Brasil afunda sem causar indignação

É surpreendente a apatia geral diante das ações do governo contrárias aos interesses nacionais. Falta indignação. Ninguém mais sai às ruas para protestar, como se todos estivessem satisfeitos e conformados com tudo o que está acontecendo

É surpreendente a apatia geral diante das ações do governo contrárias aos interesses nacionais. Falta indignação. Ninguém mais sai às ruas para protestar, como se todos estivessem satisfeitos e conformados com tudo o que está acontecendo
É surpreendente a apatia geral diante das ações do governo contrárias aos interesses nacionais. Falta indignação. Ninguém mais sai às ruas para protestar, como se todos estivessem satisfeitos e conformados com tudo o que está acontecendo (Foto: Ribamar Fonseca)


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O Brasil, que até antes dos acontecimentos que culminaram com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff representava as esperanças de um mundo melhor para brasileiros e irmãos de outros países menos desenvolvidos, após o golpe e a ascensão de Michel Temer mergulhou num processo de destruição não apenas física mas, também, da alma brasileira. A decepção, o desencanto e o desânimo, ao lado do ódio, da hipocrisia e do cinismo, parecem dominar hoje o espírito de todos. Ninguém sabe mais em quem confiar, porque até a Justiça, que deveria ser a avalista de nossas esperanças, também se deixou contaminar pelo descrédito dos homens públicos, que perderam o pudor e não mais se preocupam em esconder conchavos e negócios prejudiciais aos interesses maiores da Nação. A situação chegou a tal ponto que ficou difícil encontrar-se alguém confiável que possa substituir o ministro Teori Zavascki na relatoria da Lava-Jato.

O presidente ilegítimo Michel Temer, que vem se revelando o maior inimigo do país com medidas prejudiciais aos interesses do povo, talvez por não ter sido colocado no Palácio do Planalto por esse mesmo povo, realiza abertamente conchavos que lhe assegurem a permanência na Presidência da República. Além de jantares e recursos para emendas parlamentares e aumento de salários para setores que podem ajuda-lo em seus projetos de poder, Temer não hesita em atrair personalidades que são peças importantes para a execução dos seus planos. E parece confiante em seu movimento para escapar incólume da Lava-Jato, embora citado mais de 40 vezes pelos delatores da Odebrecht, e, também, da cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral. A presença do ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, numa reunião informal no domingo no Palácio Jaburu, vista com suspeição por todo mundo, foi justificada como um "encontro de velhos amigos de 30 anos". Essa amizade talvez explique a carona no avião presidencial para Portugal e a declaração defendendo um relator da Lava-Jato indicado por Temer. E a sua provável absolvição no TSE.

Ao mesmo tempo, o governo, que se revela a cada dia mais vira-lata, se empenha em entregar as nossas riquezas naturais para o capital estrangeiro, em particular para os Estados Unidos, assumindo abertamente uma posição vergonhosa de subserviência. Além do petróleo, que vem sendo leiloado a preço de banana para empresas estrangeiras, o que deverá culminar com a privatização da Petrobrás, já querem também entregar a base espacial de Alcântara, no Maranhão, para os americanos. A primeira tentativa, feita no governo de FHC, foi frustrada pela eleição de Lula, que impediu fosse encravada no Brasil uma base militar do Tio Sam, a exemplo da base de Guantânamo, em Cuba, um câncer que os cubanos ainda não conseguiram extirpar. E querem entregar também o controle do nosso espaço aéreo para os estrangeiros. São iniciativas de lesa-pátria, na verdade traições aos brasileiros que, atônitos, assistem a tudo isso resignados, como cordeiros a caminho do matadouro.

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É surpreendente a apatia geral diante das ações do governo contrárias aos interesses nacionais. Falta indignação. Ninguém mais sai às ruas para protestar, como se todos estivessem satisfeitos e conformados com tudo o que está acontecendo. A classe política, criminalizada pela participação de muitos dos seus membros em atividades corruptas, está mais preocupada em realizar conchavos para a eleição da mesa das duas Casas do Congresso Nacional. O Judiciário parece viver em outro planeta, indiferente a tudo e a todos, aparentemente preocupado em agradar o presidente Temer. Até as Forças Armadas, mesmo rebaixadas à condição de policia para vigiar presídios, estão quietas. Nem os generais de pijama que costumavam levantar a voz contra governos petistas se decidiram a falar em defesa da soberania do país. A grande imprensa, por sua vez, certamente por conta do generoso fluxo de verbas publicitárias, parece satisfeita com o governo, fazendo vista grossa para essas ações. Afinal, onde foi que Temer conseguiu tamanho poder para deixar todo mundo inerte e amordaçado?

O ministro Luis Barroso, do STF, em artigo publicado esta semana, reconhece que "o Brasil vive um momento difícil e grave". Na sua opinião, "parece haver uma conspiração de circunstâncias negativas". Até aí ele revela uma visão semelhante à grande maioria dos brasileiros, mas muda o foco quando acrescenta que "é possível, também, interpretar os acontecimentos como uma virada histórica na direção de um país melhor e maior". Resta saber a que acontecimentos ele se refere, que deverão levar o país para uma situação "melhor e maior": se ao golpe que derrubou Dilma, se às medidas do governo Temer ou se à Operação Lava-Jato. Por enquanto apenas ele e o governo Temer – e certamente o ministro José Serra, que quer entregar a base de Alcântara para os Estados Unidos e sorria no velório do ministro Teori Zavascki – conseguem ver o país caminhando para uma situação melhor. Os dois devem estar com algum problema de visão.

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