Golpismo não passará

A crise é objetivamente resultante de um entroncamento de múltiplos fatores externos e internos que requer decidido enfrentamento. Mas a sua condução cabe à presidenta da República, tendo como premissa seu mandato constitucional

A crise é objetivamente resultante de um entroncamento de múltiplos fatores externos e internos que requer decidido enfrentamento. Mas a sua condução cabe à presidenta da República, tendo como premissa seu mandato constitucional
A crise é objetivamente resultante de um entroncamento de múltiplos fatores externos e internos que requer decidido enfrentamento. Mas a sua condução cabe à presidenta da República, tendo como premissa seu mandato constitucional (Foto: Renato Rabelo)


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Grande parte do consórcio oposicionista vaticina que neste mês de agosto pode se concretizar a grande cartada para emparedar a presidenta Dilma Rousseff – impondo-lhe a sua destituição, renúncia ou rendição. Em agosto eles esperam vir à tona o que vem sendo semeado pelo golpismo em marcha.

Todo alvoroço em torno deste mês foi resultante do grande cerco que a conjuração pró-golpe quer submeter a presidenta da República, trabalhando pelo beneplácito do TCU e do TSE a favor dos seus desígnios. Além disso, a manifestação programada, nesse mesmo sentido, neste mês, lembrada e convocada insistentemente pela grande mídia, e conclamada em TV e Rádio pelo PSDB.

Tais acontecimentos são expressão do clima instituído pelas forças conservadoras da direita, reacionárias e revanchistas, desde sua derrota na eleição presidencial de 2014, numa santa aliança midiática-oposicionista. Isto confirma o curso político contínuo de um estado de golpe permanente, alimentado crescentemente pela Operação Lava Jato.

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Dando mostras às crenças relativas ao mês de agosto e ao açodado desejo dos golpistas, já o primeiro dia útil de agosto começa com a prisão de José Dirceu, que já estava preso, num verdadeiro espetáculo judicial midiático. Acontecimento estranho? Mera coincidência?

Parece que o gatilho funcionou no momento aprazado, procurando realçar com estardalhaço e circunstância, nos maiores telejornais e jornalões, que a corrupção tem a digital exclusiva do PT. A fim de fornecer "fatos" -- na lógica uniforme e unilateral praticada ruidosamente pela mídia hegemônica -- à cruzada golpista em marcha e açulando a massa sedenta pela derrubada da presidenta Dilma, fazendo-a acreditar, desse modo, que a corrupção será eliminada e o Brasil voltará ao bom destino.

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Mas por trás dessa operação lavajatiana, que confunde justiça com política e messianismo religioso, concentrando seu alvo em um partido ou corrente política, o roteiro vai sendo revelado: a narrativa se volta para apontar uma pretensa cabeça, ou "chefe maior" do mega esquema de corrupção na Petrobras...

A manifestação do procurador responsável pela prisão de José Dirceu consta para exibir gládio diante do público, com base em simples indícios montados por eles, que Dirceu é quem "instituiu o esquema de corrupção na Petrobras", desde a época em que era ministro da Casa Civil do governo Lula. E chega a afirmar que "ele [Lula] está no radar". A prisão de Dirceu seria a escalada direcionada para alcançar Lula.

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O incessante estado de golpe, ademais fomentado por uma operação policial-judicial, instrumento de forte poder estatal, trazendo incerteza porquanto não permite prever quem vai ser atingido no mundo político e empresarial, coloca em xeque a própria estabilidade da ordem politica-econômica-social. Tal situação entrelaçada é o centro de gravidade da crise atual.

Agora, pode-se constatar que a frente anti-Dilma é formada de diversas vertentes e cabeças, com poucas afinidades entre si, gerando posições dispares: uma, conspira para destituí-la já; outra, trama seu isolamento permitindo-a cumprir o seu mandato em certa condição de rendição, mas, sobretudo, procurando inviabilizar a candidatura de Lula em 2018. Neste último aspecto todo consórcio oposicionista, explicito ou enrustido, se junta.

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Nesta primeira semana de agosto no tumulto dessa crise política aguda, mas, em grande medida artificializada, corre solto o espectro do caos - o país chegou ao impasse. Um petardo é arremessado dentro do Instituto Lula, seu local de trabalho. O presidente da Câmara dos Deputados dá consequência à sua posição contrária ao governo. Não se estabiliza a oscilante situação econômica, anabolizada sua crise por interesses escusos.

O curso político tornou-se carregado de movimentos que expõem tramas e conspirações, confessáveis e inconfessáveis, daqueles que agem desenvoltos para impor soluções anticonstitucionais: os mais extremados anunciam que a "saída" -- na maior cara de pau -- é a convocação de "novas eleições". Em suma, pretendem derrubar a presidenta da República; outros, tentando salvar a cara, fazem de conta que existe a Constituição, procuram encontrar um "caminho institucional", que por meio de um "pacto" inusitado afaste a presidenta da República do protagonismo político central, cabendo a ela um papel institucional coadjuvante, em suma, a sua rendição permanente.

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Tudo isso é um modo de driblar, burlar, para realmente invalidar a Constituição. Essa é a forma atual de golpe. Antes era usual pela via manu militari. Agora, as elites dominantes conservadoras e antipatrióticas buscam numa tentativa de contraofensiva apear do poder na América Latina e Caribe as forças democráticas, progressistas e populares, que chegaram ao centro do poder e, assim, garantir a sua volta a qualquer custo.

Não! Tudo isso seria o ápice do retrocesso das conquistas democráticas alcançadas em nosso país. Para as forças conservadoras, reacionárias, antidemocráticas, fascistizantes não interessa que o país volte à condição de uma republiqueta e trunque seu processo de conquistas civilizatórias.

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A presidenta Dilma Rousseff respondeu a essas investidas anticonstitucionais de forma lúcida e veemente: "Ninguém vai tirar a legitimidade que o voto me deu". O regime é presidencialista, expresso na Constituição e reafirmado em dois plebiscitos pelo povo brasileiro. Portanto, é um mandato fixo e contínuo de quatro anos.

Sim, a crise é objetivamente resultante de um entroncamento de múltiplos fatores externos e internos que requer decidido enfrentamento. Mas a sua condução cabe à presidenta da República, tendo como premissa seu mandato constitucional. Ela deve se empenhar e persistir na construção de uma pactuação que reunifique os setores chave e os meios para governança e recomponha e amplie a sua base social.

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A persistência tendo como base a afirmação da democracia e a volta à normalidade política, isolando, sobretudo, as forças golpistas mais recalcitrantes e se apoiando na ampla maioria que anseia pelo avanço democrático, a retomada do crescimento com progresso social e soberania nacional na condução da economia. Em resposta ao "quanto pior, melhor", das forças da direita golpista, sucessivamente cresce o anseio e a luta em defesa da democracia e do Brasil.

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