Prendem o corpo, mas as ideias ninguém consegue encarcerar

Jornalista Ribamar Fonseca escreve em novo artigo que "o corpo [de Lula] pode estar encarcerado, mas a sua ideia se expande e se fortalece junto à massa trabalhadora que, ordeira, tem assistido indignada às injustiças cometidas contra o seu líder maior"; "Ninguém sabe, porém, até quando o povo continuará como mero expectador, porque diante das últimas decisões da Justiça, inclusive impedindo o ex-presidente de comparecer ao velório e enterro do seu irmão, já existe uma disposição para que os trabalhadores ocupem as ruas exigindo a sua libertação", diz ele

Prendem o corpo, mas as ideias ninguém consegue encarcerar
Prendem o corpo, mas as ideias ninguém consegue encarcerar (Foto: Ricardo Stuckert)


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A doutora Gabriela Hardt, que substituiu o ex-juiz e agora ministro Sérgio Moro na Vara de Curitiba, seguiu à risca o roteiro deixado por ele: condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão por conta de obras realizadas no sítio de Atibaia que, por acaso, não é dele. Não houve surpresa. A farsa é a mesma do triplex do Guarujá, que também não pertence ao ex-presidente, porque todo mundo já sabia que, cumprindo o planejamento dos americanos, era preciso, numa primeira etapa, impedir Lula de voltar à Presidência da República de qualquer maneira e, numa segunda fase, eliminá-lo definitivamente da vida pública. Como no Brasil não existe pena de morte, que já teria permitido aos seus perseguidores condená-lo à pena capital, encontraram uma maneira de matá-lo legalmente: com várias condenações, que corresponderão à prisão perpétua, ele deverá morrer no cárcere, pois, ao contrário de Mandela, foi preso já em idade avançada. Considerando a sua liderança, que lhe permite mobilizar as massas mesmo da prisão, Lula vivo será sempre um perigo para os novos donos do poder, em especial para os americanos, que sabem que perderão o nosso petróleo se o ex-presidente voltar ao Planalto.

Na verdade, foi tudo minuciosamente planejado para eliminar qualquer chance do líder petista de voltar ao poder, o que explica a abertura de vários inquéritos ao mesmo tempo: se ele conseguisse ser absolvido num deles seria condenado em outro imediatamente. Como os tempos atuais não mais comportam golpes militares, os americanos inventaram novas fórmulas para derrubar governos e líderes nacionalistas, utilizando para isso as leis, o chamado lawfare, e as redes sociais, com a cumplicidade dos nativos vira-latas. No Brasil são muitos, mas o principal deles foi o ex-juiz e hoje ministro Sérgio Moro, além dos tucanos FHC, Aécio Neves, José Serra e Pedro Parente. A mesma estratégia está sendo executada na Venezuela, onde estão usando o vira-lata Juan Guaidó, há tempos selecionado e preparado nos Estados Unidos para o papel de opositor, instrumento para derrubarem Nicolás Maduro e colocarem as mãos nas enormes reservas de petróleo daquele país. Parece que lá, no entanto, a execução do plano não é tão fácil como foi no Brasil, onde destituíram a presidenta Dilma Rousseff e prenderam Lula, razão porque Trump já ameaça com uma invasão militar. O problema é que Maduro não está só: ele tem o apoio da China e da Russia, o que praticamente inviabiliza uma invasão.

A surpresa da sentença da juíza Hardt ficou por conta do tempo da condenação – 12 anos e 11 meses – o que tirou da turma do Tribunal Regional Federal da 4ª região, em particular do desembargador Gebran Neto, o prazer de mais uma vez aumentar a pena do ex-presidente, única e exclusivamente para evitar a sua prescrição. Ninguém mais tem dúvidas de que o objetivo dos justiceiros é deixá-lo morrer no cárcere, impedindo-o de voltar a viver em liberdade, mesmo se conseguisse ultrapassar os 90 anos. Todos os algozes de Lula – todos – acreditam que a vida acaba com a morte do corpo físico e, portanto, ele simplesmente desaparecerá com o seu passamento. Teriam, assim, cumprido a sua missão. Ocorre, no entanto, que o espírito é imortal, o que significa que ele continuará vivo em outra dimensão, de onde deverá assistir, provavelmente penalizado, as dores de consciência dos seus perseguidores. Vale a pena lembrar o que disse Jesus: "A cada um segundo as suas obras". Todos, ao término do seu tempo aqui na Terra, terão de prestar contas de suas maldades à Justiça Divina que, ao contrário da Justiça dos homens, não tem partidarismos, compadrios nem teme tanques. Como disse em um dos seus livros o saudoso escritor Humberto de Campos, "as mãos que hoje cortam a felicidade alheia serão recolhidas, amanhã, como galhos ressequidos".

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Antes de se entregar à Polícia Federal, um erro incentivado pelo ex-ministro José Eduardo Cardozo, Lula disse em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos que deixará de ser um homem para ser uma ideia. Portanto, o seu corpo pode estar encarcerado, mas a sua ideia se expande e se fortalece junto à massa trabalhadora que, ordeira, tem assistido indignada às injustiças cometidas contra o seu líder maior. Ninguém sabe, porém, até quando o povo continuará como mero expectador, porque diante das últimas decisões da Justiça, inclusive impedindo o ex-presidente de comparecer ao velório e enterro do seu irmão, já existe uma disposição para que os trabalhadores ocupem as ruas exigindo a sua libertação. Na verdade, parece que hoje, com a perda da confiança na Justiça brasileira, as lideranças populares chegaram à conclusão de que só com uma mobilização geral das massas em todo o país será possível libertar o ex-presidente. Todos os recursos legais para reparar a injustiça já foram tentados, sem sucesso, pelos seus advogados, porque o Supremo Tribunal Federal, que deveria ser o guardião da Constituição, é o primeiro a estuprá-la para manter Lula na prisão. Percebe-se agora que todos já estão convencidos de que sem uma mobilização popular capaz de estremecer este país o grande líder não sairá da prisão.

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