O que Bolsonaro, Geisel e Moro têm em comum?

"Está explicado porque Jair Bolsonaro tem conquistado muitos admiradores e eleitores: eles estão convencidos de que matar é a melhor solução para o problema da violência no Brasil", diz o colunista Ribamar Fonseca; "Qual a diferença entre essas pessoas e o general Geisel, que mandava executar os opositores do regime?", questiona; ao criticar a Justiça brasileira, em especial Sérgio Moro, ele diz que ela "não difere muito do comportamento dos presidentes da ditadura militar: estes autorizavam a morte física dos seus opositores, enquanto o Judiciário de hoje autoriza a morte moral"

"Está explicado porque Jair Bolsonaro tem conquistado muitos admiradores e eleitores: eles estão convencidos de que matar é a melhor solução para o problema da violência no Brasil", diz o colunista Ribamar Fonseca; "Qual a diferença entre essas pessoas e o general Geisel, que mandava executar os opositores do regime?", questiona; ao criticar a Justiça brasileira, em especial Sérgio Moro, ele diz que ela "não difere muito do comportamento dos presidentes da ditadura militar: estes autorizavam a morte física dos seus opositores, enquanto o Judiciário de hoje autoriza a morte moral"
"Está explicado porque Jair Bolsonaro tem conquistado muitos admiradores e eleitores: eles estão convencidos de que matar é a melhor solução para o problema da violência no Brasil", diz o colunista Ribamar Fonseca; "Qual a diferença entre essas pessoas e o general Geisel, que mandava executar os opositores do regime?", questiona; ao criticar a Justiça brasileira, em especial Sérgio Moro, ele diz que ela "não difere muito do comportamento dos presidentes da ditadura militar: estes autorizavam a morte física dos seus opositores, enquanto o Judiciário de hoje autoriza a morte moral" (Foto: Ribamar Fonseca)


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Está explicado porque Jair Bolsonaro tem conquistado muitos admiradores e eleitores: eles estão convencidos de que matar é a melhor solução para o problema da violência no Brasil, ou seja, é preciso combater a violência com violência. O exemplo vem de cima. O governador Márcio França, de São Paulo, homenageou uma policial militar porque matou um ladrão durante uma tentativa de assalto em frente a uma escola de Suzano, atitude bastante elogiada nas redes sociais. "Acima de tudo, como mãe ela deu um exemplo à sociedade", disse o governador. Belo exemplo! Matar nunca foi exemplo para ninguém, qualquer que seja as circunstâncias, muito menos para uma mãe, cuja imagem está ligada ao amor, ao carinho, à bondade, não à violência. Ela certamente cumpriu a sua função, como policial treinada para puxar o gatilho em determinadas circunstâncias, mas elogiá-la por matar alguém e considerar o assassinato um exemplo de mãe é o cúmulo.

O governador paulista não ficou, porém, apenas nesse absurdo. Em evento em Araçatuba ele afirmou que quem ofender a integridade policial está correndo risco de vida. Ele disse: "As pessoas têm que entender que a farda deles (PM) é sagrada, é a extensão da bandeira do Estado de São Paulo e se você ofender a farda está correndo risco de vida". E acrescentou: "É assim que tem de ser". Então, pergunta-se: E quem ofender a integridade de um trabalhador civil, que não usa farda? Também corre algum tipo de risco? Com esse tipo de pensamento o governador Márcio França deve ser um admirador do general Geisel e um eleitor enrustido de Bolsonaro, afinado com sua política de matança, não estando descartada a possibilidade de vir a apoiar o ex-capitão num eventual segundo turno, sobretudo se ele passar à segunda fase eleitoral com um candidato de esquerda. Pelo visto, de socialista o governador paulista não tem absolutamente nada.

A posição de Bolsonaro na corrida sucessória, sem dúvida uma surpresa para quem acreditava que a sua plataforma de violência não teria seguidores, parece refletir o desencanto da população com os políticos e o avanço da criminalidade, desencanto esse criado e estimulado pela mídia, em especial pela Globo, que criminalizou a classe política. Bolsonaro, portanto, é fruto dessa campanha da Globo que tornou o político sinônimo de corrupto, responsável por todos os problemas do país. O voto nele é uma espécie de voto de protesto, assim como a votação em "Cacareco", o rinoceronte há tempos eleito para a Câmara de vereadores de São Paulo. O problema é que a eleição de "Cacareco" não produziu consequências, porque obviamente ele não poderia exercer o mandato, ao contrário do que acontecerá se o ex-capitão homofóbico, apologista da tortura e do estupro, for eleito.

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Na verdade, o brasileiro, se deseja efetivamente o melhor para o país, precisa refletir sobre os candidatos e não se deixar conduzir pela mídia e pelo impulso. A eleição de Bolsonaro seria um desastre, não apenas por suas características de brucutu como, também, pelo seu despreparo em todos os sentidos para ocupar a Presidência da República. O ex-presidente Lula, sem dúvida, é o único que tem condições de brecar a ascensão do seguidor do coronel Ustra, conforme atestam as pesquisas, evitando que o Brasil, destroçado pelo governo Temer, perca o que sobrou do seu criminoso esquartejamento. Impedir, portanto, a candidatura de Lula nas eleições presidenciais deste ano, como pretende o consórcio Judiciário/Globo, é entregar o poder na bandeja para Bolsonaro, o homem que acha que matar opositores, como fez o general Geisel na ditadura, é apenas "um tapa no bumbum". Afinal, qual é mesmo a sua plataforma de governo, além de matar?

Lamentavelmente a atitude do governador Márcio França e a repercussão positiva nas redes sociais da morte do ladrão, uma reação preocupante em pleno século XXI, vieram demonstrar, de maneira assustadora, até onde chegou o sentimento de ódio que tomou conta do país, disseminado sobretudo pela mídia. A intolerância e o ódio obliteraram a visão de muita gente teoricamente civilizada, que imagina estar fazendo justiça quando mata alguém que se desviou do caminho e ingressou na marginalidade. Ou quando mata opositores. Qual a diferença entre essas pessoas e o general Geisel, que mandava executar os opositores do regime? Qual a diferença entre Geisel e Márcio França, que homenageia quem mata? Alguém cunhou a frase imbecil, segundo a qual "bandido bom é bandido morto". E muita gente, incluindo Bolsonaro, acredita nisso. Esquecem que todos nós somos filhos de Deus, inclusive os bandidos, quer queiram ou não.

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Na verdade, os poderes constituídos são os maiores responsáveis pela marginalidade, na medida em que não oferecem à população a infra-estrutura necessária – educação, emprego, etc. – para uma sobrevivência mais digna, o que termina encaminhando muitos para a criminalidade. Além disso, a própria Justiça, que deveria atuar no sentido de amenizar a situação, proporcionando oportunidade de ressocialização, agrava o problema superlotando os presídios. A ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo, visitou vários presídios onde ocorreram rebeliões com vítimas fatais, mas tais visitas não produziram nenhum resultado prático, a não ser maiores espaços para ela na mídia. Depois dessas visitas, surpreendentemente ela deu o voto de minerva, no plenário do Supremo, que decidiu a supressão da presunção de inocência e a prisão após a condenação em segunda instância, o que permitiu que milhares de brasileiros fossem encarcerados em todo o país antes do trânsito em julgado, agravando o problema da superpopulação carcerária. E, mais grave ainda, negou-se a reparar o erro, apontado por renomados juristas, não colocando em pauta as ADCs que questionam a constitucionalidade da decisão, simplesmente para impedir que a sua votação beneficiasse o ex-presidente Lula.

Analisando-se o comportamento da Justiça brasileira nos últimos tempos, em especial do juiz Sergio Moro, que prende por qualquer suspeita ou por convicções, chega-se à conclusão de que ela não difere muito do comportamento dos presidentes da ditadura militar: estes autorizavam a morte física dos seus opositores, enquanto o Judiciário de hoje autoriza a morte moral. O preso, mesmo por simples suspeita, é condenado imediatamente pela mídia e pode até morrer fisicamente, como o reitor Cancellier, da Universidade de Santa Catarina. E os responsáveis não sofrem qualquer punição. Em recente visita à Suprema Corte, o novo presidente do Chile, Sebastian Piñera, perguntou à ministra Carmen Lúcia: "Quando o Supremo falha, a quem recorrer?" Como ela ficou muda, ele mesmo respondeu, apontando para cima, ou seja, só Deus. Nada mais verdadeiro. Não existe no país um poder maior do que a Corte Suprema que possa punir os erros dos magistrados, sobretudo dos seus ministros, por exemplo, mas isso não significa que ficarão impunes, porque há uma justiça maior do que todos: a Justiça Divina. E dessa ninguém escapa.

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