Sabotagem do trabalho do INPE na Amazônia exala cheiro de propina no MMA

Corre no setor de sensoriamento remoto por satélites o rumor de que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles prepara um sistema alternativo para monitorar o desmatamento no país, com a assessoria de imprensa da pasta não confirmando e nem desmentindo a informação



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O jornalista Marcelo Leite, especializado em ciência e meio ambiente, destacou no jornal Folha de São Paulo, neste domingo, 31/03, uma notícia que pode virar motivo de imediata repulsa nacional e internacional por atingir em cheio a fiscalização dos crescentes desmatamento e devastação da Amazônia, dona da maior, mais rica e mais bonita floresta tropical do mundo, essencial para o equilíbrio climático do planeta, entre outros grandes benefícios que seus ativos ambientais trazem para a humanidade.

Revela o colega jornalista que corre no setor de sensoriamento remoto por satélites o rumor de que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles prepara um sistema alternativo para monitorar o desmatamento no país, com a assessoria de imprensa da pasta não confirmando e nem desmentindo a informação.

Segundo o artigo do jornalista na Folha (ler AQUI), a senha das más intenções de Salles com a Amazônia foi dada terça-feira (27) da semana passada em uma de suas twitadas, dada nos dois dias antes de exonerar o fiscal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que ousara autuar Jair Bolsonaro por pesca ilegal sete anos atrás.

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Salles escreveu em seu twitter que, “em reunião do Censipam – Conselho do Sistema de Proteção da Amazônia - estamos delineando as estratégias e ações para monitoramento e combate ao desmatamento ilegal!” O jornalista lembrou que o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia é uma instalação do Ministério da Defesa e que se a iniciativa do ministro vingar, “implicará gastos de milhões de dólares para duplicar algo que já é feito pelo próprio governo federal, e mais barato”.

Marcelo Leite também lembra que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), subordinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), usa satélites para medir derrubadas na Amazônia desde 1988. São os sistemas Prodes (taxas anuais oficiais de desmatamento) e Deter (mais recente, que faz alertas de curto prazo de desmates ilegais para mobilizar a fiscalização).

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Na opinião do colega, o INPE granjeou reputação internacional operando essa tecnologia para extrair de imagens de satélite informações sobre mudanças no uso da terra. E na semana passada, por exemplo, o coordenador do programa no Inpe, Claudio Aparecido de Almeida, estava em Montpellier (França) para dar palestra sobre os sistemas.

Da mesma forma, o jornalista lembra que o Deter, que deu agilidade à fiscalização do Ibama na Amazônia e agora também cobre o Cerrado, utiliza imagens dos satélites sino-brasileiro CBERS, que são gratuitas. No Prodes se empregam dados da série Landsat, ao custo aproximado de US$ 150 mil (R$ 585 mil) anuais.

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Aí, vem o mais importante da denúncia do jornalista na Folha. “Ocorre que o sistema almejado por Salles envolveria imagens da empresa norte-americana Planet, que já pôs em órbita 331 satélites e tem hoje cerca de 150 em operação. A resolução espacial oferecida pela Planet vai de 3m a 5m, contra 30m e 64m no Prodes e no Deter, respectivamente”, assinala Leite.

Para prosseguir, adiante: “Só que essa acuidade toda tem um custo. Alguns usuários da Planet, a depender do pacote contratado, pagam coisa de um dólar por quilômetro quadrado. Numa conta de mesa de botequim, cobrir o território nacional inteiro implicaria gastar a cada ano US$ 8,5 milhões (R$ 33 milhões)”. O que significa uma despesa 55 vezes maior que o gasto atual do Inpe, com a grande diferença de que o instituto deixa as imagens à disposição de toda a comunidade de sensoriamento remoto e sistemas geográficos de informação.

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O jornalista Marcelo Leite vai mais longe ao ressaltar que, à primeira vista, uma resolução melhor permitiria detectar mais áreas de desmatamento, aquelas de tamanho inferior à resolução do Deter e do Prodes. “Só que faz mais sentido pôr a fiscalização no encalço dos maiores devastadores, e o Inpe já demonstrou que, com os sistemas atuais, consegue identificar onde ocorre mais de 95% da área devastada”, assinala.

Por fim, o jornalista aconselha que o colega de gabinete do ministro Ricardo Salles no Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o ministro e ex-astronauta Marcos Pontes, “deveria vir a público dizer o que pensa dos planos do MMA (Ministério do Meio Ambiente) de controlar o monitoramento da devastação, sabotando o trabalho de décadas do Inpe”.

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Condenado em dezembro passado pela Justiça de São Paulo por improbidade administrativa e por prática de crime ambiental, ao fraudar o processo do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em 2016, quando era secretário de Meio Ambiente do governo tucano de Geraldo Alckmin (ler AQUI), Ricardo Salles pode entrar novamente na mira do Ministério Público, desta vez no âmbito federal, pois ele agora é ministro do desgoverno de Bolsonaro.

Isso pode perfeitamente ocorrer porque o seu desejo não tem a menor noção ou muito menos razão técnica, financeira ou científica para beneficiar com contrato milionário uma empresa norte-americana, justamente contra o serviço patriótico, eficiente e barato do INPE de ajudar a salvar o maior patrimônio em biodiversidade da Terra, como é o caso Amazônia brasileira.

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Além de caríssimo, tal contrato deixaria nas mãos dos gringos colonizadores a própria existência do patrimônio tão essencial à vida no planeta. Para procuradores do MPF, toda essa história também exala no MMA brasileiro forte cheiro de propina. Desgraça que, a rigor, há 519 anos, alimenta grande parte dos políticos e dos três poderes da republiqueta brasileira, considerada uma das campeãs mundiais de impunidade. (Site www.expressoamazonia.com.br)

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