No País das milícias e do desemprego, 1º de maio é dia de luto e de luta

"Nada temos a comemorar no Dia do Trabalho neste país hoje comandado pelas milícias bolsonaristas, que em quatro meses de governo só fizeram aumentar o desemprego, o desalento e a miséria", diz Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia; ao pedir união da esquerda, ele crava: "vamos nos lembrar de todas as lutas pela Anistia, pelo Estado de Direito, pela volta dos exilados, pela Constituinte"

No País das milícias e do desemprego, 1º de maio é dia de luto e de luta
No País das milícias e do desemprego, 1º de maio é dia de luto e de luta (Foto: Esq.: Adriano Machado - Reuters / Dir.: em cima (ABR))


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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do kotscho e para o Jornalistas pela Democracia

Cá estou trabalhando mais uma vez no feriado, mas não me queixo.

Ainda bem que posso acordar todo dia de manhã para fazer algo produtivo, mesmo que a remuneração seja a mais baixa em mais de meio século de carreira.

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Escrever todo dia é uma forma de me manter vivo, ligado aos outros e ao mundo, dialogar com os leitores para buscar novos caminhos em meio à escuridão, sem esquecer o que já fizemos antes, nem faz tanto tempo, para o Brasil ter orgulho do Brasil.

Nada temos a comemorar no Dia do Trabalho neste país hoje comandado pelas milícias bolsonaristas, que em quatro meses de governo só fizeram aumentar o desemprego, o desalento e a miséria.

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A cada dia que passa, tem menos gente trabalhando com carteira assinada e mais brasileiros desempregados.

Esta semana, o IBGE anunciou que mais de 1 milhão de postos de trabalho foram perdidos este ano após a posse do capitão, batendo o recorde de 13,4 milhões de desempregados.

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Outros 28,3 milhões sobrevivem em subempregos temporários e 43% da força de trabalho está na “informalidade”, ou seja, vendendo comida e bugigangas nas esquinas.

Mas, em meio a toda esta desgraça, hoje temos uma notícia boa: pela primeira vez na história, todas as centrais sindicais brasileiras se uniram nas celebrações de 1º de Maio.

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E tem mais: Bolsonaro operou o milagre de colocar no mesmo palanque Fernando Haddad, Ciro Gomes e Guilherme Boulos, que disputaram as últimas eleições presidenciais.

Se as centrais sindicais conseguiram se entender de forma inédita, por que partidos de oposição e seus líderes não podem também se unir contra este desgoverno de celerados e irresponsáveis, que está destruindo o país?

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Como sou amigo dos três líderes, acho que tenho o direito de fazer este apelo: vamos nos unir, antes que seja tarde demais.

Quem sabe, o Brasil dos trabalhadores não possa, neste dia de sol e música nas praças, dar um chega pra lá nos usurpadores do poder e mostrar que, apesar do luto, há luta.

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Luto e luta sempre caminharam juntos neste país ciclotímico, que apenas cinco anos atrás tinha pleno emprego e era um os mais admirados do mundo.

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Vamos nos lembrar do que fizemos em 1984, quando poucos acreditavam que seria possível colocar todo povo nas ruas contra a ditadura, na campanha das Diretas Já, que marcou o fim do período militar.

Vamos nos lembrar de todas as lutas pela Anistia, pelo Estado de Direito, pela volta dos exilados, pela Constituinte.

Vencemos todas, mas agora nos sentimos derrotados, com a volta ao poder das mesmas forças que deram o golpe de 1964.

Como diz um amigo meu: não reclama, pelo menos ainda estamos respirando…

Enquanto não nos tirarem o ar, vamos tentar tudo de novo, não há mal que sempre dure.

Eles ainda têm muito medo de nós. Esta é a maior prova da nossa força e da fraqueza deles.

Por isso, ainda ontem o capitão avisou que vai pressionar a Justiça para manter o Lula preso, como se o país não tivesse uma Constituição, com a independência dos poderes.

Por isso, eles se tornam cada vez mais violentos e tentam nos botar medo, mas não vão conseguir.

Por isso, querem acabar com nossas universidades públicas, com as centrais sindicais e os movimentos sociais.

É ali que está o nosso futuro, dos nossos filhos e netos, a nossa esperança, que não pode morrer.

Ninguém vai matar nosso futuro se conseguirmos nos unir e construir um projeto comum de nação livre, soberana e justa.

Moços e velhos podem ter certeza de uma coisa: nunca é tarde para começar ou recomeçar.

A vida é assim mesmo, um eterno ganha e perde, sobe e desce, esfria e esquenta.

Nós ainda vamos ganhar esta batalha, eu acredito, embora septuagenário. Hoje pode ser o primeiro dia de um tempo novo.

Lembro sempre a frase do meu amigo Eduardo Campos, um dia antes de morrer, quando era candidato a presidente em 2014: “Nós não podemos desistir do Brasil”.

Vamos nessa, que vale a pena.

Vida que segue.

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