Moro, o contínuo do Império?

Contínuo é aquele auxiliar para serviços gerais, office-boy. Esse deve ser o papel que a História reserva ao Juiz Sérgio Moro e aos procuradores da operação Lava-Jato

Sérgio Moro 
Sérgio Moro  (Foto: Pedro Maciel)


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Contínuo é aquele auxiliar para serviços gerais, office-boy. Esse deve ser o papel que a História reserva ao Juiz Sérgio Moro e aos procuradores da operação Lava-Jato.

E não se trata aqui de firmar oposição às operações tão necessárias das policias, especialmente as da Policia Federal, mas de buscar entender os "por quês" de tudo que está ocorrendo, suas verdadeiras causas e as consequências imediatas e mediatas.

A nossa obrigação é apoiar toda ação de natureza republicana e que represente um passo adiante na construção permanente de nossa nação, mas segundo o nosso próprio "figurino" e para atender os interesses nacionais, mas Moro e os Golden Boys do MPF estão professando certezas de além-mar, como se o Brasil fosse uma colônia do império estadunidense. Temos de manter o olhar crítico, pois nos interesse o bem comum, a justiça social e o desenvolvimento humano, além do econômico.

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A História é serva da Verdade e está, prima-irmã da Justiça, por isso com o Tempo (eterno aliado da Verdade) haverá de emergir fatos sem véus e sem a paixão presente no coração daqueles que vivem a dor pela quebra da institucionalidade através de um golpe de características únicas, um golpe que pretende manter no poder por décadas, mesmo sem votos, os servos dos interesses do império.

Mas por que Moro seria um contínuo?

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Para compreender a tese é necessário que lembremos do livro "Quem pagou a conta? ", da historiadora britânica Frances Stonor Saunders, o qual que já citei aqui no 247.

No livro ela apresenta a tese de que a instrumentalização da "cultura" foi um dos mecanismos de dominação e força dos Estados Unidos em relação a artistas e intelectuais de todo o mundo durante a Guerra Fria; fundações e o departamento de estado dos EUA financiavam todos que se incumbissem de trabalhar como multiplicadores da visão liberal do império.

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Sabemos que a dominação ainda ocorre e de outras formas, como o controle dos meios de comunicação, das artes e da cultura que influenciam e dominam, virtualmente, quase todos os povos, sobretudo no Ocidente, etc. Penso que Moro, Janot e os Procuradores da Lava-Jato foram domesticados e são dominados pelo American way off life, todos eles, pelo que li, estudaram em universidades americanas e frequentemente estão por lá.

O intelectual Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira em entrevista recente, citando o historiador John Coatsworth, disse que entre 1898 e 1994, os Estados Unidos patrocinaram, na América Latina, 41 casos de "successful" de golpes de Estado para mudança de regime, "o que equivale à derrubada de um governo a cada 28 meses, em um século", uma prova inexorável de que no país dos bravos não há amor pela democracia.

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Outro dado: após a Revolução Cubana, os Estados Unidos, em apenas uma década, a partir de 1960, ajudaram a derrubar nove governos, cerca de um a cada três meses, mediante golpes militares, como no Brasil.

Depois de 1994, outros métodos, que não militares, foram usados para destituir os governos de Honduras (2009) e Paraguai (2012), sobre o que já escrevemos aqui no 247.

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No Brasil, o impeachment da presidente Dilma Rousseff constituiu um golpe de Estado necessário a atender interesses estrangeiros, da elite financeira internacional, dos aliados de setores do empresariado, com o objetivo de regime change, apoiado pela mídia corporativa e por camadas das classes médias, sensíveis às denúncias de corrupção transformadas em reality show e há evidências, diretas e indiretas, de que os Estados Unidos influíram e encorajaram a lawfare.

Nesse contexto entra a figura obscura do juiz de primeira instância Sérgio Moro, condutor do processo contra a Petrobras e contra as grandes construtoras nacionais, segundo Moniz Bandeira, servil prepara-se para a tarefa desde 2007, nos cursos promovidos pelo Departamento de Estado; seguiu em 2008, quando participou de um programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke e em outubro de 2009, participou ainda da conferência regional sobre "Illicit Financial Crimes", promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos.

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Sabe-se que a Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, forneceu os dados sobre o doleiro Alberto Yousseff ao juiz Sérgio Moro, já treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros).

Mas, e os efeitos positivos da Lava-Jato? Devem existir e o Tempo poderá mostrar, mas hoje o que se revela é o contrário, assim como revela que o estamento burocrático é o elemento fundamental do atraso do país, exatamente porque mantém a cultura aristocrática de um passado que não pretende esquecer, tanto que se veste com mantos negros para se diferenciar, trabalha em palácios e reúne-se em cortes para arbitrar as questões que lhes são postas a decidir, sem preocupar-se com o povo, apenas com o mérito.

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Esse estamento burocrático é fruto do patrimonialismo e dele servo leal; Moro vive essa realidade. O patrimonialismo controla a economia, política e a criação das leis, além da sua aplicação e fiscalização, é disso que se trata todas as coisas que nos inquietam.

O Poder Judiciário e o Ministério Público foram ideologicamente capturados por um sistema político e econômico no qual o poder é exercido pelo grupo mais rico e aceitam com naturalidade essa concentração de poder nas mãos da elite econômica, não se incomodando que essa concentração venha acompanhada de profunda desigualdade de renda e baixo grau de mobilidade social.

Como exemplo dos "serviços" prestados por Moro podemos citar os efeitos sociais e econômicos da Lava-Jato, que em razão de seu provável compromisso e alinhamento ideológico com a plutocracia internacional, é o culpado pela perda de 140 bilhões de reais no PIB nacional em 2015.

Daí a pertinência da questão: seria Moro um continuo do império?

Mas não é só ele que vai prestar contas com a História. Segundo Moniz Bandeira outro é Rodrigo Janot, mas os comentários ficam para outro dia.

 

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