidos, o grupo, que vive de notícias, continuará sendo "a notícia".

Em um ponto, os funcionários estão em bastante desvantagem, e explico o porquê. A maior arma em suas mãos é o direito, garantido por lei, de fazer greve. E junto com a greve vem a não produção de conteúdos, que é a matéria-prima principal de qualquer veículo de comunicação. Coisa que está sendo disfarçada pelo jornal com textos frios, de gaveta ou vindos de agências.

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Não querendo jogar um balde de "matérias frias", ops, de "água fria" nos funcionários do grupo, mas, convenhamos, viver de notícia velha já é algo normal para o Diários Associados.

Imagine que, até hoje, o jornal Estado de Minas só publica as notícias em seu site quando o jornal já está sendo distribuído, circulando e, teoricamente, "vendido". Mas, pera aí! Tem algo muito errado nisso: o jornalista apura e escreve, o diagramador diagrama, alguém faz a montagem da chapa para a gráfica. O jornal é impresso, dobrado e embalado. Vai para pequenos centros de distribuição e depois motoqueiros entregam, um a um, nas residências, empresas e/ou bancas de revistas.

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Agora, seja a notícia que for, depois de todo esse processo, ela é o que?

A única palavra que consigo imaginar para responder isso é: Velha!

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E alguém ainda lê notícia velha? Tudo bem, pode até ler.

Mas quem paga pra ler notícia velha? Se tiver alguém ainda, em breve não terá mais.

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Eu acho que dentro do Estado de Minas esse tipo de erro aconteceu porque as novas decisões, que qualquer empresa precisa tomar, continuaram sendo tomadas por pessoas velhas. E pessoas velhas não necessariamente de idade. Mas sim, principalmente, de mentalidade.

Provavelmente, isso deve ter acontecido pelo sentimento geral que sempre ocupou o jornal. Não conheço o passado, apenas de ouvir falar. Mas é público e notório que seus proprietários sempre se consideraram acima do bem e do mal. Poderosos. As últimas balas do pacote.

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Essa pretensão, essa aura de superioridade foi tamanha que motivou a criação dos outros dois jornais da cidade, O Tempo e o Hoje em Dia.

O jornal O Tempo foi fundado por Vittorio Medioli, empresário italiano rico, muito rico, muito rico mesmo e que não gosta do Estado de Minas. Não gosta MESMO! E como ele próprio conta, montou a SEMPRA EDITORA exatamente para trazer uma nova opção para as notícias de Minas Gerais. Medioli, que de santo não tem nada, antes de abrir seu jornal, foi alvo de diversas matérias nos veículos dos Diários Associados.

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Na mesma linha, porém alguns anos antes, o jornal Hoje em Dia foi fundado pelo ex-governador de Minas Gerais, Newton Cardoso, mais rico que o rico do Meddioli, após, o Estado de Minas declarar guerra ao seu governo e realizar diversas matérias sobre a sua gestão. Tempos depois Newton vendeu o jornal à Igreja Universal, que por sua vez, dois anos atrás, vendeu novamente, desta vez para o Grupo Bel.

Infelizmente (ou não), a vida, às vezes, nos coloca em brigas injustas. Mas "nenhum império é eterno" (ainda bem).

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Ter pena da Kodak perante a revolução tecnológica da forma de fazer e revelar fotografias não rola. Ter pena de gravadoras ou fábricas de fitas k7 ou CDs perante o mercado digital de mp3 e etc, não rola também. É a mesma coisa de ter pena de grandes grupos de comunicação quando perdem o monopólio da informação. Nesse caso em especial, a minha humilde opinião é: BEM FEITO!

O mercado mudou. As ferramentas mudaram. Não soube se adaptar, um abraço! :)

Muita gente, principalmente de esquerda, fica batendo na tecla da "democratização da mídia". Às vezes, penso que esse pessoal não deve conhecer a internet. Primeiro porque informação de forma mais democrática do que acontece na internet, a meu ver, é impossível. Segundo, já está claro que a mídia tradicional perdeu essa briga, e mais dia ou menos dia, ela vai morrer se não se adaptar.

Para alguns grandes grupos, temos que tirar o chapéu. Um deles é o Grupo Folha.
Quando a internet ainda engatinhava no Brasil, com acesso discado e baixíssimas velocidades, o UOL já estava lá marcado presença forte.

Logo depois, a Globo também se movimentou. Lançou o Globo.com usando toda sua força e casting de celebridades. E também deu certo.

Foi um efeito cascata. Record com o R7. Band com o Band.com e, atualmente, até a RedeTV, que merece os parabéns por ter aprendido, como ninguém, como adaptar seu conteúdo. Atualmente, a RedeTV é o canal principal do UOL e de outros portais sobre fofocas e noticias bizarras. Nada muito diferente do seu conteúdo audiovisual.

Mas tudo na vida exige tempo, investimento e coragem.

Em Minas Gerais, temos que ser justos. O Portal UAI, dos Associados foi o primeiro site relevante. E, até hoje, é o mais acessado. Só que, mesmo assim, seus dias estão contados. Ou, se sobreviver, provavelmente o portal será o único produto salvo de todo o grupo.

Prevejo que a TV Alterosa, afiliada do SBT, deva ser vendida ao próprio SBT.

O jornal Estado de Minas deve fechar as portas. Será vendido? Muito difícil. A não ser que Newton Cardoso ou Vittorio Medioli tenham algumas dezenas de milhões para seu xeque-mate. Mas eles não são ricos à toa. Sabem que não precisam gastar dinheiro, basta esperar o óbvio – ou o óbito – acontecer.

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