Precisamos do “muito mais do mesmo”?

A flexibilização da posse de armas no país é insistir, e radicalizar, em um modelo falido. Um dos argumentos mais usados pelos defensores da medida é, justamente, o fato do Estado não se fazer presente. Por que então não trocamos esse modelo e passamos a investir naquilo que, realmente, melhoraria as condições de segurança?

Precisamos do “muito mais do mesmo”?
Precisamos do “muito mais do mesmo”? (Foto: Marcos Corrêa/PR)


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A flexibilização da posse de armas no país é insistir, e radicalizar, em um modelo falido. Um dos argumentos mais usados pelos defensores da medida é, justamente, o fato do Estado não se fazer presente. Por que então não trocamos esse modelo e passamos a investir naquilo que, realmente, melhoraria as condições de segurança?

O Brasil precisa de investimento em inteligência, em troca de informação. Não há, por exemplo, um banco de dados comum às corporações, o que dificulta e torna mais burocrática cada operação. Além da comunicação integrada, é fundamental que haja o ciclo completo (com autonomia para que qualquer agência policial possa iniciar e encerrar o atendimento de uma ocorrência policial) e o que eu chamo de "desprivatização" do tema segurança pública.

A sociedade precisa, de maneira urgente, participar desse debate. Lamentavelmente, grande parte da bancada do tema no Congresso Nacional se divide na defesa de corporações diferentes, o que impede um olhar mais abrangente e que acaba se comprometendo com a manutenção do status quo.

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Precisamos democratizar ao máximo esse debate, investirmos na tecnologia necessária e planejar como se dará o enfrentamento aos homicídios. Várias propostas nesse sentido foram apresentadas na CPI de enfrentamento a homicídios de jovens negros e pobres, que pude criar e presidir. Há toda uma agenda legislativa com projetos para mudar todo o modelo da segurança pública esperando para ser apreciada pelo Congresso Nacional, que ainda aposta no "mais do mesmo", ou até no "muito mais do mesmo".

A proposta para a segurança pública não pode ser armar você. O cidadão não pode, e não tem condições, de ser responsável pela sua própria segurança, o que é um dever do Estado, que não tem o direito de se omitir. A segurança é pública. De nada adiantaria cada um tentar achar a sua própria, porque estaremos, todos e todas, mais em risco do que seguros. Uma série de estudos atesta isso. Um levantamento realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Stanford, por exemplo, mostra que, nos Estados Unidos, morrem duas vezes mais crianças em estados considerados "pró-arma".

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61% dos brasileiros são contra o porte de arma ser facilitado, segundo o Datafolha, que realizou pesquisa entre os dias 18 e 19 de dezembro de 2018. Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, o índice é de 55%, para um levantamento feito pelo mesmo instituto, mas realizado entre os dias 24 e 25 de outubro.

A segurança pública no Brasil tem problemas que podem ser resolvidos, ou varridos para debaixo do tapete, com uma "solução" aparentemente fácil e que pode nos prejudicar ainda mais.

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Investir na radicalização de um modelo falido é leva-lo ao seu limite, colocando em risco ainda mais inocentes, além dos que já morrem diariamente nesse bangue-bangue que se tornou a vida nas capitais brasileiras. É preciso inverter a lógica.

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