Bolsonaro ignora Globo e faz demagogia com a Previdência

"O mais importante na entrevista que o capitão presidente não foi o que ele falou – foi o fato de ter esnobado a Rede Globo, até então a queridinha de dez entre dez presidentes eleitos", diz o colunista Ricardo Melo, da rede de Jornalistas pela Democracia."Os irmãos Marinho devem ter passado a noite em claro fazendo as contas de quanto perderão em publicidade oficial. Finalmente vão ter que trabalhar um pouco"; sobre o conteúdo, Melo lembra ainda que, na questão da Previdência, Bolsonaro posou de defensor dos pobres, enquanto destrói conquistas sociais

Bolsonaro ignora Globo e faz demagogia com a Previdência
Bolsonaro ignora Globo e faz demagogia com a Previdência (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)


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Por Ricardo Melo, para o Jornalistas pela Democracia - O mais importante na entrevista que o capitão presidente não foi o que ele falou –trataremos disso logo abaixo. Foi o fato de ter esnobado a Rede Globo, até então a queridinha de dez entre dez presidentes eleitos. Junto com a Record, o SBT (já apelidado de Sistema Bolsonaro de Televisão) virou o porta-voz oficial da ditadura cívico-militar instaurada em primeiro de janeiro. Os irmãos Marinho devem ter passado a noite em claro fazendo as contas de quanto perderão em publicidade oficial. Finalmente vão ter que trabalhar um pouco.

Vamos ao conteúdo. O que mais chamou a atenção, claro, foi a questão da aposentadoria. Diferentemente da equipe de seu posto Ipiranga, o especulador Paulo Guedes, Bolsonaro posou de defensor dos pobres e dos velhinhos. Defendeu uma reforma aparentemente mais suave do que a proposta pelo golpista Michel Temer e defendida pela turma econômica que assumiu. Será manchete inevitável na mídia.

Dá pra acreditar?

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A política se faz no atacado e no varejo. Quanto ao atacado, não há dúvida de que o novo governo tem um programa muito claro: atacar conquistas sociais, submeter o país ao jugo americano e calar a oposição, movimentos sociais, minorias e imprensa. Problema: o Brasil vive uma situação peculiar. Tem instituições formalmente democráticas. Uma Constituição esfrangalhada, mas ainda respirando; um judiciário servil, mas com focos de resistência; uma oposição claudicante, mas dona da maior bancada da Câmara.

Acima disso, o país tem uma população repleta de desempregados, endividados, desesperados mesmo com o presente e o porvir. A maioria do Brasil, ao se somar os votos contra Bolsonaro, nulos, brancos e abstenções, não votou nesse pessoal que assumiu o Planalto.

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Fosse apenas o atacado, a solução seria fácil: tanques na rua, opositores na cadeia e o receituário aplicado em 1964. O mundo dos sonhos de muita gente que hoje está no poder. É aí que entra o varejo, sem o qual o atacado não fica em pé.

Sem falar da “famiglia” no poder –o pai e três “garotos”-- a equipe escolhida para “vender o peixe” bolsonarista é uma mistura de amadores, alucinados, transtornados, acusados de corrupção, candidatos a genocidas e tudo o mais que de pior poderia existir.

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Uma Torre de Babel tupiniquim.

O chanceler quer distância da China e aliança com Deus; o vice-presidente elogia o parceiro oriental. O chefe do GSI, autor de um verdadeiro massacre no Haiti, proíbe maçãs e celulares de jornalistas; ministros reclamam do cerco à imprensa. A ministra dos Direitos Humanos vê Jesus em pés de goiaba e quer dividir gêneros pela cor da roupa; Bolsonaro diz que ninguém será discriminado. Na Educação, as divergências implodiram a equipe formada na transição. Ah, sem falar do Lorenzoni, acusado de caixa dois e que demite em massa para “despetizar” uma administração que há dois anos vem sendo dirigida por... Michel Temer! Os exemplos são tantos e estapafúrdios que não cabem sequer em várias páginas da internet.

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As turbulências, que já se sabiam inúmeras, prometem ser muito maiores do que as previstas. E novidades vindas de fora só fazem aumentar a temperatura. O “Deus Trump”, assim batizado pelo chanceler aloprado, está prestes a enfrentar um processo de impeachment após perder a maioria para o partido Democrata na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. É o que reportam os principais jornais da imprensa americana. Sem o Deus Trump acima de todos, a “famiglia” corre o risco de ficar com a broxa na mão mais cedo do que imaginava.

 

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