Mesmo fora da sucessão, Lula continua sob o fogo de togados

Jornalista Ribamar Fonseca lembra que, "depois de condená-lo sem que tivesse cometido algum crime, prendê-lo em franco desrespeito à Constituição, confiscar todos os seus bens, proibi-lo de dar entrevistas, impedi-lo de ser candidato e de gravar programas eleitorais em favor do candidato do PT, a Justiça decidiu, também, proibir Lula de votar, um dos sagrados direitos de todo cidadão"; ele avalia ainda que "até o final do pleito, vão usar de todos os recursos possíveis e impossíveis para impedir que Lula chegue novamente ao poder, não mais como Presidente, mas como seu principal conselheiro"

Mesmo fora da sucessão, Lula continua sob o fogo de togados
Mesmo fora da sucessão, Lula continua sob o fogo de togados (Foto: Ricardo Stuckert)


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Depois de condená-lo sem que tivesse cometido algum crime, prendê-lo em franco desrespeito à Constituição, confiscar todos os seus bens, proibi-lo de dar entrevistas, impedi-lo de ser candidato e de gravar programas eleitorais em favor do candidato do PT, a Justiça decidiu, também, proibir Lula de votar, um dos sagrados direitos de todo cidadão. Só falta agora proibi-lo de comer, beber e respirar. Seria uma forma de matá-lo discretamente, já que no Brasil não há pena de morte legalizada, evitando desse modo que, mesmo do cárcere, ele comande as eleições. Sim, porque a única maneira de impedir que o ex-presidente influencie o pleito e eleja o  candidato que escolheu para substituí-lo será matando-o. Provavelmente muitos dos seus perseguidores gostariam de fazer isso, quem sabe simulando um suicídio como fizeram com Herzog, mas como a ditadura da toga ainda não chegou a esse estágio eles terão de engoli-lo, mesmo engasgando-se. Enquanto isso, vão utilizando todos os recursos jurídicos imagináveis para mantê-lo preso, privado de todos os direitos, mesmo conscientes de que não conseguirão impedi-lo de exercer o poder através do seu candidato que, segundo as pesquisas, será eleito Presidente no segundo turno.

A perseguição contra ele não dá trégua. O vice-procurador-geral-eleitoral Humberto Medeiros, por exemplo, recentemente pediu  ao Tribunal Superior Eleitoral para considerar ilegal a peça publicitária da campanha eleitoral do candidato petista, que diz que "Haddad é Lula". Para ele, essa marca "produz nítida desinformação, passando a mensagem de que a chapa seria composta por três nomes: dois candidatos à Presidência e uma candidata a vice". Só um eleitor imbecil imaginaria que uma chapa a Presidente tivesse três nomes. Ao encaminhar sua reclamação  ao TSE o vice-procurador-eleitoral atendeu a pedido do Partido Novo, aquele do João Amoedo, que está na rabeira das pesquisas, o que soa mais como uma brincadeira de mau gosto do que uma ação do Ministério Público, pois ninguém em sã consciência pode levar a sério semelhante medida. Já que as instâncias superiores do MPF não tomam nenhuma providência para conter a sanha persecutória de procuradores, alguém precisa dizer a esse pessoal que eles já estão passando dos limites com essa perseguição  descarada a Lula e ao PT.

O ministro Alexandre de Moraes, aliás, disse recentemente que os partidos vivem falando em democracia e liberdade de expressão e pensamento e, no entanto, sobrecarregam a Justiça com reclamações contra seus concorrentes. Não faz muito tempo, quando o senador Aécio Neves resolveu contestar o resultado da eleição em que foi derrotado e iniciou o movimento que culminou com o golpe que destituiu  Dilma Rousseff, o seu principal escudeiro, o deputado Carlos Sampaio, atulhou o Supremo de ações contra a Presidenta pelos mais variados e mesquinhos motivos: porque o avião presidencial fez escala em Portugal para reabastecimento; porque ela vestia vermelho em suas aparições na TV, etc, etc. O objetivo, conforme alegado quando pediu a recontagem dos votos, era "encher o saco". Na verdade, eles encheram foi o saco da Justiça, como se  os juízes não tivessem o que fazer. Sampaio sumiu após os problemas de Aécio com a Justiça, mas outros continuaram essa prática abusiva que revela o medo de perder nas urnas, ou seja, a "democracia do tapetão".

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Lula não está preso por outra razão: com ele livre na disputa ninguém tinha a menor chance de chegar ao Planalto. O Judiciário, porém, em todas as instâncias, se acumpliciou com as manobras para tirar o ex-presidente do pleito, desmoralizando-se porque se revelou um poder partidarizado, tomando decisões nitidamente políticas para atender interesses de grupos poderosos, especialmente da mídia, que não admitem sequer a mais remota possibilidade de Lula voltar à Presidência da República. A cada dia fica mais claro  que essa história de combate à corrupção não passou de uma cortina de fumaça para esconder o verdadeiro objetivo da Lava-Jato: a eliminação do líder petista do cenário político nacional. O juiz Sergio Moro, inclusive, responsável pela condenação e prisão de Lula mediante escandalosa armação denunciada por juristas nacionais e internacionais, em recente despacho disse que "não há prova de que os recursos obtidos pela OAS com o contrato com a Petrobrás foram especificamente utilizados para pagamento ao Presidente", o que lança por terra a justificativa para a sua prisão. Ainda assim, ele é mantido como preso político, ao mesmo tempo em que tentam impedir o uso da sua imagem na campanha do seu candidato. Estranhamente, porém, candidatos de outros partidos, inclusive do MDB e PSDB, usam a sua imagem sem serem incomodados.

A verdade é que até o final do pleito vão usar de todos os recursos possíveis e impossíveis para impedir que Lula chegue novamente ao poder, não mais como Presidente, mas como seu principal conselheiro. Por isso, a mídia, sobretudo a Globo, intensificou o ataque a Fernando Haddad, com o objetivo de impedir que ele chegue ao segundo turno e possa ser eleito, aglutinando as forças progressistas em torno da sua candidatura. Paralelamente, a mesma turma que criminalizou o ex-presidente com acusações infundadas de corrupção, vai tentar, nestes poucos dias que nos separam do pleito, encontrar algo que possa permitir o enquadramento do ex-prefeito paulista e, desse modo, impedi-lo de concorrer ou, pelo menos, subtrair-lhe alguns votos. Os togados, que tudo fizeram para eliminar Lula da vida pública, parecem desapontados ante a possibilidade de vitória do candidato petista, o que significará uma vitória do próprio ex-presidente e a consequente derrota de todos os que deram a sua contribuição para colocá-lo na prisão. Será, porém, muito difícil evitar o que parece inevitável, porque o povo já tem consciência da perseguição movida contra ele e pretende manifestar toda a sua indignação nas urnas.

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