Deus tenha misericórdia desta Nação

O jornalista Ribamar Fonseca afirma que, diante de um governo tão fora de qualquer padrão republicano, resta pedir misericórdia a Deus e torcer, não para o sucesso de ninguém, mas pelo brasileiro trabalhador; ele diz: "muita gente, inclusive quem não votou em Bolsonaro, torce para que ele faça um bom governo, mas ninguém acredita nessa possibilidade, porque um Presidente construído sobre mentiras, as chamadas fakenews, que influenciaram grande parte da população, não conseguirá governar sobre verdades" 

Deus tenha misericórdia desta Nação
Deus tenha misericórdia desta Nação (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil )


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Qualquer pessoa que tenha um pouquinho de conhecimento das religiões sabe que  no Universo nada acontece por acaso, sem a permissão de Deus. Diante disso, é fácil concluir que se o capitão Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil é porque a sua eleição teve a permissão de Deus. Então, de imediato surge uma pergunta: se Deus é onisciente e sabe, portanto, tudo o que  vai acontecer no governo Bolsonaro – nós, pobres mortais, diante dos sinais emitidos até agora já concluímos que poderá provocar  um imenso desastre – por que, então,   permitiu que ele fosse eleito? Obviamente ninguém pode questionar os desígnios de Deus, mas podemos pelo menos  tentar compreendê-los. A primeira conclusão é a de que se Deus permitiu a eleição do capitão, cuja lisura é questionada por alguns, deve ter um objetivo positivo que nós desconhecemos.

        Será que o  Senhor da Vida anteviu que Bolsonaro, com a sua campanha de ódio, criaria no país um clima capaz de permitir que os maus instintos das pessoas aflorassem, convencidas de que estariam protegidas pelo novo presidente, a quem aplaudiam entusiasticamente  todas as vezes em que falava em matar, empunhando armas imaginárias? O fato é que os fascistas, racistas, entreguistas, homofóbicos, misóginos, etc, saíram do armário, expondo publicamente  e sem pudores os seus piores instintos, que sempre tiveram o cuidado de esconder, dissimulando-os. E já estão fazendo vítimas, inclusive fatais, prenunciando dias sangrentos em futuro próximo se o presidente eleito cumprir sua promessa de campanha de facilitar o armamento da população. Mas qual o benefício que isso traria ao país? Uma limpeza moral, provavelmente porque com a exposição dessas pessoas será mais fácil separar o joio do trigo, expurgando-as para o espaço marginal que merecem na sociedade. Sem elas participando ativamente da vida da Nação, inclusive  em postos de mando,  o país e o mundo sem dúvida serão bem melhores.

        Isso, porém, não seria tudo. Como quase ninguém mais tem dúvidas da catástrofe que será o governo Bolsonaro, conforme é fácil perceber pelas medidas já anunciadas que evidenciam a falta de um projeto de governo – tem-se a impressão de que tudo é improvisado a partir de conversações de bastidores – o povo precisará sofrer na pele as dolorosas consequências do seu voto, para aprender a não dar crédito a tudo o que circula nas redes sociais e  a separar as mentiras das verdades. Há um velho axioma que diz que “todo povo tem o governo que merece”, o que se aplica bem no caso do nosso país, onde foi o povo quem colocou Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, embora haja restrições sobre a lisura do pleito.  O problema é que a parcela da população que não votou nele também sofrerá as mesmas consequências, mesmo não tendo contribuído para isso. Não seria uma injustiça? Provavelmente não, porque é preciso, ao mesmo tempo, consolidar nestes o discernimento entre o bem e o mal, assimilando a lição oferecida agora para não incorrer no mesmo êrro no futuro. O importante é que todos aprendam a lição.

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        A vida é feita de altos e baixos, de avanços e recuos, conforme se pode constatar na história da Humanidade.  Conquistas e retrocessos foram registrados ao longo dos séculos, em todos os quadrantes do Globo, mas a Humanidade seguiu a sua marcha evolutiva, chegando ao século XXI com um extraordinário saldo positivo, apesar de não ter ainda exorcizado de vez o fantasma da guerra. Mas sempre depois de um período de retrocesso, como ocorreu na Idade Média, vem uma época de grandes conquistas. No Brasil, após a ditadura militar, experimentou-se um extraordinário avanço em todas as áreas, especialmente nos governos petistas. Mergulhamos, porém, em novo retrocesso com o golpe que destituiu a presidenta Dilma Roussef e promoveu a ascensão de Michel Temer com a cumplicidade do Judiciário. E as perspectivas para os próximos quatro anos são sombrias, a não ser que algo inesperado possa mudar o rumo dos acontecimentos. De qualquer modo, após os próximos quatro anos deveremos ter um longo período de progresso, pois as dores inevitáveis levarão o povo a melhor discernir sobre os candidatos e escolher melhor o próximo governante.

        Muita gente, inclusive quem não votou em Bolsonaro, torce para que ele faça um bom governo, mas ninguém acredita nessa possibilidade, porque um Presidente construído sobre mentiras, as chamadas fakenews, que influenciaram grande parte da população, não conseguirá governar sobre verdades. Tem-se a nítida impressão de que é tudo falso, inclusive as fotos distribuídas por sua assessoria que o mostram lavando suas próprias roupas. Além disso, as medidas insistentemente anunciadas, que incluem a entrega do que sobrou de nossas estatais para os estrangeiros, não são nada animadoras, ao contrário da pesquisa da Datafolha segundo a qual 65% dos brasileiros acreditam que a vida vai melhorar. Não se consegue sentir esse otimismo nas ruas. E mais: além do fato de que vários dos seus ministros estão enrolados com a Justiça, o capitão-presidente já começará muito mal o seu governo se não esclarecer as atividades do ex-motorista e ex-assessor do seu filho na Assembléia Legislativa do Rio. Onde está o Queiroz? Por que até agora não foram atrás dele? Se essa história continuar obscura desmorona todo aquele negócio de combate à corrupção. E Moro também perde a pose. Diante, portanto, das perspectivas sombrias, só nos resta repetir a frase do então deputado Eduardo Cunha, quando aprovou o impeachment de Dilma: “Deus tenha misericórdia desta Nação”.

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