Governo alicerçado em fakenews não resiste aos ventos

"Em pouco mais de dois meses de empossado o novo governo parece já estar em final de mandato, sem ter apresentado uma única proposta que sugira algum benefício ao povo e ao país", avalia o jornalista Ribamar Fonseca, sobre o governo de Jari Bolsonaro; "O recente massacre de estudantes em Suzano parece consequência do ódio disseminado no país pela mídia tradicional e redes sociais e, também, pelo próprio candidato do PSL que, sempre empunhando armas imaginárias, arrancava urros da multidão todas as vezes em que falava em matar, especialmente petistas", diz Fonseca

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"Cada povo tem o governo que merece". Esse velho adágio parece feito sob medida para o Brasil de hoje, cujo presidente foi fruto de um surto de parte da população, que se deixou manipular pela enxurrada de fakenews disseminadas nas redes sociais e acreditou ter votado no salvador da Pátria. Muitos desses eleitores, arrependidos e envergonhados, já perceberam que foram enganados, mas não têm coragem de assumir que se tornaram co-responsáveis pelo desastre Bolsonaro. Em pouco mais de dois meses de empossado o novo governo parece já estar em final de mandato, sem ter apresentado uma única proposta que sugira algum benefício ao povo e ao país. Muito pelo contrário, todas as medidas até agora anunciadas e algumas em execução só causam prejuízos à Nação e ao povo, inclusive à nossa soberania, como, por exemplo, a reforma da Previdência, o pacote anti-crime, a transferência da embaixada em Israel, a hostilidade à China, a entrega da questão de terras aos ruralistas, a doação da Embraer à Boeing, a entrega da Base Espacial de Alcântara aos Estados Unidos, etc, etc. Para completar o quadro de caos, registre-se as frequentes crises provocadas pelo próprio capitão-presidente, que obrigam a permanente intervenção dos militares para tentar minimizar os estragos.

Infelizmente, porém, a coisa é muito pior do que aparenta. O candidato que durante a campanha eleitoral alardeava o combate à corrupção no seu governo e a extinção da política de indicação política para cargos no toma-lá-dá-cá, o que certamente entusiasmou seus eleitores, se comporta hoje exatamente igual aos que criticava, montando um verdadeiro balcão de negócios no Congresso Nacional para aprovação das suas reformas. E, mais grave ainda, além de nomear para o seu ministério acusados de caixa dois e de desvio de recursos do Fundo Partidário, seu filho senador emergiu no noticiário como suspeito de envolvimento com milicianos, entre os quais estariam os que foram presos esta semana sob a acusação de executores da vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio. Se todos esses problemas, que dominam o noticiário da imprensa nacional e internacional, não forem devidamente esclarecidos – incluindo o caso de Fabrício Queiroz, ex-assessor do então deputado Flávio Bolsonaro, que movimentou R$ 1 milhão suspeito – Bolsonaro, segundo vários prognósticos, não deverá permanecer muito tempo no Palácio do Planalto. Afinal, um governo alicerçado em fakenews é como uma casa construída sobre a areia: não consegue resistir por muito tempo aos fortes ventos.

Isso tudo, no entanto, não parece abalar o capitão-presidente, que na próxima semana deve se encontrar com o presidente norte-americano Donald Trump, seu ídolo e chefe. Na oportunidade, ele deverá entregar ao arrogante e tresloucado governante do império do Norte o que sobrou da Petrobrás, depois de destruída por Sergio Moro, José Serra, Michel Temer e Pedro Parente, levando junto a Base Espacial de Alcântara, no Maranhão, sem um gemido das Forças Armadas e do governador e representantes daquele Estado no Congresso Nacional. Na verdade, após a entrega da Embraer à Boeing americana, com a aprovação dos militares, nada mais surpreende nesse entreguismo escandaloso que vem caracterizando os nossos governantes desde o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff. Tem-se a impressão de que eles assumiram o poder com o único e exclusivo objetivo de satisfazer os projetos norte-americanos de predomínio no continente sul-americano, com danos quase irreparáveis à nossa soberania. E muitos se perguntam, perplexos: por onde andam os nossos militares nacionalistas?

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Constata-se, com pesar, que os acontecimentos negativos estão se atropelando em nosso país desde o início do governo Bolsonaro. O recente massacre de estudantes em Suzano, São Paulo, embora não tenha nada diretamente relacionado com o governo do capitão, parece consequência do ódio disseminado no país pela mídia tradicional e redes sociais e, também, pelo próprio candidato do PSL que, sempre empunhando armas imaginárias, arrancava urros da multidão todas as vezes em que falava em matar, especialmente petistas. Depois que ele tomou posse a violência cresceu no país, inclusive os feminicídios, porque os seus seguidores provavelmente entendem que estão certos ao compartilhar as idéias do presidente. Com os seus discursos de ódio ele conseguiu despertar os piores instintos dos seres humanos de juízo fraco, tirando do armário os monstros escondidos no inconsciente de muita gente aparentemente normal. Ainda assim, apesar da ameaça de incremento da violência com a liberação da posse de armas, Bolsonaro anunciou um próximo decreto flexibilizando o porte, contrariando o entendimento da maioria quanto aos perigos representados pela disseminação das armas. Por mais incrível que possa parecer, o senador Major Olímpio, do mesmo partido do presidente, defendeu o armamento de professores e funcionários das escolas. Na visão vesga dele, se os professores da escola de Suzano estivessem armados o massacre não teria acontecido. A oposição precisa sair do discurso e ocupar urgentemente às ruas para impedir absurdos como esse.

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